O câncer de rim é uma doença silenciosa que, embora rara, está entre os 15 tipos mais incidentes no mundo e só em 2020, foi o responsável por 430 mil novos casos de câncer. Além disso, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o carcinoma de células renais foi responsável por 180 mil mortes em todo o mundo no mesmo ano. Cerca de 12 mil novos casos são diagnosticados anualmente no Brasil, o que representa em torno de 2% a 3% de todos os tumores em adultos no país.

Neste domingo (18/6), Dia Mundial de Conscientização do Câncer de Rim, o médico oncologista clínico Igor Protzner Morbeck, membro do Comitê de Tumores Geniturinários da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc), explica que, devido a ser um tumor menos frequente que outros, nem mesmo o Instituto Nacional do Câncer (Inca) dispõe de dados mais precisos sobre a epidemiologia do câncer de rim no Brasil.

“Existe uma lacuna, não tem estatística por ele ser apenas o quarto ou quinto tipo de tumor entre os cânceres do trato urinário. De todo modo, sabemos que ele pode atingir homens e mulheres adultos em proporções semelhantes”, ressalta o especialista.

Histórico familiar e exposição a produtos químicos

Mesmo assim, o câncer de rim exige que o diagnóstico seja realizado o mais breve possível para que o paciente realize o tratamento adequado e tenha mais chances de cura do órgão que possui diversas funções no corpo humano, como purificar o sangue e regular a pressão arterial, entre outras.

Ainda que hábitos mais saudáveis de vida, como a prática regular de atividades físicas, uma alimentação equilibrada e o combate ao tabagismo, sejam importantes para a prevenção aos cânceres em geral, os fatores de risco associados ao câncer de rim ainda estão sendo investigados pela ciência.

“Por enquanto, o que sabemos é que esse tumor está associado, por exemplo, à exposição a determinados compostos químicos utilizados na indústria e a um histórico familiar, em especial, a um gene que causa a Síndrome de von Hippel-Lindau, também relacionado a outros tipos de cânceres”, detalha o especialista.

Diagnóstico precoce determina o melhor tratamento

câncer de rim apresenta diversos graus de agressividade e formas de apresentação, definidas através do estadiamento clínico. Curiosamente, há casos de pacientes que têm tumores que estão no mesmo estadiamento, mas evoluem de forma diferente – um apresenta boa evolução e o outro, não

Por não ter sinais e sintomas diferenciais, o câncer de rim é, normalmente, diagnosticado em exames de rotina ou durante a realização de exames de imagem para identificar outras doenças, ocorrendo o que os especialistas chamam de “diagnóstico incidental”. Por isso, Dr. Morbeck orienta que adultos a partir dos 40 anos façam check ups médicos todos os anos.

“Alguns sintomas devem ser valorizados por médicos clínicos gerais e outros especialistas, como os urologistas, quando os pacientes procuram uma unidade de saúde com sangue na urina, dor na parte lateral da barriga e nas costas, inchaço abdominal e perda de peso. Além disso, qualquer nódulo no rim não deve ser negligenciado e os casos mais avançados precisam de um acompanhamento do médico oncologista clínico”.

Tratamento com cirurgia, imunoterapia e terapias-alvo

Entre as formas mais comuns de tratamento estão as cirurgias (da convencional à robótica, que garante os melhores resultados), a imunoterapia e as terapias-alvo, por exemplo. Há ainda tumores renais de agressividade baixa cujo tratamento poderia até ser adiado, mas a equipe e o paciente mantêm a chamada “vigilância ativa”, repetindo periodicamente exames de imagem, como tomografia, ressonância ou ultrassom. Depois, reavaliam o caso. Se houver qualquer sinal de progressão, o tratamento é rapidamente realizado.

O oncologista clínico Igor Protzner Morbeck explica que, a depender do tamanho do tumor e de quais áreas do rim foram afetadas, o tratamento consiste em retirar uma parte do rim ou o rim inteiro. Para controlar e evitar que o câncer retorne, os oncologistas clínicos entram com a prescrição de medicações como as drogas-alvo e a imunoterapia, que podem ser combinadas. Outros tratamentos também podem ser realizados, por exemplo, para controlar a dor do paciente.

“O tratamento pode ser curativo, em especial, se o tumor estiver em fase inicial, ou seja, quando o nódulo é pequeno as perspectivas são mais favoráveis. Desta maneira, mais uma vez, a atenção à própria saúde com a realização de exames periódicos que possibilitem um diagnóstico precoce desse tipo de câncer, é fundamental.”, conclui ele.

Agenda Positiva

Evento global sobre câncer de rim

Em 18 de junho de 2023 será promovida a campanha global do Dia Mundial do Câncer de Rim. Especialistas se uniram para lançar a data e estimular o debate sobre a doença. Neste ano, o debate girará em torno dos seguintes temas: o que é o câncer de rim e como as pessoas que vivem com ele podem manter a qualidade de vida antes, durante e após o tratamento.

A campanha será lançada em Buenos Aires, na Argentina, durante o IKCC Global Meeting, que ocorrerá entre os dias 18 e 20 de junho e reunirá mais de 40 entidades relacionadas ao câncer de rim em todo o mundo. Na manhã do dia 20 de junho ocorrerá uma reunião do LARCG (Latin American Renal Cancer Group), coordenada pelo líder do Centro de Referência de Tumores Urológicos, Stênio Zequi, com a presença de especialistas da Argentina e demais países da América Latina.

A reunião também contará com a presença de Erik Jonasdo Belzutifan e oncologista do MD Anderson, que falará sobre a Síndrome de Von Hippel-Lindau (VHL) – patologia hereditária onde o indivíduo nasce sem o gene supressor de tumores. Ainda durante a reunião do LARCG, o head de oncogenética do A.C.Camargo Cancer Center, José Claudio Casali, realizará um debate sobre o planejamento de um estudo clínico multicêntrico na América Latina, liderado pelo A.C.Camargo, com os centros ligados ao LARCG com uma nova droga para o tratamento de VHL.

O Dia Mundial do Câncer de Rim foi lançado no Brasil durante o Next Frotiers to Cure Cancer, um evento científico promovido pelo A.C.Camargo Cancer Center, em 2016, com o apoio e coordenação de Zequi.

Com Assessorias

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