A influenciadora digital de beleza Valéria Pantoja, de 27 anos, morreu no último domingo (4), em Manaus (AM), vítima de um mal súbito, Segundo publicações de pessoas próximas, a jovem sofreu complicações decorrentes de uma infecção pós-operatória durante uma cirurgia bariátrica.

No entanto, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) contesta que a causa da morte tenha sido o procedimento e diz que “pacientes que passam pela cirurgia bariátrica estão sujeitos a doenças e fatalidades, assim como pessoas que não passaram pelo procedimento”.

Em nota enviada ao Vida e Ação, a entidade diz que “veículos de imprensa, blogs e outros meios de comunicação repercutiram o falecimento da jovem e induziram a população a associar a cirurgia bariátrica como causa do óbito. No entanto, é importante ressaltar que não há nenhum laudo médico oficial divulgado sobre a causa morte de Valéria”.

Segundo informações obtidas pela SBCBM, ela foi “submetida ao tratamento cirúrgico da obesidade pela técnica de Gastrectomia Vertical, no dia 1º de novembro de 2024, no Hospital Santa Júlia, em Manaus. Ou seja, o óbito ocorreu seis meses após a realização do procedimento”.

A entidade também defendeu a segurança do procedimento assegurando que “a cirurgia bariátrica é amplamente padronizada, segura e recomendada por sociedades médicas internacionais como tratamento eficaz da obesidade severa e de doenças metabólicas como o diabetes tipo 2″.

A cirurgia bariátrica é um procedimento que existe há cerca de 50 anos, com estudos científicos que avaliaram durante décadas pacientes operados, apontando que a taxa de mortalidade em 30 dias após a cirurgia bariátrica foi de apenas 0,13%, com taxa geral de complicações graves abaixo de 5% — valores semelhantes ou inferiores aos de cirurgias de vesícula ou apendicite. Este estudo – publicado no Journal of the American College of Surgeons analisou mais de 66 mil pacientes.

Mais de 80 mil cirurgias bariátricas são feitas todos os anos pelo SUS

De acordo com dados do DataSUS, foram realizadas 80.441 cirurgias bariátricas no Brasil em 2023, sendo 7.570 pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Já segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), 3.830 procedimentos foram feitos no setor particular e outros 69.041 via planos de saúde. No primeiro semestre de 2024, o Ministério da Saúde registrou 6.008 cirurgias realizadas até julho.

cirurgia bariátrica tem sido uma das principais estratégias para o tratamento da obesidade grave e suas comorbidades. É um procedimento importante para o tratamento da obesidade, e pode trazer benefícios significativos para a saúde do paciente. Ela é indicada quando há falha nos tratamentos convencionais para perda de peso e quando o excesso de peso representa um risco à vida da pessoa.

O cirurgião geral Ernesto Alarcon especialista em Videolaparoscopia, explica que  além da perda significativa do peso, uma média de 45% a 60% do peso inicial, há uma melhoria na saúde geral, como o controle da hipertensão, diabetes e do colesterol.

Outro benefício importante é o aumento da autoestima e o impacto positivo no humor, melhorando assim a qualidade de vida o paciente. “Lembre-se de discutir todas as opções com um médico qualificado antes de decidir pela cirurgia bariátrica. Cada paciente é único, e a escolha deve ser personalizada”, destaca.

Além da perda de peso, a cirurgia pode melhorar ou curar doenças associadas à obesidade. As doenças comumente associadas incluem:

– Doenças cardiovasculares: como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, angina e fibrilação arterial.

– Problemas respiratórios: dificuldade na movimentação do diafragma e redução da capacidade pulmonar.

– Hipertensão: aumento da pressão nos vasos sanguíneos devido ao excesso de gordura.

– Diabetes mellitus: especialmente tipo 2, que está fortemente associado ao excesso de peso.

– Doença hepática gordurosa não alcoólica: acúmulo de gordura no fígado.

– Osteoartrose: desgaste das articulações devido ao excesso de peso.

– Alguns tipos de câncer: especialmente aqueles relacionados ao sistema digestivo.

 

Riscos do procedimento

No entanto, o sucesso da cirurgia bariátrica depende não apenas do procedimento em si, mas de uma preparação adequada e de um acompanhamento contínuo.  Apesar dos benefícios na perda de peso e no controle de doenças associadas à obesidade, a cirurgia pode trazer riscos metabólicos, nutricionais e psicológicos que afetam a recuperação e a qualidade de vida dos pacientes.

Os riscos vão desde uma reação à anestesia geral, complicações pós operatória como dor e infecção no local da incisão. Para evitar uma deficiência nutricional, deve se buscar uma suplementação adequada”, diz  o Dr. Alarcon.

Para prevenir riscos, antes da cirurgia bariátrica, o paciente passa por uma série de avaliações e exames. Esses procedimentos incluem avaliação multidisciplinar: O paciente consulta com cirurgião, cardiologista, endocrinologista, psicólogo, nutricionista e fisioterapeuta e faz exames laboratoriais e de imagem como endoscopia digestiva alta, ultrassonografia de abdome total, eletrocardiograma, hemograma, colesterol entre outros”, explica

Após a cirurgia, o paciente precisa seguir cuidados específicos. No pós-operatório imediato, o paciente já pode sentar, levantar e ingerir líquidos após 12 a 24 horas. A alimentação inicial é líquida, com água, caldos e sucos. Para a dieta progressiva, inicia-se com dieta líquida, seguida de pastosa, branda e, finalmente, alimentação geral. Fracionar refeições e consumir proteínas são essenciais no processo”, adverte o Dr. Ernesto Alarcon.

