Considerada uma das vozes mais marcantes da história da Música Popular Brasileira, a cantora Nana Caymmi morreu nesta quinta-feira (1 de maio), em consequência de um choque séptico, uma falência generalizada dos órgãos, decorrente da sepse, também conhecida como infecção generalizada. Na última terça-feira (29), ela completou 84 anos na Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, onde estava internada em estado grave há nove meses.  
É com muito pesar que eu comunico o falecimento da minha irmã, Nana Caymmi. Estamos, é lógico, todos muito chocados e tristes na família, mas ela também passou nove meses de sofrimento em hospital, UTI. Um processo muito doloroso, várias comorbidades”, disse Danilo Caymmi em vídeo postado em suas redes sociais.
Em nota, o hospital confirmou o falecimento da cantora Nana Caymmi às 19h10 de quinta-feira. “A paciente estava internada na unidade desde julho de 2024 e faleceu em decorrência da disfunção de múltiplos órgãos. A instituição se solidariza com os parentes, amigos, e fãs da grande artista brasileira”, diz o texto enviado ao jornal ‘O Globo’.
Nana Caymmi – que enfrentou um câncer de estômago em 2015 – deu entrada no hospital em agosto do ano passado, diante de um quadro de arritmia cardíaca. A cantora chegou a ter alta, mas retornou uma semana depois com dores no peito e precisou realizar um cateterismo cardíaco e passar pelo implante de um marca-passo.
Na ocasião, Nana passou por uma traqueostomia para auxiliar na respiração e enfrentou desafios relacionados à mobilidade e à recuperação física. Na última terça-feira, ela recebeu uma reposição de glicose e teve medicação ajustada pelos médicos.

Suspeita de ‘overdose de opioides’

Na ocasião, Danilo Caymmi, também cantor e irmão de Nana, disse ao ‘Globo’ ela sofreu uma ‘overdose de opioides’. Trata-se de substâncias químicas que interagem com receptores opioides no corpo, produzindo efeitos semelhantes aos do ópio. A superdosagem acontece quando uma pessoa toma opioides em quantidades maiores do que as fisicamente toleradas, geralmente para conter dores fortes.
Já nesta sexta (2), o irmão da cantora desmentiu a informação em novas entrevistas a outros veículos. Em nota enviada à CNN,  Danilo afirmou que algumas declarações suas foram distorcidas e lamentou os rumores: “Como uma pessoa que está há nove meses em uma UTI, friso U-T-I, não quarto ou semi-UTI, poderia ter uma overdose de opioides?”, disse.
Segundo o irmão da cantora, Nana enfrentava um quadro delicado de saúde, que se agravou devido a uma escara sacral, ferida que evoluiu para uma osteomielite – infecção óssea extremamente dolorosa.
Os últimos passos foram em direção ao tratamento dessa escara, que causava muita dor a ela. Muita dor mesmo”, completou. Ao ‘Globo’, antes do falecimento, Danilo Caymmi contou que ela sofria “pequenos defeitos” em consequência da obesidade e por isso enfrentava a osteomielite.

Cantora deixou 726 gravações

Dinahir Tostes Caymmi, ou simplesmente Nana Caymmi, refletia o talento de toda uma família musical. Filha do compositor, cantor e violonista Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, Nana Caymmi foi uma das vozes mais emblemáticas da música brasileira.

Nascida em 28 de abril de 1941, no Rio de Janeiro, ela iniciou a carreira artística em 1960. Ao total, gravou 27 discos, sendo dois deles ao vivo.  Entre seus sucessos, estão “Só Louco”, “Não se Esqueça de Mim”, “Cais”, “Resposta ao Tempo” e “Ponta de Areia”.

Sua carreira que abrangeu várias décadas e estilos. Seu repertório incluiu boleros, sambas, sambas-canção, bossa nova e MPB de diferentes épocas.

O Brasil perde uma grande cantora, uma das maiores intérpretes que já teve. Uma técnica apurada, sentimento. Ela era muito emotiva, e carregava isso para dentro da música, com uma categoria enorme”, acrescentou o irmão da cantora.

Ao longo de sua carreira, Nana Caymmi se notabilizou por sua habilidade em interpretar músicas de compositores de peso, como Tom Jobim, Chico Buarque e Caetano Veloso, com uma voz marcante e uma interpretação única. Ela também ajudou a perpetuar o legado de seu pai, Dorival Caymmi.

Com sua voz inconfundível, Nana deu vida a canções de Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Milton Nascimento e tantos outros, sempre com uma entrega intensa e comovente. A artista deixa um legado de 726 gravações cadastradas na gestão coletiva da música no Brasil”, diz o Ecad.

Cantora colecionava fãs… e polêmicas

Nana Caymmi colecionou milhares de fãs ao longo da carreira, mas também algumas polêmicas por seu posicionamento político. Nana declarou votou em Jair Bolsonaro no segundo turno da eleição de 2018, ainda defendeu a ditadura militar e o ex-presidente e ofendeu grandes artistas de sua geração – Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque.

Personalidade complexa, mas que tomou a vacina contra a Covid. Apesar de tudo, uma das maiores intérpretes da música brasileira. Que descanse em paz. Como diz aquele samba…” a dor da gente não sai no jornal”, declarou o jornalista Valmiro Oliveira Nunes, no grupo ABI Casa do Jornalista, no whatsapp.

A cantora deixa três filhos e duas netas. Ainda segundo o Ecad, como determina a Lei dos Direitos Autorais brasileira (9610/98), os seus herdeiros receberão rendimentos em direitos autorais de suas músicas tocadas no Brasil por 70 anos após sua morte (ou de autores parceiros, no caso de canções feitas em parceria). O velório  ocorreu no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Com informações de assessorias, BBC Brasil, CNN e O Globo (atualizado em 3/5/25)
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