Em tempos de coronavírus, nunca se falou tanto sobre saúde mental e emocional. Alguns estudos já mostram esta tendência em números: uma pesquisa online realizada na China com 7.236 voluntários avaliou a prevalência de distúrbios de ansiedade generalizada (DAG), sintomas depressivos e qualidade do sono durante o surto de Covid-19.
A prevalência de ansiedade foi de 35,1%, o que é muito maior que as médias globais, que geralmente atingem 7%. No caso dos sintomas depressivos e da qualidade do sono no público, as incidências foram de 20,1% e 18,2%, respectivamente.
Os mais jovens, aqueles que passam muito tempo buscando informações sobre o surto e os profissionais de saúde são os que apresentam o maior risco de distúrbios. A pesquisa conclui que o atendimento à saúde mental deve fazer parte dos planos de emergência relacionados com a pandemia.
No Brasil e nos países de língua espanhola , as pesquisas relacionadas ao termo ansiedade no Google quase dobraram em relação às médias anteriores, de acordo com uma pesquisa feita no site Google Trends, entre janeiro de 2019 e outubro de 2020.
Mas afinal o que é saúde mental? Nesse Dia Mundial da Saúde Mental (10 de outubro), instituído em 1992 pela Federação Mundial de Saúde Mental (World Federation for Mental Health), ouvimos alguns especialistas a respeito. Para a psicóloga Amanda Fitas, saúde mental é conseguir se sentir bem com você, com sua mente e com as pessoas.
Manter a mente saudável te protege de transtornos quando o mundo à sua volta começa a ir mal. Com boa saúde mental, você consegue enxergar as coisas que acontecem na vida de uma forma muito mais leve. Além da sua saúde física, sua mente estar bem faz toda diferença para que você não entre em qualquer tipo de transtorno, colapso com aquilo que acontece no mundo externo como uma pandemia, por exemplo”, pontua.
A psicóloga evidencia que é possível manter a saúde da mente mesmo em momentos tão desafiadores como o que estamos vivendo atualmente:
“As pessoas que são saudáveis mentalmente não foram totalmente afetadas pela pandemia por conseguirem canalizar seu olhar para uma maneira muito mais sábia de enxergar, além de saberem ter a habilidade de lidar com suas emoções. Elas conseguem ter uma qualidade de vida muito superior por conseguir controlar os pensamentos positivos e negativos e de suas atitudes, sem que as coisas sejam uma consequência do que acontece com ela. A saúde mental te dá mais clareza e auto-percepção”, pondera.
Como ficar atento aos sintomas e se cuidar
Para Kalil Duailibi, professor de Psiquiatria da Unisa e presidente do Departamento Científico de Psiquiatria da Associação Paulista de Medicina (APM), é importante estar atento aos sintomas e reconhecer a hora de buscar ajuda médica. “Quando o cansaço, a irritabilidade, a sonolência diurna ou a insônia, o abuso de substâncias e a oscilação de humor tornam-se recorrentes a ponto de afetarem as atividades rotineiras, pode ser uma indicação de que algo não vai bem, um alerta para a busca de ajuda profissional”, esclarece.
Amanda resume o que podemos fazer para manter a saúde mental:
“É preciso ter interesse em se conhecer mais e se explorar mais. Entender o que você sente e como isso é enxergado por você faz com que saiba como cuidar disso. Além disso, existem todos os outros cuidados que uma pessoa pode ter como não entrar em situações estressantes, em que ela não tenha controle. Se alguém tenta mudar algo que é incontrolável, ela se coloca em uma posição de mais estresse, em um lugar que não vai ajudar em nada, disse.”
Segundo a psicóloga, às vezes vivemos – mesmo que inconscientemente – repetindo padrões de ações e sentimentos e por já estarmos acostumados com isso, não vamos prestar tanta atenção. “Acaba sendo mais um refém das circunstâncias, dos eventos externos, como de uma pandemia”, reforça.
Preconceito na hora de buscar ajuda profissional
Amanda acredita que o preconceito em procurar ajuda para cuidar da mente está diminuindo graças ao acesso mais fácil de informações. E que não há como fazer uma separação entre a saúde mental e a física, deixando os problemas psíquicos para segundo plano.
Eu vejo um movimento muito grande, principalmente, dessa nova geração. Diferentemente dos nossos pais e dos nossos avós, que nem tinham tanto conhecimento, era bem menos do que é hoje. Eu acredito que as redes sociais também conseguem proporcionar essa consciência do trabalho de um psicólogo e de um psiquiatra. Com isso, algumas crenças vão sendo quebradas. Com todo esse movimento atual, a nossa geração tende a se preocupar mais com isso, que entende o que é isso, o que é saúde mental”, destaca.
