Em todo o ano de 2023, foram registrados 191.241 casos de Covid-19 no Estado do Rio de Janeiro, com 1.257 mortes confirmadas. Já este ano, até sexta-feira (1° de março), havia 28.736 casos e 124 óbitos, segundo dados do Painel Coronavírus Covid-19, da Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ). O estado está entre os 18 do país que enfrentam alta de casos de Covid-19, conforme alertada emitido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nesta quinta-feira (29/2).
O novo Boletim InfoGripe da Fiocruz mostra um cenário preocupante de aumento dos casos de Covid-19 e gripe . Segue em alta o número de novos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associados à Covid-19 e o aumento já domina quase todos os estados das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul.
O estudo também aponta sinais da presença do vírus influenza A – o vírus da gripe – em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, como já observado desde o início do ano.
O pesquisador do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, expressa preocupação pela situação geral e destaca um quadro de possível cocirculação de vírus em estados do Centro-Sul.
“É um cenário nacional que preocupa bastante. Praticamente todo o Centro-Sul com o crescimento associado à Covid-19, alguns estados do Sudeste e do Sul com uma cocirculação – ou seja, circulando ao mesmo tempo Covid-19 e Influenza A. Embora a Covid esteja gerando um número muito mais expressivo de internações do que a gripe, observa-se essa circulação simultânea”, ressalta.
Crianças e idosos são os mais afetados
Há sinal de crescimento tanto na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) quanto na de curto prazo (últimas três semanas). Nas últimas oito semanas, a incidência e mortalidade de SRAG mantém o padrão típico de maior impacto entre crianças pequenas e idosos.
A incidência de SRAG por Covid-19 mantém o cenário de maior impacto nas crianças de até dois anos e população a partir de 65 anos de idade. Outros vírus respiratórios com destaque para a incidência de SRAG nas crianças pequenas são o vírus sincicial respiratório (VSR) e o rinovírus. Já a mortalidade da SRAG tem se mantido significativamente mais elevada nos idosos, com predomínio de Covid-19.
Máscara para quem apresenta sinais e sintomas
A recomendação do especialista é a mesma apresentada em boletins anteriores. Quem estiver com sintomas e sinais de infecção respiratória, deve ficar em casa e fazer repouso. Se não puder e precisar sair, deve utilizar uma máscara adequada (PFF2 ou N95) para evitar a disseminação do vírus, especialmente para quem precisar ir a uma unidade de saúde.
Referente à Semana Epidemiológica (SE) 08, de 18 a 24 de fevereiro, a análise tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 26 de fevereiro.
18 estados e 17 capitais são os mais afetados
Dezoitos estados apresentam sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo: Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Roraima, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo.
Entre as capitais, 17 apresentam sinal de crescimento: Aracaju (SE), Belém (PA), Boa Vista (RR), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Maceió (AL), Porto Velho (RO), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Luís (MA), São Paulo (SP) e Vitória (ES).
Em relação aos casos de SRAG por Covid-19, observa-se relação com o sinal de aumento no Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Há indícios de crescimento de SRAG por influenza A (gripe) na Bahia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
Vírus da gripe pode explicar aumento da SRAG na Bahia
Alguns estados do Nordeste contam com sinal de aumento de SRAG, mas ainda não é claro qual é o agente infeccioso responsável pela retomada. A exceção é a Bahia, em que já se pode observar um aumento das internações com a possível associação com o influenza A.
No Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba e Roraima, o aumento das SRAG se concentra em crianças e ainda não é possível determinar o predomínio viral associado ao sinal. O coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, explica que a influenza A pode ser a responsável pelo aumento no Nordeste, mas ainda é cedo para afirmar:
“Pode ser que, nos demais estados do Nordeste em que ainda não temos resultado laboratorial exato, também haja associação ao vírus Influenza A. As faixas etárias que estão sendo afetadas na Bahia não parecem com aquela assinatura típica da Covid-19, mas isso ainda teremos que esperar a entrada dos resultados laboratoriais”.
Covid-19 responde por 70,2% dos casos e 92,5% das mortes
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, 70,6% dos casos com resultado positivo para vírus respiratórios foi de Sars-CoV-2/Covid-19. Em seguida, aparecem vírus sincicial respiratório – VSR (10,8%), influenza A (10,3%) e influenza B (0,3%). Na maioria das mortes (92,5%) foi identificada a presença do vírus da Covid-19, seguido dos vírus influenza A (2,5%), influenza B (0,6%) e VSR (0,6%).
Em 2024, já foram notificados 10.985 casos de SRAG, sendo 4.143 (37,7%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 4.592 (41,8%) negativos, e ao menos 1.593 (14,5%) aguardando resultado laboratorial.
independentemente da presença de febre, já foram registrados 789 óbitos, sendo 458 (58%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 273 (34,6%) negativos, e ao menos 30 (3,8%) aguardando resultado laboratorial. Dentre os positivos do ano corrente, o Sars-CoV-2/Covid-19 lidera, com 91,7% dos casos, seguido dos vírus influenza A (3,9%), VSR (1,1%) e influenza B (0,4%).
Dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado. Dentre os casos positivos de 2024, tem-se Sars-CoV-2/Covid-19 (69,6%), VSR (11%), influenza A (8,4%) e influenza B (0,4%).