O Ministério da Saúde rebateu os resultados de um levantamento divulgado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) na última sexta-feira (27), que apontou falta de vacinas em centenas de cidades brasileiras. A pasta garantiu que todos os estados do Brasil estão 100% abastecidos com as vacinas do calendário básico.
Anualmente, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) distribui cerca de 300 milhões de doses de vacinas para todos os 5.570 municípios brasileiros. Mas essa quantia foi superada em 2023 e 2024, com a entrega de mais de 643 milhões de doses a todos os estados.
De acordo com o Ministério, mesmo os estoques da vacina contra a varicela (catapora) foram abastecidos, apesar de haver uma escassez global da matéria-prima utilizada, mas assegurou ter garantido todas as doses necessárias do imunizante após a contratação de três fornecedores. Para 2025, a pasta assegurou que eventuais problemas serão resolvidos ao longo do primeiro semestre.
Hoje, contamos com três fornecedores para essa vacina, assegurando a normalização ao longo do primeiro semestre de 2025”, garantiu o diretor do PNI, Eder Gatti.
Ainda segundo o programa, os estoques dessa vacina também foram reforçados: de outubro a dezembro de 2024 foram distribuídas 3,7 milhões de doses aos estados, e apenas 503 mil foram aplicadas, o que indica suficiência de doses em nível estadual.
Para 2025, a pasta informou ter reforçado os estoques e que possui doses suficientes para os próximos seis meses das vacinas contra a meningite e a coqueluche.
A pasta ainda afirmou ter garantido atendimento a 100% das necessidades de todas as vacinas do calendário básico, exceto nos casos de desabastecimento global, que ocorreram por “problemas pontuais”. O comunicado não afirma se o desabastecimento decorre de problemas de gestão dos governos locais.
Confira a nota completa do Ministério da Saúde
Falta de vacinas contra catapora, covid-19 e coqueluche
Em segundo lugar, está a vacina para covid-19 em adultos, ausente em 736 municípios (25,4%), com média de 45 dias sem disponibilidade. A CNM lembra que a primeira semana de dezembro registrou alta de 60% nas notificações da doença no país, no maior nível desde março. De 1º a 7 de dezembro, houve 20.287 casos, segundo o Painel Covid-19 do Ministério da Saúde.
Em terceiro lugar, está a insuficiência da vacina tríplice, contra coqueluche, diferia e tétano, relatada em 520 municípios (18% do total pesquisado). Segundo a CNM, o imunizante estava em falta em média há 60 dias nos municípios afetados. Em 2024, os casos de coqueluche subiram quase 2.000% em relação a 2023, com 4.395 registros até 27 de novembro, a maioria no Paraná. No acumulado do ano, há 17 mortes, das quais 16 em crianças de menos de 1 ano.
A pesquisa também aponta insuficiência da vacina meningocócica C, contra a meningite do sorogrupo C, indisponível em 375 cidades (12,9%); da tetraviral, que combate o sarampo, a caxumba, a rubéola e a varicela, indisponível em 337 municípios (11,6%); e da febre amarela, indisponível em 280 municípios (9,7%).
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O outro lado
Municípios alegam falta de vacinas no fim do ano
Uma pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM), divulgada na sexta-feira (27), apontou a carência de vacinas do calendário nacional de imunização, a contra catapora, covid-19 e coqueluche. Segundo a confederação, 65,8% de um total de 2.895 municípios analisados relataram ausência de imunizantes.
Em relação aos estados e regiões mais afetadas, Santa Catarina continua liderando a escassez de vacinas, com 199 dos 230 municípios que responderam à pesquisa (87% do total) relatando falta de vacinas.
Em seguida, está o Ceará, com 51 dos 59 municípios analisados (86%), o Espírito Santo, 38 dos 45 respondentes (84%); e Minas Gerais, com 412 dos 496 respondentes (83%).
