As hepatites virais são um grave problema de saúde pública. Na maioria dos casos, são assintomáticas. No Brasil, as mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda, com menor frequência, o vírus da hepatite D (mais comum na região Norte do país) e o vírus da hepatite E, que é menos frequente no Brasil, sendo encontrado com maior facilidade na África e na Ásia. As infecções causadas pelos vírus das hepatites B ou C frequentemente se tornam crônicas.
Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que cerca de 240 milhões de pessoas são acometidas por infecção crônica do vírus B, responsável por 47% das mortes relacionadas às hepatites virais. Outras 150 milhões de pessoas têm infecção crônica pelo vírus C, responsável por 48% das mortes por infecções desses vírus. O impacto dessas doenças acarreta aproximadamente 1,4 milhão de mortes anualmente no mundo inteiro, seja por infecção aguda, câncer hepático ou cirrose associada. A taxa de mortalidade pode ser comparada ao HIV e à tuberculose.
A vacina é a principal medida de prevenção da hepatite B, que, entre os anos de 2000 a 2021, registrou mais de 264 mil pessoas diagnosticadas com o vírus no país. Para a hepatite C, o desafio é a testagem de detecção do marcador da doença. Em caso positivo, o tratamento é feito com os chamados antivirais de ação direta durante 12 semanas. A hepatite C é considerada uma epidemia mundial. No Brasil, foram notificados mais de 279 mil casos entre os anos de 2000 a 2021.
Em ambas as formas de hepatite, a transmissão pode ocorrer por relações sexuais, compartilhamento de material para uso de drogas ou de uso pessoal, transfusão, procedimentos que não atendam às normas de biossegurança (cirurgias, por exemplo), pessoas submetidas a hemodiálise e, ainda, pessoas privadas de liberdade. Isso significa que a população em situação de vulnerabilidade social está mais propensa a contrair o vírus.
Atualmente, existem testes rápidos para detecção da infecção pelos vírus B ou C, que estão disponíveis no SUS. Todas as pessoas precisam ser testadas pelo menos uma vez na vida para esses tipos de hepatite. Populações mais vulneráveis precisam ser testadas periodicamente.
Campanha Julho Amarelo agora é oficial no Brasil
Esta semana, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a lei que institui o Julho Amarelo no país, mês destinado à luta contra as hepatites virais. De acordo com o documento, também assinado pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, a ação terá foco na conscientização sobre os riscos da doença, nas formas de prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos humanos.
O projeto originário da lei sancionada na última terça-feira (4) é de autoria do atual ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Alexandre Padilha, deputado federal à época.
As atividades do Julho Amarelo, ainda segundo a nova legislação, também vão incluir iluminação de prédios públicos com luzes de cor amarela, a promoção de palestras e atividades educativas, veiculação de campanhas de mídia e realização de eventos.
As ações serão desenvolvidas em acordo com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), de modo integrado, em toda a administração pública e, em particular, com instituições da sociedade civil organizada e organismos internacionais.
De acordo com o diretor do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, Draurio Barreira, a sanção chega num momento de extrema importância para as políticas públicas voltadas às hepatites virais.
“A atuação para a eliminação das hepatites e de outras doenças de determinação social agora é uma política de Estado e não somente ministerial. O Governo Federal caminha ligeiro para a retomada do protagonismo internacional do Brasil nas estratégias de eliminação das hepatites B e C, como problemas de saúde pública, até 2030”, explica.
Julho Amarelo: conscientização e prevenção contra as hepatites virais
Hepatites virais são doenças que podem ser transmitidas por meio do contato com sangue infectado, relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de objetos cortantes e até mesmo de mãe para filho durante a gestação. São infecções que atingem o fígado podendo ser leves, moderadas ou graves e no País, os tipos mais comuns são causados pelos vírus A, B e C.
Por isso, a conscientização e a prevenção são fundamentais para o controle das hepatites virais no Julho Amarelo. A campanha foi instituída no Brasil pela Lei nº 13.802/2019 com o objetivo de alertar a população sobre os riscos da doença e reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle das hepatites virais
A Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH) e o Instituto Brasileiro de Figado (IBRAFIG), – entidades médicas sem fins lucrativos -, lançam uma campanha permanente que tem por objetivo promover uma ampla ação de conscientização através de diversos tipos de ações socio-educacionais que acontecerão em todo o país.
Neste ano, a campanha usa o slogan “De Julho a Julho Amarelo. A cura começa com o teste!”, que pretende levar a informação e realizar testes rápidos de Hepatite B e C na população durante todo o ano, através de diversas ações de testagem em rodovias, parques, praças, presídios, além da divulgação em todas as mídias digitais das entidades
A Hepatite C é uma doença viral crônica que afeta o fígado e representa um sério problema de saúde pública em todo o mundo. Estima-se que cerca de 71 milhões de pessoas sejam portadoras do vírus da Hepatite C globalmente, com aproximadamente 300 mil casos no Brasil. A infecção muitas vezes é assintomática nos estágios iniciais, o que torna o diagnóstico precoce fundamental para evitar complicações mais graves.
“A Hepatite C é uma doença silenciosa e negligenciada. Muitas pessoas desconhecem sua condição e, sem o diagnóstico precoce, correm o risco de desenvolver cirrose hepática, câncer de fígado e outras complicações graves”, afirma o hepatologista, Dr Giovanni Faria Silva, presidente da SBH.
“A campanha ‘De Julho a Julho Amarelo’ tem como objetivo aumentar a conscientização sobre a doença, incentivando a população a fazer o teste e buscar tratamento adequado, se necessário. Com o diagnóstico precoce e os avanços na terapia antiviral, é possível alcançar a cura da Hepatite C”, ressalta.
