A partir de 26 de maio de 2025, as empresas brasileiras terão um novo desafio na gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST): a inclusão da avaliação de riscos psicossociais no ambiente corporativo. Essa mudança faz parte da atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), promovida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em agosto de 2024, e reforça a necessidade de acompanhamento psicológico dos colaboradores. Com isso, temas como saúde mental, estresse ocupacional e esgotamento emocional passam a ser tratados com mais seriedade dentro das organizações.

Os impactos desta exigência são evidentes quando olhamos para os dados. Segundo a International Stress Management Association (ISMA-BR), o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial de países com mais casos de Burnout, afetando cerca de 30% dos trabalhadores. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que os transtornos mentais já são a terceira maior causa de afastamento do trabalho no país.

Levantamento do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, com base em dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), aponta que de 2022 a 2024, os afastamentos por problemas de saúde mental cresceram 134% – saltando de 201 mil para 472 mil.

Diante desse cenário, a NR-1 surge como um mecanismo essencial para que as empresas passem a atuar de forma mais proativa na prevenção do adoecimento mental de seus funcionários. 28 de abril é o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, data voltada para conscientização do tema eno Brasil, também em memória das vítimas de acidentes e doenças ocupacionais.

A psicóloga Jacqueline Sampaio, fundadora da Clínica Jacqueline Sampaio Mental Health e especialista em Gestalt Terapia e Burnout, destaca que a nova regulamentação não apenas reforça práticas que já vinham sendo adotadas por algumas empresas, mas amplia a responsabilidade dos empregadores sobre a saúde emocional de seus colaboradores.

A NR-1 não se trata apenas de uma obrigação legal, mas de uma mudança de mentalidade dentro das organizações. As empresas que investirem em um acompanhamento psicológico estruturado e estratégias eficazes de prevenção ao estresse ocupacional colherão benefícios diretos, como maior produtividade, redução de afastamentos e um ambiente de trabalho mais saudável”, explica Jacqueline.

Além do impacto direto na saúde e no bem-estar dos funcionários, a implementação da avaliação de riscos psicossociais também pode influenciar a retenção de talentos e a cultura organizacional. Empresas que promovem qualidade de vida e apoio psicológico tendem a ser mais valorizadas pelos profissionais, resultando em maior engajamento e satisfação no trabalho. Criar um espaço seguro para que os colaboradores falem sobre suas dificuldades e tenham suporte emocional pode ser um diferencial competitivo.

Com a obrigatoriedade da NR-1, torna-se fundamental que empresas busquem capacitação e especialistas para estruturar programas de acompanhamento psicológico dentro do ambiente corporativo. O equilíbrio entre vida profissional e saúde mental dos colaboradores deve ser uma prioridade, não apenas para cumprir as exigências legais, mas para garantir um futuro sustentável e produtivo para as organizações.

Afastamento por saúde mental aumentou 134% em dois anos

Referencial internacional inclui saúde mental nos requisitos para saúde e segurança ocupacional

A cada 3,5 horas uma morte no mercado formal de trabalho é notificada, e que de 2012 a 2024 foram registrados 8,8 milhões de acidentes de trabalho e 32 mil mortes. Para auxiliar organizações nessa problemática, a norma ISO 45001 – Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional – traz requisitos para priorizar o bem-estar físico e mental dos colaboradores.

Os dados já são alarmantes se levarmos em consideração que o levantamento trata apenas do mercado formal, mas a extensão do problema pode ser maior considerando que 40 milhões de trabalhadores brasileiros que estão inseridos no mercado de trabalho informal”, aponta Paulo Bertolini, conselheiro da Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade (Abrac).

Segundo ele, a ISO 45001 não é uma norma de certificação obrigatória. “Mas seguir esse referencial permite reconhecer os elementos que geram estresse e situações inseguras no ambiente de trabalho, fazendo uma gestão desses perigos com a definição e implantação de ações para a mitigação”, completa.

A norma resulta no caimento da taxa de absenteísmo, aumento da produtividade e redução de custos com afastamentos e indenizações. Para os trabalhadores, a norma representa o compromisso da organização com seu bem-estar físico e mental, fortalecendo a confiança, o engajamento e a motivação da equipe. Além disso, a certificação ISO 45001 pode melhorar a reputação da empresa no mercado, demonstrando responsabilidade social e conformidade com requisitos legais.

Não digo que é um diferencial mercadológico, enxergo como uma engrenagem necessária para a organização. O interesse na saúde e segurança dos colaboradores é mútuo, e com a norma será possível a instauração de cultura organizacional voltada para o bem-estar, com valorização das pessoas e incentivo ao diálogo, todos ganham com isso”, acrescenta Bertolini.

Como implementar?

Para obter a certificação ISO 45001, a empresa deve primeiro implementar um Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional de acordo com os requisitos da norma. Isso envolve identificar riscos, definir políticas e metas, atribuir responsabilidades e promover treinamentos. Em seguida, são feitas auditorias internas para verificar a conformidade e realizar ajustes.

Depois dessa etapa, a empresa contrata um organismo certificador independente, acreditado por um Organismo Acreditador signatário dos acordos de reconhecimento mútuo mundial (MLA), para realizar a auditoria externa, que ocorre em duas fases: análise documental e verificação da aplicação prática. Se estiver em conformidade, a certificação é concedida. Para mantê-la, auditorias periódicas de manutenção são necessárias.

Com Assessorias

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