Ela lembra que não devemos deixar de cuidar na nossa mente. “Se você quebrar ou luxar a sua forma, você vai procurar um médico e isso acontece com os transtornos, é a mesma coisa. Não tem por que manter esse preconceito. Tenho certeza que ao passar dos anos, essa geração mais consciente vai se dar conta cada vez. Tomara, assim que eu espero, que as pessoas consigam se olhar e, com isso, ter uma qualidade de vida muito melhor”, finaliza.
Uso de Cannabis medicinal em tratamentos de doenças mentais
Para Wellington Briques, médico e diretor global de Assuntos Médicos da Spectrum Therapeutics, precisamos falar sobre distúrbios de saúde mental estimulando as pessoas a buscar ajuda médica apropriada”. O especialista acrescenta que os canabinóides, de acordo com estudos clínicos recentes, poderiam ser usados para aliviar sintomas”.
Uma pesquisa americana publicada no The Permanente Journal de 72 pessoas mostrou melhorias na ansiedade com o uso da terapia com canabinóides no primeiro mês em 57 pacientes (79,2%), dados que continuaram ao longo do tempo. O sono também mostrou melhora no primeiro mês em 48 pacientes (66,7%), com flutuação ao longo do tempo.
Outro estudo, desta vez uma atualização sobre o uso de canabinóides na regulação do medo e da ansiedade revisa os recentes achados pré-clínicos e clínicos sobre o potencial dos canabinóides como uma nova terapia e conclui que ela pode ter benefícios para a regulação do medo e da ansiedade, indicando a necessidade de estudos clínicos mais controlados.
Uma revisão bastante recente, publicada em Setembro de 2020, Utilização do Cannabidiol para o Tratamento da Ansiedade: Uma Breve Síntese de Provas Pré-Clínicas e Clínicas , afirma que a investigação pré-clínica utilizando modelos animais de medo inato e comportamentos semelhantes à ansiedade encontrou efeitos ansiolíticos, anti-stress, anti-compulsivos do CDB (canabidiol). Evidências preliminares de ensaios em humanos utilizando voluntários saudáveis e indivíduos com distúrbios de ansiedade social, sugerem que o CDB pode ter efeitos ansiolíticos.
Especialista em medicina farmacêutica, Briques aponta que várias pesquisas estão sendo feitas para definir o papel que a Cannabis pode desempenhar nestes tratamentos. “Felizmente, os cientistas continuam a avançar em todas as frentes que têm sido prejudicadas desde as restrições ao uso da Cannabis nos anos 30. Isto ajuda a desfazer o estigma que às vezes ainda acompanha o uso desta planta tão antiga na Medicina.”
Aula e palestra de yoga online marcam a data
Já são sete meses de quarentena e, a essa altura, muita gente está sentindo o peso do isolamento. Para trazer mais serenidade e ajudar nessa jornada, o Turismo Nova Zelândia promove neste sábado (10), aproveitando o Dia Mundial da Saúde Mental, uma live de 30 minutos com o professor de ioga maori Taane Mete. Para participar, basta acessar o perfil 100% Pure New Zealand no Facebook às 17h30.
Tendo ao fundo o cenário espetacular do lago Wanaka, a aula pode ser acompanhada por qualquer pessoa, mesmo quem não costuma praticar ioga. A live começa com uma meditação e vai trazer, durante toda a sua duração, uma rotina combinada com valores da cultura maori, como o tiaki (cuidado com as pessoas e os lugares) e o manaaki (boas-vindas). A própria prática do professor Taane Mete combina a mitologia maori com a ioga, a fim de ajudar as pessoas a se conectarem com sua espiritualidade.
Por ocasião do Dia Mundial da Saúde Mental, em 10 de outubro, a Casa de Saúde Saint Roman (CSSR) realizará uma live sobre o tema “A importância do yoga e da arterapia na saúde mental. Será nesta sexta-feira, dia 9 de outubro, às 19h, pela plataforma Streamyard com transmissão pelo Facebook da CSSR.
A coordenação é do psiquiatra Ricardo Patitucci, diretor clínico da CSSR e contará com as participações da arterapeuta Regina Mascarenhas e da professora de yoga Amala Pizzolato. O objetivo é debater como a yoga e a arterapia podem ser ferramentas importantes no trabalho com o paciente com transtorno mental, visando melhor qualidade de vida, humanização e melhora da saúde mental.
O evento é aberto ao público. Para participar, basta acessar a página da Casa de Saúde Saint Roman no Face.
Com Assessorias