Em 14 de agosto de 2024, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou emergência global relacionada à Mpox, em função do grande número de casos na República Democrática do Congo neste ano e do crescimento explosivo no continente africano, com a circulação de quatro clados, que são linhagens do vírus.

Desde 2023, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso provisório do imunizante contra o vírus da Mpox, o Brasil já recebeu cerca de 47 mil doses e aplicou 29 mil. A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) aguarda a compra e distribuição da vacina pelo Ministério da Saúde.

Diante das dúvidas da população sobre a mpox, o infectologista Rafael Galliez, do Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião, esclarece eventuais dúvidas sobre a doença. Confira!

1. O Rio de Janeiro está em estado de emergência?

Em 14 de agosto de 2024, o diretor-geral da OMS declarou que o aumento contínuo de casos de Mpox, incluindo uma nova linhagem do vírus que transmite a doença, o Clado 1b, constitui uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). Isso significa que a doença representa um risco à saúde pública, pela possibilidade de disseminação internacional, e requer uma resposta internacional coordenada.

Em 2022, houve o início da grande circulação do Clado 2b que atingiu diversos países em todos os continentes. No momento foram detectados apenas dois casos do Mpox Clado 1b fora do continente africano (um na Suécia e um na Tailândia). O restante dos casos nos diversos continentes estão associados ao Clado 2b já em circulação desde 2022.

Em 2024, foram notificados no Brasil 791 casos confirmados e prováveis de Mpox. O Estado do Rio de Janeiro registrou 190 casos. Não houve registro de óbitos por Mpox no Brasil em 2024. No momento os casos estão associados ao 2b.

A transmissão da Mpox ocorre principalmente por meio do contato direto com lesões na pele. As lesões em fase de pústula são particularmente infecciosas e, diferentemente da varicela, mantêm-se infecciosas mesmo quando crostosas. Além disso, a transmissão pode ocorrer através de fluidos corporais e materiais contaminados, como roupas ou lençóis utilizados por uma pessoa infectada. Também é possível a transmissão por gotículas respiratórias em casos de contato prolongado e próximo.

3. Quais são os principais sintomas?

Os principais sintomas da Mpox incluem febre, dor de cabeça intensa, dores musculares, cansaço extremo, linfonodos inchados (ínguas) e erupções cutâneas que geralmente começam no rosto e se espalham para outras partes do corpo, incluindo mãos, pés e genitália.

4. Quem pode contrair?

Qualquer pessoa que tenha contato próximo com uma pessoa infectada ou com materiais contaminados pode contrair a Mpox. O vírus também pode ser transmitido de uma gestante para o feto através da placenta, ou da mãe infectada para o filho durante ou após o parto, por meio do contato pele a pele.

5. A Mpox é uma doença sexualmente transmissível?

Embora a Mpox possa ser transmitida através de contato íntimo, incluindo o contato sexual, ela não é considerada uma doença sexualmente transmissível. A transmissão pode ocorrer de outras formas, como através do contato pele a pele.

6. Quais são os riscos da doença?

Na maioria dos casos, os sintomas da Mpox desaparecem em algumas semanas. No entanto, em pessoas imunocomprometidas, crianças e gestantes, os sinais e sintomas podem levar a complicações e até à morte. As complicações podem incluir infecções secundárias, pneumonia e encefalite (inflamação do cérebro).

7. Quais são as causas da doença?

A Mpox é causada pelo vírus Mpox, que pertence ao gênero Orthopoxvirus, o mesmo grupo de vírus que causa a varíola humana.

8. Existe algum método de prevenção? 

A principal forma de prevenir a doença é evitar contato direto com pessoas infectadas, usar equipamentos de proteção individual (como máscaras e luvas) em ambientes de risco, e higienizar bem as mãos e objetos pessoais. A vacina utilizada no país é a Jynneos, composta pelo vírus atenuado. Ela é recomendada para adultos, incluindo gestantes, lactantes e pessoas com HIV.

A estratégia de vacinação adotada no Brasil prioriza a proteção das pessoas com maior risco de evolução para formas graves da doença, como pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA): homens cisgêneros, travestis e mulheres transexuais; com idade igual ou superior a 18 anos; e com status imunológico identificado pela contagem de linfócitos T CD4 inferior a 200 células nos últimos seis meses.

Profissionais de laboratórios que trabalham diretamente com Orthopoxvirus em laboratórios com nível de biossegurança 2 (NB-2), de 18 a 49 anos de idade, também são priorizados. Pessoas que tiveram contato direto com fluidos e secreções corporais de indivíduos suspeitos, prováveis ou confirmados para Mpox, cuja exposição seja classificada como de alto ou médio risco, conforme recomendações da OMS, mediante avaliação da vigilância local.
9. Como é o tratamento?
Atualmente, o tratamento dos casos de Mpox é baseado em medidas de suporte clínico, com o objetivo de aliviar sintomas, prevenir e tratar complicações e evitar sequelas. A maioria dos casos apresenta sinais e sintomas leves a moderados. Existem estudos em andamento no país para avaliação do medicamento Tecovirimat no tratamento do Mpox.
Fonte: SES-RJ
Shares:

Posts Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *