Nos primeiros oito meses do ano, o Brasil registrou mais de 1,4 milhão novos casos prováveis de dengue. O número é cerca de 600% maior que no mesmo período do ano passado. Em São Paulo e no Paraná, o aumento em relação a 2018 ultrapassa os 3.500%.
Ao todo, 591 pessoas morreram em 2019 por causa das complicações geradas pela doença. É mais de quatro vezes o número de óbitos registrados no ano passado. A chikungunya também registrou aumento de casos: 44% a mais do que nos oito primeiros meses de 2018. No caso da zika, o aumento de casos chega a 47%.
Em números absolutos, os estados com mais casos prováveis de dengue foram Minas Gerais e São Paulo, cada um com mais de 400 mil casos registrados em 2019. As regiões Sul e Sudeste apresentaram os piores números e apenas os estados do Amazonas e Amapá apresentaram queda no número de casos.
Para tentar reverter o aumento do número de casos de dengue, zika e chikungunya, o Ministério da Saúde antecipou para setembro a nova campanha publicitária contra o mosquito Aedes aegypti. Normalmente, a campanha começa em novembro, início do verão e do aumento das chuvas em algumas regiões.
A campanha será veiculada nos meios de comunicação e nas ruas. Para tentar sensibilizar a população, ela mostra pessoas que perderam familiares para dengue; tiveram sequelas por causa da chikungunya; ou filhos com microcefalia por causa da zika.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, argumenta que a circulação de vírus sorotipo 2 tem ampliado o número de casos. “O vírus tipo 2 há muito tempo não circulava no nosso meio, e ele reapareceu. Então tem muita gente sem imunidade, que nunca entrou em contato com o sorotipo 2. Um número de pessoas enorme sem defesa. E quando isso ocorre você tem um aumento muito grande de casos”.
Com o slogan “E você? Já combateu o mosquito hoje? A mudança começa por você”, a campanha, que inicia nesta quinta-feira (12) reforça a necessidade de cada um tomar a iniciativa de proteger a sua casa e de seus familiares contra o Aedes, responsável pela transmissão de três doenças: dengue, zika e chikungunya. O objetivo é conscientizar os gestores estaduais e municipais de saúde e toda a sociedade sobre a importância de se organizarem antes da chegada do período chuvoso no combate ao surgimento de novos criadouros do mosquito
Ao invés de lançar a campanha no mês de novembro, como era feito nos outros anos, nós antecipamos para setembro para dar tempo, antes do período da chuva, para as pessoas e os gestores locais organizarem grandes mutirões de combate ao mosquito e não esperar depois que o ciclo da doença já está instalado para começar a agir”, destacou o ministro da Saúde, durante o lançamento da campanha publicitária em Brasília.
A ação reforça a necessidade de manter a mobilização nacional durante todo o ano, e não apenas nos períodos críticos, de chuva e calor. A medida traz mais tempo aos gestores locais e a população para desenvolverem ações estratégicas no combate ao Aedes aegypti, de acordo com a realidade de cada região. Geralmente, as campanhas ocorriam a partir de novembro, período de maior incidência de chuva e calor em quase todo o país, portanto, aumentando o risco de circulação das doenças.
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Kleber, reforçou que este é o momento de fazer diferente e evitar o nascimento dos mosquitos no período de chuvas, ressaltando que os benefícios são diversos:
Se cada um tirar 10 minutos por semana, dentro da sua rotina, checar os locais onde o mosquito pode ter depositado ovos e que no contato com água possa nascer mosquitos. Olhar ralos, calhas, caixas d’agua, garrafas e suas tampas, pneus, e outros objetos pequenos que o mosquito tenha capacidade de colocar os ovos e ser um criadouro. Além de evitar a proliferação do mosquito também teremos um ambiente muito mais higiênico. Desta forma a gente não protege somente a nossa casa, mas protegemos toda a nossa comunidade da circulação do mosquito”, informou o secretário.
DADOS DAS DOENÇAS
Em 2019 (até 24 de agosto), foram registrados 1.439.471 de casos de dengue em todo o país, com crescimento de 599,5% em relação ao mesmo período de 2018 (205.791). A taxa de incidência, que considera a proporção de casos por habitantes, é de 690,4 casos/100 mil habitantes. Entre os estados com casos, destacam-se Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Com relação ao número de óbitos, foram confirmadas 591 mortes.
Este aumento pode ser explicado por uma associação de fatores, como condições ambientais fora do comum (alto volume de chuvas e altas temperaturas); grande número de pessoas suscetíveis, uma vez que nos dois últimos anos houve baixa ocorrência de dengue em toda a região das Américas; mudança no sorotipo predominante, entre outros.
Os casos da febre chikungunya chegaram a 110.627 em relação ao mesmo período do ano passado, 76.742, ou seja 44,2% de aumento este ano. A taxa de incidência foi de 53,1 casos/100 mil habitantes. Entre os estados com casos, destacam-se Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte. Neste ano, foram confirmados laboratorialmente 57 óbitos.
Já os casos de zika apresentaram aumento de 47,1%, este ano, quando foram registrados 9.813 casos, enquanto em 2018 foram 6.669 o que representa uma taxa de incidência de 4,7 casos/100 mil habitantes. Entre os estados com casos, destacam-se Tocantins, Rio Grande do Norte, Alagoas e Espírito Santo. Neste ano, foram confirmados 2 óbitos por zika.
Confira mais informações sobre as doenças.
AÇÕES DE COMBATE
As ações de prevenção e combate ao mosquito, realizadas pelo Ministério da Saúde em conjunto com estados e municípios, são permanentes e tratadas como prioridade pelo Governo Federal. A execução das ações de prevenção, como visitas dos agentes de endemia para eliminação dos criadouros, é de responsabilidade dos gestores locais.
O Ministério da Saúde também oferece, continuamente aos estados e municípios, apoio técnico e insumos para o combate ao vetor. Para estas ações, o Governo Federal tem garantido orçamento crescente aos estados e municípios. Os recursos para as ações de Vigilância em Saúde, incluindo o combate ao Aedes aegypti, cresceram nos últimos anos, passando de R$ 924,1 milhões, em 2010, para R$ 1,9 bilhão em 2018. Este recurso é destinado à vigilância das doenças transmissíveis, entre elas dengue, zika e chikungunya e é repassado mensalmente a estados e municípios.
PREVENÇÃO
Durante o período de seca, a população pode realizar ações de prevenção, basta tirar 10 minutos do dia para verificar se existe algum tipo de depósito de água no quintal ou dentro de casa, por exemplo. Uma vez por semana, lavar com água, sabão e esfregar com escova os pequenos depósitos móveis, como vasilha de água do animal de estimação e vasos de plantas.
Além disso, é preciso descartar o lixo em local adequado, não acumular no quintal ou jogar em praças e terrenos baldios. Limpar as calhas, retirando as folhas que se acumularam no inverno também é importante para evitar pequenas poças de água. Cada pessoa pode ser um vigilante permanente de atenção à saúde, com isso não teremos dengue, zika e chikungunya.
Da Rádioagência Nacional e Agência Saúde