O tema cannabis medicinal tem ganhado destaque nos últimos anos, impulsionado por avanços científicos que comprovam seus benefícios terapêuticos em diversas condições de saúde. E seu uso conquista cada vez mais pessoas, com diferentes fins – de autismo, epilepsia, Parkinson e até mesmo câncer.

A maconha medicinal se populariza ainda mais com a revelação de personalidades que fazem uso da medicação. Segundo o Sechat, portal dedicado às notícias sobre cannabis, o rei Charles III, de 75 anos, estaria fazendo uso de cannabis medicinal para aliviar os efeitos colaterais do tratamento de um câncer diagnosticado no ano passado.

Conhecido por se interessar por terapias alternativas e projetos relacionados à natureza e ao bem-estar, o monarca teria identificado nos compostos da cannabis uma forma de aliviar as dores e outros efeitos adversos da doença. Fontes do Palácio de Buckingham indicam que o Rei tem pesquisado a fundo o tema e busca inspiração em diversas fontes. 

A notícia sobre o uso de cannabis medicinal pelo Rei Charles III tem sido divulgada por diversas fontes, incluindo o blog Cannabis e Saúde. A notícia tem gerado grande interesse e discussão, tanto sobre o uso medicinal da cannabis como sobre o impacto desta escolha na imagem pública do rei e anima especialmente as empresas do setor no Brasil.

‘Uma experiência assustadora’, disse o rei sobre o câncer

Em tratamento contra câncer desde fevereiro de 2024, o Rei Charles III enviou uma mensagem pessoal a pacientes que também enfrentam a doença. O monarca britânico recebeu nesta quarta-feira (30), no Palácio de Buckingham, em Londres, instituições de caridade e descreveu sua jornada contra o câncer como uma “experiência intimidadora e, às vezes, assustadora”.  

O monarca não mencionou se tem feito uso de cannabis medicinal, nem deu detalhes sobre a sua jornada contra o câncer. Na ocasião, ele destacou que, apesar disso, seu quadro de saúde o mostrou que “os momentos mais sombrios da doença podem ser iluminados pela compaixão”. Aproveitou também para ressaltar que essa pode ser uma experiência que “coloca em foco o melhor da humanidade”.

Rei Charles III usou também as redes sociais para exaltar o trabalho de médicos e pesquisadores. “O que nos impressiona repetidamente é o profundo impacto da conexão humana – seja na explicação cuidadosa de uma enfermeira especialista, na mão segurada por um voluntário de cuidados paliativos ou na experiência compartilhada em um grupo de apoio. Esses momentos de afinidade criam o que eu poderia chamar de “comunidade de cuidado’, que sustenta os pacientes nos momentos mais difíceis”, elogiou.

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‘Paciente acredita que a planta será uma alternativa milagrosa’

câncer é a segunda doença que mais mata no mundo. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), são registrados 9,6 milhões de óbitos por ano. Esse número bastante elevado se deve, em grande parte, aos diagnósticos tardios, nos quais a doença já está em estágio avançado, além de casos em que o tratamento não se mostra mais eficaz.

Segundo Pedro Sabaciauskisfundador e presidente da Santa Cannabis – associação sem fins lucrativos dedicada ao estudo e à distribuição legal de CBD e THC para pacientes com indicação médica -, apesar do preconceito e da descrença de parte da população, a cannabis medicinal tem se mostrado uma opção eficaz para o tratamento de alguns tipos de câncer, trazendo benefícios a diversos pacientes.

Pedro explica que a cannabis medicinal pode atuar como uma terapia complementar valiosa, ajudando a melhorar a qualidade de vida. “O nosso organismo possui receptores canabinoides, que, ao serem ativados pelos compostos presentes na cannabis, ajudam a interromper a dor e reduzir inflamações, proporcionando um efeito analgésico e melhorando o bem-estar do paciente”, afirma.

Os canabinoides têm demonstrado eficácia na redução dos efeitos colaterais de tratamentos agressivos, como quimioterapia e radioterapia, aliviando sintomas como dores, náuseas e vômitos. Além disso, há fortes indícios de que seu uso contribui para a melhora do sono e da saúde mental, reduzindo a insônia e a ansiedade em pacientes oncológicos. Outra possível vantagem é a diminuição da necessidade de opioides, proporcionando um alívio significativo dos sintomas e melhorando a qualidade de vida.

