Durante anos, a canadense Lisa Benshabat foi repetidamente informada pelos seus médicos que suas dores estavam em sua cabeça. Até que ela não aguentou mais e tirou sua vida aos 24 anos de idade (em 2016). “O que ocorreu com Lisa não é incomum”, afirma Julio Troncoso, autor de ‘O Paradoxo de Eva’.

Segundo ele, em comparação aos homens, as mulheres têm mais dor crônica e são mais diagnosticadas com síndromes de dor crônica. Contudo, se queixam de seus relatos de dor não serem ouvidos devidamente, e sua dor ser rotulada de ‘inexplicável’, pelos médicosE o que tinha Lisa? Uma dor pélvica angustiante, diz ele.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 30% da população mundial sofre de dor crônica, e 70% dessa população é feminina. A proporção feminina da população impactada pela dor crônica é o dobro da masculina. Mas, infelizmente, elas não são levadas a sério. Geralmente as mulheres informam experimentar uma dor maior recorrente, mais intensa e mais duradoura que os homens.

Mesmo assim, estudos comprovam que as mulheres são tratadas menos assertivamente, não recebem da saúde pública e privada o mesmo tratamento dado aos homens e que algumas padecem e até falecem em função disso. Não à toa as mulheres têm sido mais frequentemente encaminhadas para psicólogos ou psiquiatras, enquanto os homens recebem testes para descartar as condições orgânicas reais.

Rroncoso não é profissional de saúde, mas se tornou um especialista no assunto após sofrer por 25 anos de dor cervical. Ele passou a se dedicar aà pesquisa sobre dor crônica, e assim desenvolveu uma estratégia de vida e um tratamento multifatorial capaz de controlá-la.

O livro online gratuito, de conteúdo inédito no Brasil, com 130 páginas, foi lançado no último domingo, Dia Internacional da Mulher(8 de março).  A obra serve de alerta sobre o assunto, numa análise aprofundada baseada em uma série de comprovações científicas internacionais de que a mulher não está sendo tratada à altura de suas dores complexas.

Mulheres não são levadas a sério pelos médicos

‘O Paradoxo de Eva’ mostra que em toda a história não foram poucas as vezes em que as mulheres foram informadas seja por profissionais da saúde, familiares ou pessoas próximas, que sua dor era “psicossomática” ou influenciada por sofrimento emocional. Revisões de estudos mostraram que mulheres com dor podem ser percebidas como histéricas, emocionais, falsificando ou fabricando a dor. São mais de 300 tipos de dores crônicas que acometem, sobretudo as mulheres.

O relatório do Journal of Law, Medicine and Ethics, datado de 2001, já dava o ‘pontapé inicial’: “as mulheres que procuram ajuda têm menos probabilidade de serem levadas a sério quando relatam dor e são menos propensas a ter sua dor tratada adequadamente, concluem pesquisadores. Esses achados têm se repetido em revistas médicas durante vários anos desde então.

Segundo o pesquisador, na indústria médica há um longo histórico de desconsideração da dor feminina. “É difícil, todavia, precisar se isso se deve ao viés de gênero, à falta de pesquisas médicas sobre as mulheres ou às diferenças reais sobre como os sexos interpretam a dor. O que importa é que este desequilíbrio no atendimento médico oferecido às mulheres está custando saúde e vidas. Permanecer indiferente diante de uma realidade tão terrível quanto essa, isso sim é paradoxal”.

A situação já é denunciada e debatida no Canadá, Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, entre outros. Das mais de 2.400 mulheres americanas com dor crônica entrevistadas pelo National Pain Report, em 2014, 83% disseram ter se sentido discriminadas pelos médicos por uma questão de gênero” http://nationalpainreport.com/women-in-pain-report-significant-gender-bias-8824696.html.

Brasil despreza o assunto: como diminuir o preconceito

Entre os objetivos do projeto Dor Crônica como um todo (blog, livros, ebooks, apps, artigos, entre outros) está o de diminuir o preconceito com relação à dor da mulher. “A diferença de tratamento deste assunto no exterior com relação ao Brasil é gritante. Nos Estados Unidos, por exemplo, existem muitas organizações de mulheres que produzem livros, vídeos, vão na televisão, se movimentam e denunciam a respeito deste que não é um assunto feminista e sim feminino.

A questão também é ignorada no Brasil. “No Brasil absolutamente nada existe”, afirma Troncoso. Inclusive, o pesquisador conta que no Brasil foram realizados três grandes congressos sobre Dor, nos últimos dois anos, com aproximadamente 4 mil profissionais de saúde e nenhuma das palestras tratou do tema em questão. “Digamos que, para essa comunidade, dores são dores assexuadas e como tais devem ser tratadas”, presume.

