Uma boa notícia no campo da Medicina para este Outubro Rosa. A edição 2018 do congresso da European Society for Medical Oncology (ESMO), um dos principais eventos do calendário mundial de Oncologia, apresentou esta semana um importante estudo que promete lançar luz sobre alternativas para o tratamento do câncer de mama do tipo triplo negativo, considerado agressivo e um dos mais letais tumores.
A pesquisa, baseada no uso da medicação atezolizumabe – um imunoterápico produzido pela farmacêutica Roche – também publicada no periódico científico The New England Journal of Medicine, analisou mais de 900 pacientes em fase avançada da doença e com metástases em outros órgãos, que foram divididas em dois grupos. Um deles fez uso da Imunoterapia em combinação com um quimioterápico, enquanto o outro recebeu apenas a quimioterapia.
O resultado foi animador: das mulheres que foram tratadas com o atezolizumabe, metade teve um aumento de sobrevida significativo. “No caso de tumores de mama triplo-negativo com algumas especificidades moleculares que favoreciam a resposta à Imunoterapia combinada à quimioterapia, a taxa foi de 25 meses sobrevivência das pacientes. Essa resposta consolida a indicação de imunoterápicos como opção efetiva para esses casos”, explica Daniel Gimenes, oncologista do Centro Paulista de Oncologia (CPO), unidade do Grupo Oncoclínicas em São Paulo.
Em vídeo gravado diretamente da Esmo 2018 ele comenta os avanços promovidos pelo resultado. O congresso terminou nesta terça-feira (23), reunindo em Munique (Alemanha) 20 mil participantes de mais de 130 países.
Esperança no combate a tumores agressivos da mama
A imunoterapia já vem sendo apontada como o principal avanço no combate ao câncer, porém, seus estudos clínicos no tratamento do câncer de mama até o presente momento ainda não indicavam resultados que pudessem torná-lo uma alternativa segura e eficaz nestes casos.
Recentemente, durante a Asco 2018, principal evento voltado à oncologia clínica, alguns estudos mostraram que em casos classificados como tumor de mama triplo-negativo, ao ser combinado com quimioterápicos, trouxe boas respostas aos pacientes no tratamento neoadjuvante oferecido antes da cirurgia.
Considerado um tipo de câncer agressivo e que afeta geralmente mulheres jovens, o câncer de mama triplo-negativo representa cerca de 20% de todos os casos da doença mundialmente. Se considerarmos que o Brasil, segundo estimativas do Inca, contará com cerca de 60 mil novos casos de câncer de mama em 2018, esse percentual representa um universo de ao menos 12 mil pessoas.
“A denominação “triplo-negativo” é utilizada em casos em que o tumor não conta com nenhum dos três biomarcadores relacionados a classificação do câncer de mama: receptor de estrógeno, receptor de progesterona e proteína HER-2″, explica Daniel Gimenes.
Outro estudo mostra redução no tumor
Segundo o especialista, o câncer de mama triplo-negativo tem maiores chances de recorrência e em muitos casos acaba promovendo uma sobrevida menor em comparação a outros subtipos de tumores mamários. Por isso, a possibilidade de sucesso com a imunoterapia é animadora e abre novas frentes para o enfrentamento desta doença.
“Para esses casos de câncer especificamente houve poucos progressos terapêuticos nos últimos anos. Por isso, os estudos internacionais preliminarmente divulgados na Asco são animadores por indicarem um novo caminho para tratar esse tipo de câncer de mama”, afirma o oncologista.
O médico menciona o estudo GeparNuevo que analisou 174 pacientes com câncer de mama triplo-negativo metastático ou localmente avançado. Um grupo recebeu um tipo de imunoterápico associado à quimioterapia enquanto as demais pessoas utilizaram placebo. O resultado demonstra um aumento significativo na redução do tumor nos casos que receberam a combinação da imunoterapia com a quimioterapia.
“Apesar de ainda ser o uma primeira etapa de análises, esse avanço já pode ser entendido como um progresso terapêutico importante para médicos e pacientes. Essa combinação de imunoterapia com quimioterapia desconta como uma opção estratégica importante para mulheres com a doença em especial pelos benefícios a qualidade de vida dessas pacientes”, explica Gimenes.
Fonte: CPO