A voz é um instrumento musical natural e uma das principais formas de comunicação. Apesar de tão usada, poucas pessoas se preocupam com a saúde vocal, mesmo que diversos estudos apontem a importância do cuidado.
Tendo a voz como principal instrumento, Mari Henrique e Sonja não entram na estatística de quem não se cuida. Desde hábitos cotidianos aos cuidados mais intensos prestes a subir no palco, as cantoras revelam seus segredos para manter a saúde vocal.
Independentemente de seus estilos musicais, as duas destacam que evitam beber líquidos muito gelados, mas principalmente, que sempre contam com o auxílio profissional. Veja o que cada uma delas faz para garantir a potência de suas vozes:
Mari Henrique vem se destacando como a nova voz feminina do pagode e, para mantê-la em dia, a dona do single “5 Segundos” aposta em uma rotina intensa pré e pós show. “Antes de subir ao palco, é fundamental preparar as cordas vocais com exercícios de respiração e nebulização”, afirma a cantora.
Já após a performance, ela continua a hidratação e realiza exercícios de desaquecimento. “Além disso, faço massagem no pescoço no local onde consigo sentir minha laringe para relaxar as cordas vocais”, completa.
Sonja, por sua vez, parte da nova geração do blues, conhecida justamente por seus vocais potentes, faz aquecimentos da voz e das musculaturas da face antes de cantar, e inclusive já compartilhou um pouco de sua preparação nas redes.
Dona do álbum “Rainha de Copas”, a cantora opta pelo consumo diário de chás, tanto para manter as vias aéreas desobstruídas quanto para ter a hidratação.
Rotinas diárias e acompanhamento profissional
Termina nesta sexta-feira (19) a Campanha Nacional da Voz, marcando a semana do Dia Mundial da Voz (16 de abril), uma data que nos lembra da importância desse instrumento fundamental para a comunicação humana.
A fonoaudióloga Carla Fonseca Moraes Toneli, mestre em Distúrbios da Comunicação Humana pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), aproveita a ocasião para alertar para um aumento da incidência de distúrbios relacionados a hábitos inadequados e sobrecarga vocal. A especialista dá dicas para reconhecer quando é hora de procurar ajuda profissional.
“Além de manter a hidratação adequada, é fundamental realizar uma série de práticas para proteger e fortalecer as cordas vocais. O acompanhamento profissional é crucial. Um fonoaudiólogo pode fornecer treinamentos específicos, orientações sobre técnicas de aquecimento e desaquecimento, e ainda indicar o uso adequado de monitores in ear para evitar esforços vocais excessivos”, acrescenta.
3 dicas da fonoaudióloga para cuidar da voz
Para quem quer começar a cuidar do seu principal instrumento de comunicação, a fonoaudióloga dá algumas dicas:
- Exercícios de respiração: Práticas regulares de respiração profunda ajudam a fortalecer os músculos respiratórios, promovendo uma melhor sustentação vocal;
- Alimentação consciente: Evitar alimentos que possam causar irritação ou inflamação nas cordas vocais, como alimentos muito condimentados ou cafeinados, é crucial para manter a saúde vocal.
- Reconheça os sinais de alerta: Carla enfatiza a importância de reconhecer os sinais como rouquidão persistente ou dor ao falar, e procurar assistência médica quando necessário. “É essencial que qualquer alteração na voz seja avaliada por um médico otorrinolaringologista”, ressalta.
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Mentora de oratória dá orientações sobre como superar a vergonha para cantar, falar ou palestrar
De acordo com Fernanda de Morais, fonoaudióloga mentora e especialista em Comunicação e Oratória, a voz é uma ferramenta poderosa de comunicação, capaz de transmitir emoções, personalidade e confiança.
“O tom de voz é mais do que apenas som; é uma expressão da nossa identidade. Ele pode variar de acordo com o contexto e as emoções envolvidas, podendo ser mais agudos (finos) quando o assunto for mais leve e descontraído, mais grave (voz grossa) quando o assunto for mais sério e cuidadoso e médio quando o assunto não tiver um impacto emocional importante”, explica a especialista.
No entanto, muitas pessoas enfrentam desafios relacionados à sua voz, sentindo vergonha ou desconforto com sua própria maneira de falar. Fernanda relata que isso pode ser motivado por uma variedade de fatores, incluindo a percepção de que suas vozes não correspondem às suas características físicas ou preocupações com a forma como são percebidas pelos outros.
“A vergonha da própria voz pode ter um impacto significativo na autoestima e no desempenho em situações de fala pública ou em reuniões. Pode levar a pessoa a se retrair e evitar oportunidades de falar em público, limitando seu crescimento pessoal e profissional. O som que ouvimos em gravações é o mais próximo do som que os outros ouvem, e os exercícios vocais podem melhorar o timbre, trazer mais graves, mais agudos, de acordo com as necessidades”, completa.
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Como superar a vergonha de falar em público
A boa notícia é que existem maneiras de superar essa vergonha e desenvolver uma voz mais confiante. A prática de exercícios vocais e técnicas de respiração podem ajudar a melhorar a qualidade da voz e a aumentar a autoconfiança ao falar em público. Fernanda ressalta que a orientação de um fonoaudiólogo especializado em voz pode auxiliar a identificar áreas de melhoria e desenvolver um plano de ação personalizado.
Além disso, a postura e a respiração desempenham um papel fundamental na qualidade e na confiança da voz. Manter uma postura ereta e uma respiração adequada pode contribuir para uma fala mais firme e controlada. “A postura de tronco e de cabeça impactam diretamente na firmeza da voz. Por isso, evite falar com a cabeça inclinada para o lado, ou com a cabeça elevada ou abaixada. Mantenha 90 graus entre o queixo e o pescoço”, esclarece a especialista.
“Portanto, para aqueles que desejam melhorar sua voz e perder a vergonha de falar em público, a chave está em se autoavaliar, praticar exercícios vocais e técnicas de respiração, e buscar orientação profissional. Ao cultivar uma voz mais confiante, é possível alcançar maior sucesso e satisfação tanto na vida pessoal quanto na carreira profissional”, conclui Fernanda.
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