“O Paradoxo de Eva” mostra que seria fundamental ser discutido e investigado no Brasil, por exemplo, que parte da medicação para a dor comercializada funciona menos para as mulheres do que para os homens – um fato cientificamente comprovado  https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22337582. Também teria que se investigar se algumas mulheres estão sendo, como o são em outros países, vítimas de diagnósticos equivocados por suas doenças e dores serem complexas, ou porque na faculdade os profissionais da saúde não são treinados em dores femininas.

“Nos perguntamos se não é ignorado para não atrair a fúria das entidades médicas”, desafia Troncoso. Com o livro se pretende motivar formadores de opinião a debater o assunto nas suas esferas de atuação, por ser este um tema capaz de agregar cientistas, ativistas, mídias, entidades governamentais e associações profissionais.

Entre as demais abordagens do livro estão as mulheres e as doenças cardíacas; os homens serem  mais propensos a receber medicação do que as mulheres quando relatam dor; doenças crônicas que comprovadamente as mulheres estão mais submetidas (como esclerose múltipla, artrite reumatoide, fibromialgia, Síndrome de Sjogren, entre outras); e a demonstração de que o  viés de gênero também contamina a pesquisa com animais (80% dos estudos de dor são realizados em roedores machos ou homens humanos).

O livro também relata que as consequências da desinformação sobre a dor feminina por parte de pacientes e médicos ocorrem em três planos: 1) diagnósticos equivocados; 2) angústia, ansiedade e depressão nas pacientes e impotência e frustração nos médicos; e 3) carga tributária.

Um relatório da Campaign to End Chronic Pain in Women, uma ONG americana, reportava há dez anos que o treinamento médico inadequado em diagnosticar e tratar apenas seis “dores femininas”, incluindo fibromialgia e Síndrome da Fadiga Crônica, acrescentava mais de US$ 80 bilhões por ano à saúde da América. http://www.endwomenspain.org/.

App Alívio Mulher

Juntamente com o livro, chega ao mercado o novo aplicativo gratuito ‘Alívio Mulher’ , jogo inédito no mundo e exclusivamente sobre dores femininas – 17 delas apresentadas em mais de 3 mil informações comprovadas sobre dor, sendo que cada uma o jogador deve julgar se Verdadeira ou Falsa. “O app é destinado ao paciente para que possa se divertir um pouco enquanto joga.  É uma distração, mas existem evidências que a educação em dor ajuda no alívio da mesma, é terapêutica. Quanto mais se joga, mais se aprende”, explica Troncoso.

Tanto o livro “O Paradoxo de Eva” quanto  o app “Alívio Mulher” podem ser acessados no  Dor Crônica – O Blog (https://dorcronica.blog.br), projeto filantrópico de educação em dor no Brasil, que abriga artigos, ebooks, vídeos, questionários, aplicativos, cartuns, lâminas pedagógicas e conteúdos de redes sociais, entre outros. Todo este material é de idealização e autoria de Julio Troncoso, com consultoria de Rosana Pereira, administradora de empresas com pós-graduação na Fundação Getúlio Vargas.

“Este projeto é dedicado a ajudar a construir uma consciência sobre Dor Crônica, uma vez que falta conhecimento do paciente e atualização do profissional de saúde nesta área”, explica Rosana. “As faculdades de medicina e associações médicas não abordam o tema dor; os médicos e outros profissionais da saúde, por sua vez, não costumam educar seus pacientes em dor.

Existe, inclusive, uma restrição legal impedindo o Sistema Único de Saúde – SUS de informar pacientes sobre o que não estiver chancelado pela Medicina Baseada em Evidências. Um empecilho que impede levar informação básica sobre dor a milhões de pessoas. “Com este projeto pioneiro vamos muito além de apenas informar, nós educamos sobre dor, e, sem dúvida, estamos preenchendo um vazio flagrante”, conclui a consultora.

Sobre o autor

Formado em Economia e Administração de Empresas e PhD em Comportamento pela Cornell University (EUA), Troncoso já lançou 10 livros digitais sobre o tema e o fato de ser um pesquisador profissional e falar quatro idiomas facilitou interpretar, compilar e analisar, ao longo de um ano, as mais diversas pesquisas realizadas no mundo sobre a dor feminina e o viés de gênero na saúde, e trazer como resultado o desafiador ‘O Paradoxo de Eva’.

