Diz o ditado popular que religião – assim como o futebol – não se discute – e, portanto, não deveria ser foco de preconceito e discriminação. Mas, infelizmente, é o que acontece. O Rio de Janeiro é campeão no ranking de denúncias de intolerância religiosa – só este ano, foram 214 registros, segundo dados do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania. Nova Iguaçu, Duque de Caxias e Niterói também constam da lista das 15 cidades brasileiras com maior número de denúncias.
Por isso, temas como a promoção da cultura da paz e o respeito à diversidade religiosa também foram colocados na pauta do G20 Social no Rio de Janeiro. Nesta sexta-feira (15/11), o evento foi palco de um painel significativo que reuniu líderes religiosos, educadores e representantes de diversas organizações da sociedade civil para debater a importância do respeito mútuo e da convivência pacífica entre diferentes crenças.
Durante o painel, foram apresentadas ações que visam a promover a educação e o respeito entre as religiões, além de medidas para combater a violência e a intolerância religiosa. Os participantes discutiram iniciativas que buscam facilitar o diálogo inter-religioso e a construção de pontes entre as comunidades. Entre as propostas apresentadas, destaca-se a realização de oficinas, palestras e eventos culturais que incentivem o conhecimento e a troca de experiências entre as diferentes tradições religiosas.
Representantes do Complir-Rio – Conselho Municipal de Defesa e Promoção da Liberdade Religiosa , órgão colegiado sob a coordenação da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SMASDH) – destacaram a necessidade de implementar programas educativos que ensinam desde cedo a importância da diversidade e da aceitação das diferenças.
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Sacerdotisa cigana defende livre prática da fé
O painel também contou com a participação de representantes de diversas religiões, que compartilharam suas experiências e reflexões sobre a importância do respeito e da convivência harmônica.
As discussões foram enriquecedoras e trouxeram à tona a necessidade de ações concretas para garantir a liberdade religiosa e a paz social. É fundamental que trabalhemos juntos para erradicar a intolerância e construir um ambiente onde cada um possa praticar sua fé livremente”, afirmou Katja Bastos (foto abaixo), sacerdotisa da Matriz da Encantaria Cigana do Povo do Oriente e presidente da Trybo Cósmica, Casa Ancestral do circuito oficial do Rio de Janeiro.
Ela lembrou que hoje já existe o Calendário dos Direitos Humanos, Inter-religioso e Interétnico, com datas importantes de 28 religiões reconhecidas no mundo inteiro, um importante instrumento multiplicador do respeito à diversidade. “Essa participação foi importante para a contribuição de políticas públicas internacionais e sustentáveis de relevância global”, avaliou.
O evento no G2O Rio foi um passo importante na construção de uma sociedade mais inclusiva e respeitosa, reafirmando o compromisso do município em promover a diversidade religiosa como um valor fundamental para a convivência pacífica e harmoniosa entre todos os cidadãos.