 

Como a abordagem pode transformar a recuperação e a qualidade de vida

 

A médica integrativa Olívia Grimaldi, especialista em Patologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e diretora clínica da Integrative Vila Mariana/SP, diz que a maioria dos pacientes chega ao procedimento com processos inflamatórios crônicos, desequilíbrios hormonais e déficits nutricionais que podem comprometer os resultados.

Segundo ela, o suporte da Medicina Funcional Integrativa antes e depois da cirurgia oferece uma abordagem ampla e preventiva, essencial para otimizar a saúde antes da cirurgia e evitar complicações no pós-operatório. Além de reduzir riscos metabólicos, previne deficiências nutricionais e melhora os resultados a longo prazo.

A cirurgia é um passo importante, mas sem um cuidado contínuo com alimentação, suplementação e bem-estar emocional, os desafios permanecem. Nosso objetivo é garantir que a bariátrica seja uma ferramenta para uma vida mais saudável e equilibrada. Nosso trabalho é preparar o organismo para essa grande mudança, corrigindo essas questões de forma individualizada e garantindo um pós-operatório mais seguro e eficaz”, explica.”, diz ela.

A importância do suporte nutricional, metabólico e emocional no pós-operatório

Após a cirurgia, o corpo passa por uma série de adaptações que exigem acompanhamento constante. Segundo a Dra. Olívia, o procedimento reduz drasticamente o espaço de absorção de nutrientes no estômago e intestino delgado, o que pode levar a deficiências nutricionais importantes se não houver um suporte adequado.

Ela explica que os tipos mais comuns de cirurgia bariátrica são o bypass gástrico e a gastrectomia vertical. No bypass, há um desvio do trânsito intestinal, reduzindo a absorção de nutrientes. Já na gastrectomia vertical, conhecida como sleeve, parte do estômago é retirada, diminuindo a produção de hormônios ligados à fome e à digestão.  Em ambos os casos, é essencial um acompanhamento nutricional rigoroso para evitar complicações a longo prazo.

Deficiências de ferro, vitamina B12, cálcio, vitamina D e zinco são frequentes após a cirurgia e precisam ser corrigidas com suplementação para evitar anemia, osteoporose e problemas relacionados ao sistema nervoso central. Além disso, antioxidantes como a vitamina C e a vitamina E ajudam na cicatrização e no fortalecimento do sistema imunológico”, esclarece.

O controle dos níveis de glicose e hormônios, como os da tireóide, também é essencial para evitar complicações como hipoglicemia reativa e alterações metabólicas que podem levar ao reganho de peso. O suporte emocional também desempenha um papel fundamental no sucesso do tratamento, ajudando os pacientes a lidarem com a mudança na relação com a alimentação e o corpo.

O acompanhamento psicológico, com técnicas como terapia cognitivo-comportamental e mindfulness, auxilia na adaptação à nova rotina e na manutenção dos resultados a longo prazo”, destaca a Dra. Olívia.

Pacientes que recebem acompanhamento integrativo antes e depois da cirurgia apresentam melhores resultados na manutenção do peso e no controle de doenças associadas à obesidade, além de menor risco de complicações metabólicas e nutricionais. Para a Dra. Olívia, o grande diferencial da abordagem integrativa está na promoção da autonomia do paciente.

Confira a nota da SBCBM na íntegra

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) vem à público esclarecer fatos importantes sobre o falecimento da influenciadora digital de beleza Valéria Pantoja, ocorrido no último domingo, 4 de maio de 2025, em Manaus (AM), vítima de um mal súbito

Veículos de imprensa, blogs e outros meios de comunicação repercutiram o falecimento da jovem e induziram a população a associar a cirurgia bariátrica como causa do óbito. No entanto, é importante ressaltar que não há nenhum laudo médico oficial divulgado sobre a causa morte de Valéria.

Segundo informações obtidas pela SBCBM, ela foi submetida ao tratamento cirúrgico da obesidade pela técnica de Gastrectomia Vertical, no dia 1º de novembro de 2024, no Hospital Santa Júlia, em Manaus. Ou seja, o óbito ocorreu 6 meses e 4 dias após a realização do procedimento.

A cirurgia bariátrica é um procedimento que existe há cerca de 50 anos, com estudos científicos que avaliaram durante décadas pacientes operados, apontando que a taxa de mortalidade em 30 dias após a cirurgia bariátrica foi de apenas 0,13%, com taxa geral de complicações graves abaixo de 5% — valores semelhantes ou inferiores aos de cirurgias de vesícula ou apendicite. Este estudo – publicado no Journal of the American College of Surgeons analisou mais de 66 mil pacientes

Hoje, a cirurgia bariátrica é amplamente padronizada, segura e recomendada por sociedades médicas internacionais como tratamento eficaz da obesidade severa e de doenças metabólicas como o diabetes tipo 2. A Sociedade reitera ainda que pacientes que passam pela cirurgia bariátrica estão sujeitos a doenças e fatalidades, assim como pessoas que não passaram pelo procedimento.

A SBCBM lamenta a morte prematura da jovem, presta condolências e deseja força e serenidade à sua família

Com Assessorias

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