Com sete mortes e 82 mil casos da doença desde o início do ano, a cidade do Rio de Janeiro anunciou, nesta sexta-feira (29), o fim da epidemia de dengue na cidade, diante da melhora dos indicadores epidemiológicos nas últimas semanas.  O município chegou a registrar 2,6 mil casos de dengue por dia e já teve 500 casos graves que precisaram de internação. Apesar dos números iniciais, essa foi a epidemia com menor taxa de letalidade do Rio,, segundo informou a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Nas últimas semanas, o panorama vem se modificando, caindo para 500 casos da doença por dia. O pior período da epidemia no Rio de Janeiro foi entre 18 e 24 de fevereiro, quando a cidade registrou 13.511 casos. Desde então, o município vem apresentando queda, segundo a SMS. Na última semana com os dados consolidados (17 a 23 de março), foram 5.395 ocorrências, uma redução de 33% em relação à semana anterior.

“Houve um esvaziamento nos polos de atendimento para a dengue. Então, a gente já pode dizer que deixa o período epidêmico e a emergência de dengue na cidade”, afirmou o secretário municipal de Saúde Daniel Soranz.

Terminado o estado de emergência de saúde pública por dengue na cidade do Rio de Janeiro, a partir deste domingo (31) todos os 11 polos de atendimento de dengue – que atenderam mais de 45 mil pessoas com sintomas da doença – serão convertidos em pontos de vacinação contra a influenza, doença que tende a dominar o panorama epidemiológico nas próximas semanas, conforme antevê o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.

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‘Ainda não estamos livres da epidemia’, diz secretária estadual

Apesar da decisão do município do Rio, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) decidiu manter o decreto que classifica como epidemia por dengue a evolução de casos da doença em todos os 92 municípios. Desde o início do ano até dia 28 de março, o estado registrou 171.954 casos e 71 mortes, com 4.791 internações.

“Ainda que haja uma desaceleração de registros de casos prováveis em algumas regiões do estado, o que sugere a tendência de queda, o número ainda é considerado alto”, diz a pasta.

Com isso, a pasta alerta ainda que o Estado do Rio se mantém em nível 3, o mais alto na escala que configura Emergência em Saúde Pública, apresentando ainda um excesso de casos dez vezes acima do limite máximo esperado para esta época do ano. Além disso, os técnicos estaduais ressaltam que ainda há óbitos em investigação.

“Embora municípios tenham autonomia para declarar e revogar os próprios decretos sobre epidemias em seus territórios, os parâmetros epidemiológicos avaliados diariamente pelos técnicos do Centro de Inteligência em Saúde da SES-RJ ainda indicam alto o número de casos e a taxa de incidência da doença, que segue acima de mil casos por 100 mil habitantes na maioria das cidades fluminenses”, informou a Secretaria.

A secretária estadual de Saúde, Claudia Mello, disse que “o plano estadual de contingência da dengue e os parâmetros usados para avaliação da epidemia ainda não apontam para um resultado que nos permita dizer que estamos livres da epidemia”.

Para ela, é fundamental que a população siga atenta aos cuidados para eliminar focos do mosquito e também sinais e sintomas que possam surgir. “A dengue é uma doença febril, aguda e muito dinâmica. Por isso, a necessidade de acompanhamento médico para evitar agravamento dos quadros e, principalmente, óbitos”, alerta.

Polos de dengue são convertidos para atender casos de gripe

Polo de dengue em Botafogo (Fotos: Edu Kapps / SMS-Rio)

O prefeito Eduardo Paes havia decretado situação de emergência por saúde pública no município no dia 5 de fevereiro, diante do aumento de casos de internações por dengue. Desde então, foram abertos 11 polos de emergência para atender casos suspeitos e oferecer hidratação aos pacientes, o principal método de tratamento. Desde a inauguração do primeiro polo, no dia 5 de fevereiro com a presença da ministra da Saúde, Nísia Trindade, mais de 45 mil pessoas foram atendidas.

