Conhecida também como doença osteometabólica sistêmica, a osteoporose se caracteriza pela redução na densidade e na qualidade óssea do organismo, provocando alteração na microarquitetura dos ossos, que se tornam mais frágeis, aumentando significativamente o risco de fraturas. Nos idosos, esse problema pode ocasionar complicações sérias, como dificuldade para locomoção e diminuição da qualidade de vida. Assintomática e silenciosa, muitas vezes a doença pode passar despercebida, o que a torna ainda mais arriscada: estima-se que 80% das pessoas que convivem com a condição não sabem que a têm.

Cerca de 10 milhões de brasileiros e mais de 500 milhões de pessoas em todo o mundo são afetadas pela osteoporose, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Já a International Osteoporosis Foundation (IOF) estima que cerca de 200 milhões de pessoas estejam afetadas pela condição. As mulheres costumam ser mais afetadas. A estimativa, segundo a IOF, é que uma a cada três mulheres, mundialmente, com idade maior que 50 anos apresentará uma fratura por fragilidade óssea. Isso seria aproximadamente 9 milhões de casos ao ano.

O Dia Mundial e Nacional de combate à Osteoporose, em 20 de outubro, é dedicado à conscientização de todo o mundo para prevenção, diagnóstico e tratamento da doença. A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML) e a Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) reforçam a importância da conscientização da população para prevenção e diagnóstico precoce, especialmente para mulheres a partir dos 50 anos de idade.

Por que as mulheres são as mais afetadas pela osteoporose?

Segundo dados do Ministério da Saúde, estima-se que cerca de 50% das mulheres e 20% dos homens a partir dos 50 anos sofrerão uma fratura osteoporótica ao longo da vida, sendo que acima de 70 anos essa taxa de 50% afeta ambos os gêneros.

Por ser uma doença óssea silenciosa, que avança sem dar sinais aparentes, acredita-se que, até que se tenha consequências mais graves, do montante de 10 a 15 milhões de brasileiros que convivem com a osteoporose, apenas 20% são diagnosticados.

Entre os principais fatores que contribuem para o desenvolvimento da osteoporose entre as mulheres está a mudança hormonal que acontece durante o período do climatério e menopausa. As mulheres são mais suscetíveis à osteoporose, devido à queda acentuada de estrogênio, um hormônio que ajuda na formação óssea,

 Nesta fase o ovário deixa de produzir esteroides sexuais. Com a falta de estrógeno, conhecida como hipoestrogenismo, há um aumento do número e da sobrevida de osteoclastos, responsável pela reabsorção óssea. Por consequência, o paciente apresenta perda óssea, e torna-se mais suscetível a fraturas”, explica Patrícia Leite, da Comissão Nacional Especializada em Osteoporose da Febrasgo.

Além da redução de estrogênio, as mulheres geralmente têm um pico de massa óssea menor que os homens, o que as torna mais vulneráveis à perda óssea relacionada à idade”, acrescenta o patologista clínico Pedro Saddi, médico endocrinologista e diretor regional de São Paulo capital da SBPC/ML.

Ele explica que o esqueleto acumula massa óssea até por volta dos 30 anos, sendo que essa massa é maior nos homens do que nas mulheres. A partir dessa idade, começa a ocorrer perda gradual de massa óssea lentamente ao longo dos anos, numa proporção média de 0,3% de massa ao ano.

É importante destacar que estamos constantemente formando e reabsorvendo osso, um processo que chamamos de remodelação óssea. A diminuição da densidade mineral óssea ocorre quando a formação é menor que a reabsorção”, explica.

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Saiba quais exames laboratoriais fazer e como se prevenir da doença

Por ser silenciosa, muitas pessoas podem descobrir tardiamente a osteoporose. A doença pode ser diagnosticada por meio de um exame denominado densitometria óssea, se caracteriza pelo enfraquecimento progressivo da massa óssea. No entanto, existem maneiras de prevenir os efeitos e exames laboratoriais que podem auxiliar na detecção da osteoporose.

Para que o diagnóstico seja realizado de maneira precoce, Patrícia Leite reafirma a importância do acompanhamento ginecológico durante as mais diferentes fases da vida da mulher.

Dificilmente, a paciente terá sintomas na fase inicial da doença. Por isso, é importante que ela realize consultas periódicas e tenha acompanhamento médico, especialmente no climatério e menopausa. Se for necessário, recomenda-se a reposição hormonal”, diz.

Infelizmente, o paciente acaba procurando o profissional da saúde quando começa a apresentar fraturas recorrentes, o que indica o diagnóstico tardio da doença. A prevenção depende de hábitos saudáveis constituídos ao longo da vida como praticar atividade física e manter uma alimentação equilibrada. Hoje é possível suplementar a alimentação com vitaminas e minerais caso exista alguma deficiência. Estamos vivendo mais e precisamos aprender a viver melhor”, finaliza a Dra. Patrícia.