“Nossa meta é a eliminação da Hepatite C e para isso, firmamos uma parceria com o Ministério da Saúde, ONGs e outras entidades de assistência social com o objetivo de capilarizar as ações em todo o país.”; finaliza.
Hepatites B e C
O Ministério da Saúde lançou em 2019 um plano de eliminação da Hepatite C no Brasil até 2030, com o objetivo de ampliar o acesso à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento dessa patologia, envolvendo as três esferas de governo a fim de reduzir novas infecções e essa taxa de mortalidade.
O Sistema Único de Saúde (SUS) fornece gratuitamente a vacina para Hepatite B, assim como o teste e tratamento para a Hepatite C. Este último, com taxas de cura de 98% na maioria dos casos.
A falta de conhecimento e acesso às informações ainda fazem com que muitas pessoas demorem a descobrir ser portadoras do vírus. Quando isso acontece, a doença já está em fase avançada.
Eliminar a Hepatite C, assim como diminuir casos das hepatites virais, é um esforço de toda a Sociedade, incluindo as iniciativas civil-públicas.
Agenda Positiva
Julho Amarelo terá ações em todo o país
Em todo o País, uma série de ações do Julho Amarelo serão deflagradas a fim de conscientizar a população e levar conhecimento sobre as hepatites virais. Confira a programação de panfletagem, palestras e testagens:
São Paulo:
12/07 – Testagem para Hepatite C – sede da ARTESP
14/07 – 10h – 13h – AUTOBAN – Rodovia dos Bandeirantes, km 56 – Jundiaí.
14/07– 10h -13h – VIAOESTE – Rodovia Castello Branco, km 57 – São Roque
21/07 – 10-13h ECOVIAS – Via Anchieta, km 40 – São Bernardo do Campo
21/07 – 10 – 13h – BASE SAU Suzano – Rodoanel Mario Covas, km 102 – Suzano
23/07 – 11h – 13h – Parque da Independência –
30/07 – 10:00 – 14:00 – Av. Paulista – Caminhada e realização de testes Hepatite C
Monumentos iluminados com a cor amarela
• Monumento das Bandeiras
• Prédio da Prefeitura de SP
• Viaduto do Chá
• Biblioteca Mário de Andrade
A campanha tem uma página https://tudosobrefigado.com.
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Hospital esclarece pacientes sobre riscos das hepatites virais
O Hospital Regional do Sudeste do Pará – Dr. Geraldo Veloso (HRSP), em Marabá, realizou, nesta quinta-feira (6), orientações educativas aos pacientes, em alusão ao “Julho Amarelo” mês dedicado a conscientização sobre o combate as hepatites virais. A iniciativa do projeto “Saúde em Foco”, visou conscientizar os usuários sobre a importância da prevenção, diagnóstico e tratamento das enfermidades.
Marta Silva, autônoma de 38 anos moradora de Marabá, encaminhada ao hospital para realizar consulta com otorrinolaringologista, compartilhou sua opinião sobre a iniciativa. “Eu não tinha ideia de como a doença poderia ser transmitida e quais os sinais de alerta. Agora, sinto-me mais preparada para cuidar da minha saúde e também orientar minha família”, explicou.
O funcionário público Jorge Almeida, outro usuário do HRSP da cidade de Parauapebas, que aguardava para realizar exame de tomografia, ressaltou a importância da ação. “Compartilhar essas informações com a comunidade é importante, para que todos possam se proteger e cuidar da sua saúde. A conscientização é o primeiro passo para prevenir as hepatites virais, e garantir uma vida mais saudável”, destacou.
O projeto “Saúde em Foco”, promovido pela Comissão de Humanização da unidade do Governo do Pará, visa fornecer informações relevantes sobre saúde à comunidade. Para isso, conta com uma equipe multiprofissional, que percorre os corredores, recepções e unidades de internação da instituição, levando essas informações diretamente aos pacientes e seus familiares. As ações contam com a participação do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) da instituição.
Metas para reduzir hepatites virais no Brasil até 2030
De forma inédita, nove ministérios se reuniram para elaborar estratégias de eliminação de doenças que acometem, de forma mais intensa, as populações de maior vulnerabilidade social. O Comitê Interministerial para Eliminação da Tuberculose e Outras Doenças Determinadas Socialmente (CIEDS) foi instalado no início do mês de junho.
Coordenado pelo Ministério da Saúde, o grupo irá funcionar até janeiro de 2030. Dados da pasta apontam que, entre 2017 e 2021, as doenças determinadas socialmente foram responsáveis pela morte de mais de 59 mil pessoas no Brasil. O plano de trabalho inicial inclui enfrentar 11 dessas enfermidades – como malária, esquistossomose, Doença de Chagas e hepatites virais – além da transmissão vertical da sífilis, hepatite B e do HIV. Essa estratégia está prevista nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
A meta é que a maioria dessas doenças sejam eliminadas como problema de saúde pública – são elas: Doença de Chagas, malária, hepatites virais, tracoma, filariose, esquistossomose, oncorcercose e geo-helmintíases.
Para outras enfermidades, como tuberculose, HIV e hanseníase, o objetivo é atingir as metas operacionais de redução e controle propostas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) até 2030. Já para doenças como HIV, sífilis e hepatite B, a meta é eliminar a transmissão vertical, ou seja, quando a doença é passada de mãe para filho.
A instalação do CIEDS é parte da premissa que garantir o acesso apenas ao tratamento em saúde não é suficiente para atingir essas metas. É preciso propor políticas públicas intersetoriais que sejam voltadas para a equidade em saúde e para a redução das desigualdades sociais, fator diretamente ligado às causas do problema.