Ele também é idealizador do jogo e membro da SBED – Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor e da ABCT – Association for Behavioural and Cognitive Therapies, USA e do WIP – World Institute of Pain. Criado em parceria com a empresa Overtime Studios, o novo app permite jogar sozinho ou com um oponente, onde é preciso avaliar afirmações em termos de Verdadeiras e Falsas, sendo que em cada resposta é possível ser direcionado a novas informações de pesquisas internacionais sobre o tema.

Mastologista de Ana Furtado lança livro sobre câncer de mama

Autor de “Abrindo o jogo: uma conversa direta sobre o câncer de mama”, o cirurgião mastologista titular do Hospital Israelita Albert EisnteinSilvio Bromberg, recebeu na noite da última quarta-feira (4), na Livraria da Vila, em São Paulo, familiares e ex-pacientes, como a atriz Ana Furtado, que conta a sua vivência no prefácio do livro em 

Achei importante compartilhar a minha experiência com outras mulheres. Não tem como falar o Dr. Silvio e não me emocionar. Ele foi um anjo pra mim em um dos momentos mais difíceis da minha vida. Não esperava que fosse tão bem acolhida por ele e quero dividir isso ”, disse Ana Furtado.

Parte da renda do livro será revertida ao Instituto Protea, que proporciona tratamento de câncer de mama para mulheres que não teriam condição de pagar por isso. “Este livro é muito importante para as mulheres pois desmistifica muitos tabus existentes sobre o câncer de mama. A falta de informação é um dos problemas quando há o diagnóstico de câncer e, nisso, o livro vai ajudar muito”, disse Cristina Assumpção, diretora executiva do Instituto Protea.

Silvio Bromberg também trabalha com mulheres mastectomizadas da Unifesp / Hospital São Paulo. Na noite de autógrafos, representantes da Associação Paulista Feminina de Combate ao Câncer, que atendem as mulheres em tratamento de câncer de mama no Hospital São Paulo, fizeram questão de ressaltar o trabalho do autor do livro.  “O livro vai potencializar o serviço de orientação e informação que o Dr. Silvio já faz com as mulheres mastectomizadas na Unifesp”, disse Miriam Pezinatto, da APFCC.

livro já está à venda nas Paulinas Livrarias de todo o Brasil, no site paulinas.com.br ou pelo 0800 70100 81.

Lançamentos adiados

Heroínas desta História – Em virtude da pandemia de coronavírus oficializada pela Organização Mundial de Saúde e seguindo a recomendação do Ministério da Saúde, o Instituto Vladimir Herzog tomou a decisão de adiar o lançamento do livro “Heroínas desta História” que estava marcado para a próxima terça, 17 de março, na Unibes Cultural, em São Paulo. A organização ressalta que era grande a expectativa de celebrar a vida e a luta das mulheres retratadas na obra, exatamente no mês em que a visibilidade da luta das mulheres por direitos é promovida. “Entretanto, diante do cenário já instalado, optamos pela precaução e pela responsabilidade coletiva, a fim de proteger nossos convidados e colaborar com as recomendações das autoridades de saúde”, informou a ONG.

Liderança Fluida – Também foi adiado o lançamento do quarto livro “Liderança Fluida”, do formador de líderes, palestrante e escritor Louis Burlamaqui, que estava programado para a próxima terça-feira, 17 de março,  no Teatro Ney Soares (Rua Diamantina 453, Bairro Lagoinha), em Belo Horizonte (MG), será adiado como forma de prevenção. O evento será remarcado posteriormente, quando for seguro para as pessoas.

Flipoços – Acatando as determinações dos órgãos municipais, estaduais e federais, a Curadoria do Flipoços – Festival Literário Internacional de Poços de Caldas 2020 e da 15ª Feira Nacional do Livro  transferiu a realização dos eventos para o período de 15 a 23 de agosto p.f. no Espaço Cultural da Urca. A organização vai informar as alterações que vierem a acontecer na grade na programação. Outras informações pelo site www.flipocos.com

Biblioteca na Praia – O evento “Biblioteca na Praia”, que aconteceria no dia 19 de março, foi adiado em razão do novo coronavírus (Covid-19). Promovido pelo escritor João Pedro Portinari Leão, autor do livro A Isca, publicado pela editora Edite, e o restaurante La Carioca, a iniciativa tem como objetivo promover a leitura por meio de uma biblioteca colaborativa que seria instalada na Praia do Leblon, no Rio de Janeiro (RJ). Assim que a situação se normalizar, entrará em contato para informar sobre a nova data do projeto e dos demais eventos para lançamento do livro.

Com Assessorias (Atualizado em 18 de março de 2020)

Com Assessorias

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