Fatores de risco para a osteoporose

Entre os principais fatores de risco estão a menopausa, tabagismo, sedentarismo, alcoolismo, diabetes, doença celíaca, artrite reumatoide, doenças da tireoide, deficiência de cálcio e/ou vitamina D, baixa produção hormonal, genética, dieta pobre em cálcio e excesso de ingestão de corticoides.

De acordo com o endocrinologista Pedro Saddi, os fatores de risco para o desenvolvimento da osteoporose são:

  • Idade avançada – o envelhecimento é um fator importante já que há perda progressiva de densidade mineral óssea;
  • Sexo feminino – esse grupo tem maior risco, principalmente após a menopausa;
  • Histórico familiar – pessoas com histórico familiar de osteoporose têm maior chance de desenvolver a doença;
  • Baixo peso corporal – o Índice de Massa Corporal (IMC) baixo está associado a menor densidade óssea;
  • Deficiência hormonal – redução dos níveis de estrogênio nas pessoas do sexo feminino (menopausa) e testosterona nas pessoas do sexo masculino, pode contribuir para a condição;
  • Uso prolongado de corticosteroides – esses medicamentos, geralmente usados para tratar problemas de saúde como asma, eczema, lesões articulares e artrite reumatoide, podem levar à perda óssea;
  • Baixa ingestão de cálcio e baixa vitamina D – essas deficiências nutricionais impactam negativamente a saúde óssea;
  • Sedentarismo;
  • Tabagismo e consumo excessivo de álcool;
  • Condições crônicas como diabetes mellitus e artrite reumatoide.

Prevenção da osteoporose

A prevenção da osteoporose se dá por diversas formas. Uma alimentação rica em cálcio e vitamina D, ou seja, consumo de laticínios, peixes gordurosos e exposição equilibrada ao sol ajudam a manter os níveis adequados dessas substâncias, segundo Dr. Pedro Saddi.

Ele afirma também que ações como atividade física regular e caminhada, por exemplo, fortalece os ossos; parar de fumar e evitar o consumo excessivo de álcool, são formas de se prevenir da doença.

Além disso, o monitoramento de saúde hormonal é fundamental para se evitar a osteoporose. “Mulheres na pós-menopausa devem discutir com seus médicos sobre a terapia de reposição hormonal, quando apropriado. Suplementação de cálcio e vitamina D também são importantes, se indicadas por um médico”, finaliza o diretor regional da SBPC/ML.

Sinais de alerta e detecção da osteoporose

Apesar de ser uma doença que evolui de forma silenciosa, sem apresentar muitos sintomas, existem alguns sinais que quando presente devem despertar a hipótese de osteoporose. O diretor regional da SBPC/ML esclarece que uma fratura após uma queda simples, por exemplo, é o maior sinal de alerta para a doença.

Além disso, a diminuição de estatura ou postura progressivamente curvada com o avançar da idade podem indicar fraturas vertebrais, condição que define a presença de osteoporose. Dor nas costas também pode ser sinal de fratura vertebral.

Para o diagnóstico da osteoporose, Dr. Pedro explica que o exame padrão para avaliação da densidade mineral óssea é a densitometria óssea (DXA).

O diagnóstico de osteoporose deve levar em conta as características clínicas do paciente e o resultado da densitometria. No entanto, alguns exames laboratoriais podem ser usados para avaliar fatores relacionados à saúde óssea”, explicita.

Os exames laboratoriais para avaliar a saúde óssea são:

  • Cálcio sérico – essa substância ajuda a monitorar a função paratireoide e a saúde óssea. Níveis anormais podem indicar distúrbios de metabolismo ósseo;
  • Cálcio na urina – pode indicar perda desse mineral.
  • 25-hidroxivitamina D – quando apresenta baixos níveis, indica deficiência de vitamina D, que associada à fragilidade óssea;
  • PTH – níveis elevados desse indicador podem sinalizar hiperparatireoidismo, condição que leva à desmineralização óssea;
  • Fosfatase alcalina – altos níveis podem indicar aumento da remodelação óssea, que pode estar associada a outras doenças do metabolismo ósseo;
  • Marcadores de reabsorção óssea como telopeptídeo C-terminal (CTX) – eles ficam elevados em processos de perda óssea aumentada, como osteoporose.

O patologista clínico ainda diz que, para as pessoas do sexo feminino, é recomendado que a densitometria óssea seja realizada a partir dos 65 anos, ou mais cedo naquelas com fatores de risco. Nos indivíduos do sexo masculino, geralmente a avaliação é indicada a partir dos 70 anos, ou antes, dependendo de condições de risco.

Já os exames laboratoriais podem ser realizados a qualquer idade se houver suspeita clínica de deficiência nutricional ou hormonal ou ainda, a presença de outra doença que afete a saúde óssea”, complementa.

Com Assessorias

 

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