O Brasil enfrenta um cenário preocupante com o aumento de casos de mpox, uma doença zoonótica viral que tem se espalhado pelo país e vem preocupando autoridades internacionais. Com 709 casos

confirmados ou prováveis e 16 mortes desde 2022, sendo a mais recente em abril de 2023. Já em âmbito global, este ano, os casos já superam o total registrado em 2023 e somam mais de 14 mil, além de 524 mortes.

confirmados ou prováveis e 16 mortes desde 2022, sendo a mais recente em abril de 2023. Já em âmbito global, este ano, os casos já superam o total registrado em 2023 e somam mais de 14 mil, além de 524 mortes.

Após uma reunião de emergência para atualizar as recomendações e o plano de contingência nacional, o Ministério da Saúde instalou nesta quinta-feira (15) um Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para coordenar as ações de resposta à mpox no Brasil e adotar medidas de enfrentamento à disseminação da doença, novamente declarada emergência em saúde pública de importância internacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A situação é monitorada de perto em colaboração com outras instituições internacionais, como o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).
O comitê contará com representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), conselhos de secretários municipais e estaduais de saúde. Entre as medidas que devem ser adotadas, segundo a ministra, estão a aquisição de testes de diagnóstico, alerta para viajantes e atualização do plano de contingências.
A pasta ressaltou a importância de estar preparado para possíveis ajustes no planejamento caso novas evidências justifiquem mudanças nas estratégias adotadas até o momento. Com a reunião marcada para esta semana, a expectativa é que novas diretrizes sejam estabelecidas para enfrentar o aumento dos casos de mpox no Brasil.

O Ministério da Saúde reforça que, caso surjam novas evidências científicas que justifiquem mudanças no plano de contingência, as medidas necessárias serão adotadas de imediato. A participação de especialistas é essencial para garantir que as decisões sejam baseadas em dados atualizados e que a resposta à mpox no Brasil seja a mais eficaz possível.

Nível de risco no Brasil é considerado baixo

A medida ocorre em meio à circulação de uma nova variante do vírus no continente africano, o que elevou a necessidade de intensificar a vigilância e as ações preventivas. Segundo Ethel, dentro das configurações da nova emergência global instalada pela OMS, o Brasil está no nível 1, o menos alarmante, com cenário de normalidade para a doença e sem casos da nova variante identificada na República Democrática do Congo, na África.

De acordo com o ministério, o nível 2 refletiria um cenário de mobilização, com detecção de casos importados no Brasil; o nível 3, cenário de alerta, com detecção de casos autóctones esporádicos; o nível 4, situação de emergência, com transmissão sustentada em território nacional; e o nível 5, situação de crise, com uma epidemia de mpox instalada no país.

Dados da pasta indicam que, desde 2023, o país apresenta estabilidade no número de infecções.

De acordo com o ministério, desde a primeira emergência decretada em razão da doença, de 2022 a 2023, a vigilância para a mpox se manteve como prioridade.

A pasta informou que vinha monitorando atentamente a situação mundial e as informações compartilhadas pela OMS e por outras instituições e que já iniciou a atualização das recomendações e do plano de contingência para a doença no Brasil.

Já estávamos acompanhando, tivemos reunião de especialistas, há duas semanas, desde que começaram os casos, e essa possibilidade [de disseminação da doença], e vamos analisar as questões como vacina. Não há motivo de alarme, mas de alerta”, disse ela a jornalistas, no Palácio do Planalto, após participar de um evento de anúncio de investimentos na indústria da saúde.

Apesar do crescimento no número de casos, a nova onda da doença apresenta risco baixo neste momento para o Brasil. O número de casos notificados é classificado pelo Ministério da Saúde como “significativamente menor” quando comparado aos mais de 10 mil em 2022, durante o pico da primeira emergência da doença no país. Segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o momento é de alerta, mas não de alarme.

Em maio de 2023, quase uma semana após alterar o status da covid-19, a OMS declarou que a mpox também não configurava mais emergência em saúde pública de importância internacional. Em julho de 2022, a entidade havia decretado status de emergência em razão do surto da doença em diversos países.

Saúde negocia compra de 25 mil doses de vacina contra mpox

A aquisição emergencial de 25 mil doses de vacina contra a mpox está sendo negociada pelo Ministério da Saúde com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). O anúncio foi feito pela pasta, nesta quinta-feira (15), mas, por enquanto, não há previsão de imunização em massa.

Brasília (DF), 10/04/2023 - Fachada do ministério da Saúde.
Ministério da Saúde, em Brasília (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Durante a primeira emergência global por mpox, em 2023, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso emergencial e provisório da vacina Jynneos para combater a doença, já que o insumo não era licenciado no Brasil. A autorização foi renovada em fevereiro deste ano, mas venceria novamente este mês. O ministério já fez um novo pedido de renovação.

Estamos numa fase em que o que é importante é a vigilância e o monitoramento”, destacou a ministra da Saúde, Nísia Trindade. “Muitas vezes, as pessoas ficam ansiosas. A vacina sempre gera uma grande expectativa. Mas é importante reiterar que, nos casos em que se recomenda a vacinação, ela é muito seletiva, focada em públicos-alvo muito específicos até este momento”, explicou a ministra.

Brasília (DF), 16/07/2024 - A ministra da Saúde, Nísia Trindade durante entrevista coletiva onde fala sobre o Programa SUS Digital. Foto: José Cruz/Agência Brasil
Ministra da Saúde, Nísia Trindade . Foto: José Cruz/Agência Brasil – José Cruz/Agência Brasil
No ano passado, a imunização contra a doença foi realizada durante a primeira emergência em saúde pública de importância internacional por mpox, com o uso das doses liberadas pela Anvisa de forma provisória, priorizando pessoas com maior risco de evolução para formas graves da doença. Desde o início da imunização, mais de 29 mil doses foram aplicadas.

Quem pode tomar o imunizante

Segundo a Anvisa, o imunizante é destinado a adultos com idade igual ou superior a 18 anos e tem prazo de até 60 meses de validade, quando conservado entre -60 graus Celsius (°C) e -40°C. A prorrogação da dispensa temporária e excepcional é válida por seis meses e se aplica somente ao ministério. Desde 2023, mais de 29 mil doses contra a mpox foram aplicadas no Brasil. Essas doses também foram usadas para pesquisas científicas.

O público-alvo definido à época da primeira emergência incluiu pessoas vivendo com HIV/aids de 18 a 49 anos, independentemente do status imunológico identificado pela contagem de linfócitos TCD4; e profissionais de laboratórios do tipo NB-2 com idade entre 18 e 49 anos e que trabalham com o Orthopoxvirus.

Quem teve contato direto com fluidos e secreções corporais de pacientes com suspeita de infecção por mpox também integrou o público-alvo definido pelo ministério para ser imunizado contra a doença, mas mediante avaliação da vigilância local.

A vacina Jynneos é de um produtor nórdico e tem uma produção pequena. Há insuficiência no mercado internacional”, ressaltou a secretária de Vigilância em Saúde do ministério, Ethel Maciel. “Neste momento, estamos negociando com a Opas um processo de compra. Para que, além daquelas pessoas que já vacinamos, ter uma reserva no Brasil”, completou.

Da Agência Brasil
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