O Dia Mundial do Orgasmo, lembrado em 31 de julho, foi criado em 1999 por uma loja britânica de produtos eróticos que decidiu homenagear o auge do prazer sexual. Hoje, essa efeméride ainda pouco celebrada serve principalmente, para acabar com a vergonha e o pudor quando o assunto é sexo, uma temática que se torna ainda mais tabu quando falamos sobre mulheres maduras.
Por puro preconceito e etarismo, grande maioria das pessoas associa a prática sexual à juventude, mas ao contrario do que se pensa, o interesse por sexo não diminui com a idade, e homens e mulheres permanecem ativos sexualmente mesmo com o passar dos anos. E para provar que libido – e sexo – não dependem só de hormônios, um estudo da Universidade de Washington aponta um “apagão sexual” entre jovens de até 25 anos. Os dados mostram que 19% delas e 31% deles não tiveram relações nos 12 meses anteriores à pesquisa.
Enquanto isso, 78% das mulheres na menopausa têm um parceiro íntimo e 40% delas têm uma vida sexual ativa, de acordo com uma pesquisa da revista médica Menopause. Por isso, desmistificar essa fase da vida é essencial para combater mitos em torno do prazer e isso só é possível ao oferecer mais informações e, consequentemente, promover uma compreensão holística desse período da vida, empoderar as mulheres a assumirem o controle de sua saúde sexual e buscar apoio quando necessário.
Apesar de muitas associarem essa fase a desafios como secura vaginal e redução da libido, é possível redescobrir o prazer durante a menopausa e viver essa fase com qualidade e satisfação. Devido às mudanças físicas, psicológicas e hormonais da menopausa, algumas adaptações podem ser necessárias para manter a prática sexual nessa fase da vida.
Beatriz Tupinambá, médica ginecologista, com especialização em Ciências da Longevidade Humana e especialista em Modulação Hormonal e menopausa, prega que autoconhecimento e uma vida sexual ativa durante o processo de envelhecimento é sinônimo de saúde e qualidade de vida.
A menopausa causa queda nos níveis hormonais que afetam a libido sim, mas isso não significa que seja inevitável. Recuperar a libido e o desejo sexual envolve colocar sua saúde e bem-estar em primeiro lugar”.
Com a medicina cada vez mais evoluída e preparada pra atender as necessidades da mulher na menopausa, a vida sexual não tem validade. Com acompanhamento médico especializado associado a uma vida ativa, existe ainda um mundo de possibilidades para os 50+.
Ter conhecimento do auto corpo e de como ele funciona é indispensável. O processo de envelhecimento não acaba a nossa capacidade de ter prazer. Uma mulher de 50/60 anos chega ao orgasmo igual a uma mulher de 30!”, conclui Beatriz.
Leia mais
Como enfrentar as ‘ondas de calor’ na menopausa e climatério
Orgasmo feminino: 4 entre 10 mulheres nunca tocaram o próprio corpo
Reposição de vitaminas e minerais reduz sintomas da menopausa
Dia do Orgasmo: passo a passo para alcançar o ápice
Orgasmo sem sexo: como atingir o ápice do prazer com outros estímulos
Por que mais da metade das mulheres não chegam ao orgasmo?
Soluções para reencontrar o prazer na hora H
Para a ginecologista Natacha Machado, é importante que as mulheres mantenham um diálogo aberto com seus parceiros e, claro, não deixem de buscar orientação médica para lidar com as mudanças físicas e emocionais. “A comunicação é fundamental. Conversar sobre os sintomas e buscar juntos soluções pode fortalecer o vínculo do casal e melhorar a vida sexual”, explica a diretora clínica da Plenapausa.
Hoje em dia, existe uma variedade de produtos e tratamentos destinados a melhorar a vida sexual durante a menopausa: lubrificantes à base de água podem ajudar a reduzir a secura vaginal, aliviar o desconforto e tornar as relações sexuais mais confortáveis, enquanto suplementos naturais são conhecidos por seus efeitos positivos na libido.
Além disso, terapias como a fisioterapia pélvica e a acupuntura têm ganhado popularidade por oferecerem benefícios adicionais no aumento do desejo sexual e na melhora da qualidade de vida. “Atividades como caminhadas, yoga e pilates não só ajudam a manter a forma física, mas também melhoram o bem-estar emocional, reduzindo sintomas como ansiedade e depressão.”
Além disso, a terapia de reposição hormonal (TRH) pode ser uma opção válida para muitas mulheres, mas, antes de iniciar esse processo, é necessário passar por uma avaliação médica criteriosa, uma vez que essa intervenção é feita individualmente, levando em conta o histórico de saúde de cada paciente”, ressalta.
A menopausa pode ser uma oportunidade para as mulheres redescobrirem o próprio corpo e experimentarem novas formas de prazer. Ler sobre sexualidade, assistir a filmes eróticos e usar acessórios sexuais pode ser uma maneira divertida e enriquecedora de apimentar a vida sexual”, destaca Natacha.
Além de prazer, a prática sexual melhora significantemente sintomas de insônia, alivia o estresse e fortalece os músculos do corpo e do assoalho pélvico. Procure um médico especialista e desfrute dos benefícios de uma vida sexual ativa.
Para Márcia Cunha, fundadora da Plenapausa, celebrar o Dia Mundial do Orgasmo é também reconhecer e valorizar a importância da saúde sexual em todas as fases da vida.
É essencial desafiar ativamente os mitos da menopausa e promover uma compreensão mais ampla e inclusiva da sexualidade feminina. Isso envolve se educar sobre os fatos científicos do tema e combater estereótipos prejudiciais em relação à idade e ao gênero. Somente assim, podemos ajudar a garantir que todas possam desfrutar de uma vida sexual saudável e satisfatória em diferentes momentos da vida”, diz.