Ação em alguns tipos de câncer

Com o avanço das pesquisas no Brasil e no mundo, a cannabis medicinal tem cada vez mais se consolidado como uma alternativa bastante promissora no alívio dos sintomas e no suporte ao tratamento do câncer, podendo ser utilizada em diferentes casos.  Além do alívio dos sintomas, pesquisas indicam que compostos como THC e CBD podem desempenhar um papel direto no combate a alguns tipos de câncer, incluindo gliomas, tumores cerebrais, câncer de mama e leucemia.

Estudos sugerem que esses canabinoides ajudam a reduzir o crescimento tumoral, impedir a metástase e potencializar a eficácia de tratamentos convencionais, como quimioterapia e radioterapia.  Outras investigações apontam benefícios no melanoma, mieloma múltiplo, câncer de cólon e de próstata, com evidências de que podem retardar a progressão da doença.

Gabriela Kreffta, técnica farmacêutica da Santa Cannabis, reforça que THC e CBD não são os únicos compostos da cannabis com propriedades terapêuticas. De acordo com ela, substâncias como CBG, CBC e CBN também apresentam potencial no tratamento do câncer.

O CBG tem se mostrado eficaz na inibição da proliferação de células tumorais, como no câncer colorretal, e possui ação anti-inflamatória. O CBC contribui para a redução do crescimento celular e a indução da apoptose, e o CBN, derivado do THC, tem efeitos sedativos e analgésicos, auxiliando no controle da inflamação e do estresse oxidativo”, diz.

No entanto, seu uso apresenta uma série de desafios, como possíveis interações com medicamentos e efeitos adversos, incluindo sonolência. Por isso, Pedro faz um alerta sobre a necessidade de não utilizar medicamentos sem a devida prescrição.

Apesar de sabermos que a cannabis medicinal pode ser muito positiva para o tratamento de algumas doenças, cabe ao médico avaliar cuidadosamente os riscos e benefícios, garantindo assim um uso muito mais seguro e adequado às necessidades de cada paciente”, finaliza.

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CBD e THC

O CBD (canabidiol) e o THC (Δ9-tetraidrocanabinol) são os dois canabinoides mais abundantes na Cannabis. Ambos possuem efeitos medicinais e interagem com o corpo através do sistema endocanabinpoide, um sistema sinalizador vital responsável por regular inúmeras funções. Ambos os canabinoides possuem propriedades medicinais  diversas e devem ser indicados conforme orientação médica.

O CBD não apresenta efeitos alucinógenos e intoxicantes, além disso não causa vício e nem gera dependência. Atualmente grande parte do CBD é extraído de uma variedade de Cannabis chamada “hemp” ou “cânhamo”, que possui concentrações muito baixas de THC, menor que 0,3%. Após extraído, o CBD pode ser totalmente isolado e usado na fabricação de produtos livres de qualquer quantidade de THC.

THC

O THC  (Δ9-tetraidrocanabinol) tem propriedades medicinais importantíssimas, por isso é muito utilizado em diversos tratamentos. Entretanto, em razão da desinformação ou do preconceito, muitas pessoas acreditam que o THC é um vilão. Na medicina canabinoide as doses utilizadas são baixas e muitas vezes associadas ao canabidiol (CBD), que balanceia os efeitos colaterais do THC segundo evidências científicas.

Ou seja, os efeitos colaterais tornam-se mínimos quando há uma dosagem correta do produto orientada pelo médico ou especialista prescritor, dessa forma, não há motivos para enxergar esse grande aliado da medicina canabinoide como um vilão.

Veja a mensagem na íntegra:

“A todos aqueles que apoiam pacientes com câncer e seus entes queridos, o que nos impressiona repetidamente é o profundo impacto da conexão humana – seja na explicação cuidadosa de uma enfermeira especialista, na mão segurada por um voluntário de cuidados paliativos ou na experiência compartilhada em um grupo de apoio. Esses momentos de afinidade criam o que eu poderia chamar de “comunidade de cuidado’, que sustenta os pacientes nos momentos mais difíceis.

Portanto, a todos os pesquisadores que buscam avanços pioneiros; aos profissionais de saúde que oferecem tratamento especializado; aos voluntários que oferecem conforto ou fazem campanhas para conscientizar; e aos arrecadadores de fundos que possibilitam todo esse trabalho vital – vocês têm a mais profunda admiração e gratidão de toda a minha família. Seu compromisso com o diagnóstico precoce, terapias cada vez mais bem-sucedidas e cuidados verdadeiramente holísticos representa o melhor que nosso país pode oferecer. Sou muito grato por tudo o que vocês fazem.”

Com Assessorias

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