O Dia do Professor, celebrado neste domingo (15/10) traz um alerta para a saúde vocal dos profissionais da Educação. A perda da voz é uma das principais causas de afastamento de professores. Dados do Núcleo de Estudos de Saúde e Trabalho da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontam que mais da metade dos docentes falta pelo menos uma vez por ano, por motivo de saúde, e as causas mais frequentes são justamente a rouquidão e a diminuição da potência vocal.
Datado de 2020, esse levantamento é um dos mais recentes sobre o tema e corrobora com outros, publicados em anos anteriores, que apresentaram resultados semelhantes. Pesquisa de 2008, feita pelo Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinprosp), em parceria com o Centro de Estudos da Voz, revelou que 63% dos professores da rede particular já tiveram problemas com a voz.
Diagnósticos similares também foram verificados na rede pública, por meio de levantamentos do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de SP (Apeoesp) e da própria Prefeitura de São Paulo.
Não é por acaso que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) considera o professorado a categoria de maior risco de desenvolver distúrbios vocais. Dentre os principais motivos, o uso excessivo da voz é o mais óbvio, sem dúvida. Mas é certo que a falta de cuidados com o aparelho fonatório também contribui para esta situação – conforme alerta Domingos Tsuji, médico especialista em diagnóstico de patologias de laringe e responsável pelo Voice Center do Hospital Paulista.
“Ter a voz como principal instrumento de trabalho requer muita disciplina, sobretudo no que se refere à hidratação do corpo e o descanso necessário da voz, para evitar os chamados fonotraumatismos (lesões nas cordas vocais). Há técnicas de aquecimento e desaquecimento da voz e exercícios vocais que também ajudam muito nessa proteção e devem ser associadas”, destaca o médico.
A maior preocupação, segundo ele, é que essas lesões recorrentes possam ensejar quadros de doenças mais graves. Por isso é tão importante preveni-las. “Rouquidão que persiste em mais duas, três semanas, por exemplo, é um sinal de alerta que não pode ser ignorado. Aliás, o sintoma mais clássico de lesões pré-malignas e câncer de laringe é a alteração da voz”, enfatiza o Dr. Tsuji.
Ele lembra que o Brasil é um dos países com maior taxa de diagnósticos de câncer de laringe – o que demanda atenção redobrada da nossa parte. “Embora a curabilidade seja alta, é fundamental o diagnóstico precoce e isso nem sempre acontece. Nesse contexto, a prevenção entra como uma aliada importante em casos de alterações vocais persistentes ou recorrentes que precisam ser investigadas”.
Dicas para o professor cuidar melhor da sua voz
Abaixo, as principais dicas do professor para professores – e outros profissionais – cuidar melhor da sua voz:
BEBA ÁGUA
Ao longo do dia, beba de 7 a 8 copos de água, em pequenos goles. Se estiver em ambientes com ar-condicionado, reforce a hidratação para manter as cordas vocais úmidas e lubrificadas.
CUIDADO COM O QUE COME
Alguns alimentos são capazes de alterar a saúde vocal. Uma alimentação saudável ajuda a prevenir o refluxo, que é prejudicial à laringe e às cordas vocais.
AQUEÇA A VOZ
Se você sabe que vai falar durante um longo período, faça exercícios de aquecimento e desaquecimento vocal. A orientação de um fonoaudiólogo é fundamental para você aprender a fazer os exercícios de forma correta.
NÃO SE AUTOMEDIQUE
Existem fármacos – como os anti-histamínicos, diuréticos, descongestionantes nasais e antidepressivos – que podem afetar a voz.
EVITE USAR ROUPAS APERTADAS NA ZONA DO PESCOÇO E CINTURA
As roupas apertadas limitam os movimentos necessários para a respiração e fonação.
ATENÇÃO À FORMA COMO FALA
Fale suavemente, de forma pausada, respirando de modo adequado. Ações como gritar, por exemplo, devem ser evitadas, pois o impacto entre as cordas vocais causado por um grito pode lesionar as cordas vocais
IMPORTANTE
Evite fumar, principalmente, durante o período em que se encontra com rouquidão. A fumaça passa direto pelas cordas vocais, ressecando a área e causando irritação.
Fonte: Hospital Paulista