Conheça as mudanças relacionadas ao sexo na menopausa
A menopausa vai além da última menstruação. Esse período é marcado por diversas mudanças físicas e emocionais. Com essa nova fase é possível começar uma nova jornada de descoberta de si mesma. Esse ciclo marca uma fase crucial na vida da mulher, caracterizada pela interrupção natural da menstruação devido à diminuição da produção dos hormônios femininos pelos ovários.
Além de sintomas como a alteração no ciclo menstrual, fogachos, ganho de peso, ansiedade, irritabilidade, dores de cabeça e osteoporose, é possível notar algumas mudanças relacionadas à sexualidade nessa etapa da vida, como explica a ginecologista Loreta Canivilo.
Redução da lubrificação vaginal: durante o climatério e a menopausa, é comum ocorrer uma redução na lubrificação vaginal devido à diminuição dos níveis de estrogênio. Isso pode resultar em sensações de secura e desconforto durante a atividade sexual, além de aumentar o risco de irritações e infecções vaginais.
Diminuição da libido: a diminuição dos níveis hormonais durante a menopausa pode afetar significativamente a libido de algumas mulheres. Isso pode resultar em uma diminuição do interesse ou desejo sexual, prejudicando seus relacionamentos.
Dor na relação sexual: a redução da lubrificação e a diminuição da elasticidade dos tecidos na vagina podem levar a sensação de dor ou desconforto durante a relação sexual.
Fraqueza dos músculos do assoalho pélvico: durante o climatério e a menopausa, os músculos do assoalho pélvico podem enfraquecer devido à diminuição dos níveis hormonais e ao processo natural de envelhecimento.
Dificuldade de chegar ao orgasmo: algumas mulheres têm dificuldades em alcançar o orgasmo durante o climatério e a menopausa, devido a uma combinação de fatores físicos e emocionais. Alterações hormonais, diminuição da sensibilidade sexual e preocupações relacionadas ao corpo e ao envelhecimento podem contribuir para essa dificuldade.
A mulher não precisa ficar sofrendo e tendo uma péssima qualidade de vida por estar passando pela menopausa, tampouco evitar uma vida sexual ativa, pois esses sintomas e mudanças não são de fato necessários, mas são possíveis”, afirma Dra. Loreta.
A médica explica que para todos esses casos há um tratamento, como reposição hormonal, fisioterapia pélvica, lubrificantes, cremes e até laser. Ela ressalta a importância de lembrar que qualquer tratamento deve ser discutido com um profissional de saúde qualificado, uma vez que cada pessoa é única, e o uso de medicamento deve ser baseado em necessidades individuais.
Mulher sedentária, depressiva ou com hormônios desajustados não prioriza a prática sexual
A menopausa é um período de transição natural na vida das mulheres, marcado pelo fim da menstruação e pela diminuição dos hormônios femininos pelos ovários. Esse momento é oficialmente reconhecido quando a ausência contínua da menstruação se prolonga por 12 meses consecutivos. A menopausa geralmente ocorre entre os 45 e 55 anos, assinalando o fim do período reprodutivo da mulher.
Durante a menopausa, a mulher vive uma grande oscilação hormonal, e na maioria dos casos é acometida por diversos sintomas desagradáveis, como ondas de calor, dores de cabeça, cansaço e fadiga, agitação e redução da libido e do desejo sexual.
A insegurança ou baixa autoestima em relação às mudanças no corpo, a diminuição da libido e do desejo sexual, a falta de intimidade emocional com o parceiro, problemas de continência urinária, secura vaginal e baixa sensibilidade no clitóris são alguns dos fatores que prejudicam o prazer”, explica a médica ginecologista Loreta Canivilo.
Por tudo isso, mulheres que estão nesta fase da vida tendem a ter complicações para atingir o clímax da relação sexual. Essas dificuldades são separadas em três motivações: emocional, mental e física.
Só quem apresenta boa saúde física e emocional sente prazer com o sexo. Uma mulher sedentária, depressiva ou com seus hormônios desajustamos não prioriza os benefícios trazidos pela prática sexual”, diz Beatriz Tupinambá.
Mitos e verdades sobre o orgasmo durante a menopausa
Embora a idade dificulte, é possível que qualquer mulher chegue ao orgasmo. Confira alguns mitos e verdades sobre o orgasmo na menopausa:
Os hormônios são a única solução para os problemas sexuais na menopausa
Mito: Terapias hormonais podem ajudar, mas não são a única solução. Existem muitas outras opções, como lubrificantes, terapia sexual, exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico e mudanças no estilo de vida.
As mudanças hormonais afetam a resposta sexual
Verdade: A redução dos níveis de estrogênio pode causar secura vaginal, redução da elasticidade e fluxo sanguíneo, o que pode impactar a resposta sexual e a experiência do orgasmo.
A atividade sexual regular pode ser benéfica
Verdade: Manter uma vida sexual ativa pode ajudar a aumentar a lubrificação natural e manter a elasticidade vaginal, contribuindo para uma experiência sexual mais prazerosa e conseguindo atingir o orgasmo.
Exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico podem ajudar
Verdade: Praticar exercícios como Kegels pode fortalecer os músculos do assoalho pélvico, melhorar a continência urinária e aumentar a sensibilidade sexual
O orgasmo se torna impossível após a menopausa
Mito: Muitas mulheres acreditam que a menopausa impede totalmente a possibilidade de alcançar o orgasmo. Isso não é verdade. A resposta sexual pode mudar, mas a capacidade de ter orgasmos geralmente permanece.
Com Assessorias