Desde 2014 o mês de setembro foi o período escolhido pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), para a realização do Setembro Amarelo, que tem como foco a prevenção ao suicídio. A campanha, além de fazer um alerta à população, sobre o quanto as doenças da mente podem ser prejudiciais, deixa em evidência o importante papel que os profissionais da Psicologia exercem.

Ao longo dos anos a Psicologia vem se transformando e se adaptando, sempre em busca das melhores práticas e ferramentas que possam auxiliar os profissionais a trazerem mais qualidade de vida aos seus pacientes. A própria pandemia trouxe à tona que uma sessão de terapia pode ir além do divã. Várias pessoas, impossibilitadas de saírem de casa e se vendo em um dos momentos em que mais precisavam de ajuda psicológica, passaram a aderir às seções online.

Mas não é só dessa forma que a tecnologia vem ajudando a tratar da saúde mental, conforme a psicóloga Juliane Verdi Haddad tem comprovado. Atuando principalmente com o tratamento de ansiedade, estresse e fobias, Juliane faz parte de um seleto grupo de psicólogos que já utilizam métodos que vão além dos convencionais, e que apostam no modelo de saúde integrativa.

Ela trabalha com biofeedback desde 1995, após se especializar nos Estados Unidos. Em 2015, passou a levar a realidade virtual para o consultório para ajudar seus pacientes no enfrentamento de fobias.

“Sou apaixonada pelo uso da tecnologia em conjunto com a psicologia em benefício da saúde física e mental, não existe uma sem a outra. Hoje utilizo a realidade virtual não só para as fobias, mas em várias situações, por exemplo para ensinar o paciente a ficar mais relaxado e se recuperar de uma situação de muito estresse”, explica a psicóloga.

Realidade virtual ajuda pacientes a enfrentar fobias

Segundo ela, a ferramenta de realidade virtual permite que o paciente experimente no consultório a situação de medo e enfrente-a com técnicas específicas para superar. O paciente pode viajar de avião, andar de elevador, tirar sangue, subir em um prédio alto, falar em público, isso tudo sem sair do consultório, ou até mesmo sem sair de casa, através das seções online.

“A realidade virtual permite que o cérebro viva aquelas situações até entender que o perigo não é real. Realidade virtual e biofeedback, aliados às técnicas de TCC (terapia cognitiva comportamental) são comprovadamente eficientes para superação de medo, fobias, ansiedade e depressão”, explica.

A psicóloga ainda ressalta que além de identificar as melhores técnicas que podem ser indicadas para cada caso, é preciso também que o profissional tenha “feeling” para definir as estratégias mais adequadas para cada momento. Dando um exemplo claro: se colocarmos um paciente fóbico na situação de medo, sem que ele se sinta preparado para isso, ao invés de ajudar, você pode gerar um crescimento do medo daquela situação, um agravamento da fobia.

Biofeedack: como o corpo funciona ‘por dentro’

No tratamento com biofeedback, através dos equipamentos é possível identificar as reações fisiológicas, como batimentos cardíacos, temperatura do corpo, suor nas mãos e nos pés, tensão muscular, entre outras. E tendo acesso a como o corpo está funcionado “por dentro”, é possível promover mudanças, através de técnicas de autorregulação, para alcançar o equilíbrio do sistema nervoso autônomo.

“Na terapia com biofeedback o indivíduo aprende a sair da resposta de stress mais rapidamente e entrar em equilíbrio novamente. Outro grande benefício, é que com o treinamento em biofeedback, conseguimos manter o corpo em um estado de equilíbrio, o que faz com que as resposta a ansiedade e stress sejam mais brandas e menos frequentes. Na terapia utilizo o biofeedback aliado a técnicas de terapia cognitiva, mindfulness, realidade virtual, entre outras”, esclarece.

Biofeedback em prol da saúde integrativa

As técnicas de biofeedback são utilizadas em diversas áreas da saúde, tais como a fisioterapia e a fonoaudiologia. E na psicologia, ele pode auxiliar em vários contextos e diagnósticos, sendo um dos mais comuns os transtornos de ansiedade e depressão, onde através do autocontrole que é aprendido, é possível aumentar a capacidade de regular as emoções e reações fisiológicas do indivíduo.

Outro exemplo de como o biofeedback pode ser aplicado é em relação ao déficit de atenção, já que ele permite aumentar a capacidade de concentração e foco através de programas de jogos que permitem a interação com o equipamento. Nas fobias o aparelho também pode desenvolver um papel muito importante, pois amplifica as reações fisiológicas, quando em contato com o “objeto fóbico”, permitindo que a pessoa aprenda a se controlar.

“As pesquisas mostram bons resultados em utilizar os equipamentos de biofeedback na psicologia, eles permitem que o paciente tenha informações reais e objetivas do funcionamento do corpo, o que se torna uma grande ferramenta para mudança”, esclarece a profissional.

Juliane explica que além de ser utilizado dentro dos consultórios, o biofeedback também pode ser apresentar bons resultados sendo usado em outros ambientes como: empresas e escolas. Ela inclusive costuma fazer treinamentos com alunos de cursinhos, tendo como foco melhorar a performance deles nas provas dos vestibulares. E no caso das empresas, o treinamento com biofeedback pode ajudar a diminuir os afastamentos por doenças, além de melhorar a relação entre as pessoas e trabalhar a concentração.

“Quando o paciente interage com o biofeedback o caminho para a regulação emocional é mais fácil, pois ele nos mostra e nos guia. As técnicas que são utilizadas como por exemplo: a coerência cardíaca, traz mais saúde física e emocional. Quando aprendemos a nos manter em coerência ou em um estado de apreciação, nossos hormônios se estabilizam, os músculos relaxam, e o sistema imunológico fica mais forte. O biofeedback é o facilitador deste processo”, conclui a psicóloga.

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