Ele ainda agradeceu aos cerca de 1,1 mil profissionais de saúde que se envolveram na mobilização contra a dengue. “A gente agradece muito aos profissionais de saúde que atuam nos polos de dengue, cuidando dos cariocas. Agora, a gente já pode virar essa força de trabalho para o combate à influenza e para a principal campanha vacinal do calendário, que é a vacina para a influenza”. Mais informações sobre a campanha de vacinação contra a influenza no link.

Enfrentamento à epidemia de dengue na cidade do Rio

Desde o início do ano a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) vem ampliando as estratégias no enfrentamento da doença e reforçando a conscientização sobre os cuidados da população para o controle do mosquito. As unidades usadas como polos de dengue foram preparadas para o diagnóstico e tratamento das pessoas com sintomas da doença, com pontos para hidratação venosa ou oral, conforme necessidade de cada caso.

Para os quadros mais graves, com indicação de internação, os pacientes foram regulados pela Central Municipal de Regulação como vaga zero (emergência) e transferidos para leitos dedicados à dengue nos hospitais da rede de urgência e emergência do município.

Além da abertura de 11 polos de atendimento para a doença distribuídos por toda a cidade, a Prefeitura do Rio adotou estratégias como a criação do Centro de Operações de Emergência (COE-Dengue); a dedicação de leitos para pacientes com dengue nos hospitais da rede municipal; o uso de carros fumacê nas regiões com maiores incidências de caso e a entrada compulsória em imóveis fechados e abandonados para busca e eliminação de focos do mosquito.

A partir do monitoramento da doença no COE-Dengue, a SMS intensificou as ações de combate e controle do Aedes aegypti nas áreas mais afetadas. Ao todo, foram mais de 2,5 milhões de vistorias em imóveis na cidade, mais de 11 mil chamados da Central 1746 atendidos e mais de mil ações de UVB (fumacê).

O COE-Dengue planejou, organizou, coordenou e monitorou as ações de enfrentamento à dengue; elaborou protocolos e análises relacionadas à situação epidemiológica da doença na cidade; divulgou informações relativas à emergência de saúde pública e deliberou sobre os estágios de aplicação das medidas protetivas para cada região do município; se configurando como uma importante ferramenta para a SMS.

Soranz também agradeceu à população que aderiu ao combate à doença. Ele também pediu que o cuidado não seja abandonado e disse que a população deve continuar atuando no controle e prevenção do mosquito. “Dedique 10  minutos por semana para verificar sua residência. E também é importante trazer seus filhos para se vacinarem”, disse

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São Paulo começa a vacinar contra a dengue

De acordo com o secretário municipal de Saúde do Rio, esta será a última semana de imunização de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos com a primeira dose da vacina contra dengue. “Ainda tem 40 mil doses da vacina de dengue em estoque. Então, a gente pede que os pais que ainda não trouxeram seus filhos para se proteger que procurem uma unidade de saúde para aplicar a primeira dose da vacina”, disse Daniel Soranz.

Já a cidade de São Paulo deve começar a aplicar a vacina contra a dengue em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos na segunda-feira (1° de abril). Segundo a prefeitura da capital paulista, o plano inicial é fazer a imunização nas escolas com foco nas regiões com maior incidência da doença.

A administração municipal, entretanto, ainda aguarda a elaboração das diretrizes pelo Programa Estadual de Imunizações (PEI).  As doses da vacina serão enviadas pelo Ministério da Saúde.

Na quarta-feira (27), foi anunciada a lista com mais 154 municípios que vão receber o imunizante, incluindo a capital paulista. Até então, 521 municípios haviam sido selecionados para receber as doses e iniciar a vacinação contra a doença em crianças e adolescentes.

Segundo o Ministério, 1,2 milhão de doses foram enviadas aos estados e municípios desde o início da vacinação. A capital paulista decretou estado de emergência devido à alta incidência de casos de dengue em 18 de março.

Da Agência Brasil

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