Mudança na forma de compra das vacinas
O Ministério da Saúde também informou que mudou a forma de compra das vacinas contra a covid-19 no ano passado. Por meio de pregão eletrônico, já garantiu a aquisição de 69 milhões de doses, que poderão ser utilizadas em até dois anos, mas serão entregues de forma gradual, conforme a demanda, para evitar desperdícios.
Gatti ressaltou que a distribuição das vacinas pelo Brasil representa um desafio logístico complexo, considerando a extensão territorial e a diversidade do país.
Trabalhamos em parceria com os estados, que fazem a distribuição aos municípios. Apesar dos desafios, conseguimos enviar todas as grades de vacinas do calendário básico no mês de dezembro. Temos estoques garantidos, como é o caso das vacinas de meningite e coqueluche, com reservas para atender a demanda dos próximos seis meses”, complementou.
Distribuição é transparente e pode ser acompanhada pela internet
Além de assegurar o atendimento de 100% das necessidades dos estados, o Ministério da Saúde informou que a distribuição das vacinas é transparente. A pasta ressaltou que qualquer cidadão pode consultar, no painel interativo do ministério, as remessas enviadas do centro de distribuição em Guarulhos (SP) para os estados.
O ministério ressaltou que todas as grades de vacinas do calendário básico em dezembro foram enviadas aos estados e garante ter estoques para atender à demanda. Segundo a pasta, todo o processo é feito em parceria com os estados. O comunicado destaca ainda que, desde 2023, as coberturas vacinais apresentam tendência de crescimento, resultado de ações como as campanhas de multivacinação realizadas em novembro.
Ampliação das coberturas vacinais em 2024 é ‘conquista histórica’
Em balanço divulgado no dia 27 de dezembro, o Ministério da Saúde incluiu a ampliação das coberturas vacinais como uma das “conquistas históricas ante o cenário de desmonte encontrado no começo da atual gestão”.
De acordo com a pasta, houve aumento da cobertura de 15 das 16 principais vacinas do calendário infantil, depois de quedas consecutivas desde 2016. A retomada de programas e expansão de serviços resultou no aumento da assistência em saúde e do atendimento da população em todo o país.
Foram conquistas memoráveis do nosso trabalho a saída do Brasil da lista dos 20 países com mais crianças não vacinadas no mundo, segundo a Unicef/OMS e a certificação de país livre do Sarampo, título perdido em 2019”, disse a ministra da Saúde Nísia Trindade. (saiba mais aqui)
Rio libera vacina contra meningite para profissionais de saúde
A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro liberou, a partir desta quinta-feira (26), a vacina antimeningocócica ACWY para os profissionais de saúde da cidade. A medida visa aproveitar as 11 mil doses remanescentes do imunizante que têm vencimento previsto para o final do mês de janeiro de 2025.
A vacina antimeningocócica ACWY, que protege contra quatro sorotipos da doença meningocócica bacteriana (A, C, W e Y), é normalmente aplicada em dose única em crianças e adolescentes de 11 a 14 anos. Pessoas que vivem com HIV e transplantados também devem tomar uma dose do imunizante.
Segundo o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, a vacina ACWY antimeningocócica está sendo liberada para todos os profissionais de saúde, excepcionalmente, porque existem 11 mil doses previstas para vencer no mês de janeiro. “Esta é uma vacina de muito difícil acesso, então, o momento de vacinar é agora. Esta é a grande oportunidade de conseguir tal proteção”, explicou.
A meningite é um processo inflamatório das meninges, que são as membranas que envolvem o cérebro. Entre os agentes infecciosos, estão vírus, fungos, bactérias e outros agentes infecciosos. A vacina é uma das formas de prevenção contra a doença.
Os principais sintomas da meningite são febre, dor de cabeça, vômito, rigidez no pescoço, sangramentos sob a pele e convulsões. A doença é grave e tem evolução rápida. Ao notar algum desses sinais, a pessoa deve procurar uma unidade de emergência.
A vacinação fica disponível enquanto durar o estoque das doses específicas nas 239 unidades de Atenção Primária, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
Da Agência Brasil, com Redação (atualizada em 2/1/25 para incluir posicionamento da Ministério da Saúde)