O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC (2023) preconiza a adoção de um estilo de vida consciente se quisermos salvar o planeta. O estudo enfatiza a importância da ação individual e coletiva para que múltiplas ações e escolhas direcionem o desenvolvimento para um caminho sustentável.

De acordo com o relatório do IPCC (2023), algumas condições fomentam as ações coletivas e individuais: governança inclusiva, valores e conhecimentos diversificados, inovação e finanças, integração setorial e temporal, consciência sobre o ecossistema, sinergia entre ações de desenvolvimento e climáticas, e mudanças de comportamento fomentadas por fatores políticos de infraestrutura e sociocultural. 

Por outro lado, outras condições restringem ações individuais e coletivas como pobreza, desigualdade e injustiça; barreiras econômicas, institucionais, sociais e de capacidades; falta de financiamento e barreiras ao financiamento e ao acesso tecnológico; trocas ou escolhas de um objetivo ou outro de sustentabilidade; e respostas compartimentalizadas.  

Mulher que ganhou Prêmio Nobel em 2009 já defendia essa tese

Elinor Ostrom ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 2009 por seu trabalho ligado ao meio ambiente (Foto: Reprodução de internet)

Mas o conceito não é recente. Em 2009, Elinor Ostrom (1933-2012) foi a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel de Economia por seu trabalho sobre como as pessoas podem cooperar em relação a causas ambientais e assim contribuir coletivamente e exponencialmente com relação ao meio ambiente.

Ela veio de uma família humilde e por não ter tido matemática básica em seus estudos, já que não era permitido às mulheres à época, ela teve sua primeira tentativa de admissão ao doutorado negada. Estudou cálculo autonomamente e conseguiu ser aprovada no programa de economia, fez sua tese sobre a relação das comunidades com as propriedades comuns e foi agraciada com o Nobel. 

Geralmente a teoria econômica preconizava a privatização de áreas comuns porque as áreas públicas não seriam bem administradas pelas comunidades e, assim, seriam exploradas até a exaustão. Elinor provou que as áreas comuns podem ser bem manejadas coletivamente se existirem principalmente informação, vontade e confiança coletiva e aplicou seus estudos também à causa climática.

Sustentabilidade pode estar presente em ações individuais e coletivas?

A sustentabilidade pode estar presente em nossas decisões diárias em pequenas ações e atitudes. Quando nos conscientizamos de nosso papel fundamental com o todo, podemos agir cooperativamente com a humanidade, colocando em prática a velha máxima ‘pense globalmente e aja localmente’. 

Geralmente o que ouvimos é que as negociações internacionais sobre o clima estão paradas, que os países mais ricos não cooperam, que as nações em desenvolvimento querem mais recursos para seus programas e não recebem etc. Bem, isso também faz parte do todo climático, no entanto, isso não pode nos paralisar em nossa contribuição local e individual.

Parece clichê, piegas, mas a realidade simples pode ter resultados significativos. Pequenas ações diárias individuais se agregam em conjunto e o resultado em minimização de emissões de gases de efeito estufa são imensos. 

Como contribuir para a redução de gases do efeito estufa?

Vamos começar com a nossa contribuição ao maior emissor mundial de gases de efeito estufa (GEE): o setor de energia, segundo o IPCC. Como detalha este estudo, o setor engloba todos os tipos de transporte, manufatura e construção, indústrias energéticas (geração elétrica e de aquecimento), além de setores residenciais. 

O transporte nas cidades grandes no Brasil é um tema complexo, já que em algumas localidades, as pessoas irem trabalhar em transporte público pode representar um risco significativo até a suas vidas. Mas o fato é que o alto consumo de combustível em ônibus e carros contribui significativamente para as emissões de GEE.

Muitas vezes, podemos tomar uma decisão de escolher trabalhar em uma empresa que oferece trabalho virtual. Na verdade, se a empresa se diz sustentável, não ter essa possibilidade em certos setores já poderia até configurar uma certa possiblidade de greenwashing, ou seja, de maquiar uma empresa como sustentável, mas a prática diária não confirma essa pretensão. 

Outra forma de contribuir à mitigação de GEE é pensar nos atos diários de consumo. O setor manufatureiro e de construção é um grande emissor também de GEE. Aqui temos a fabricação de produtos de madeira, de produtos têxteis e de couro, além dos próprios cosméticos. O que é importante enfatizar é que as escolhas dos consumidores são as melhores formas de direcionar a produção das empresas.

Da energia em casa até cosméticos, roupas e pasta de dente

Você já pensou no seu uso de energia em casa, não é sobre somente instalar um painel solar, é sobre como sua energia é usada. Cômodos com luz ligada, geladeira aberta por mais tempo, água correndo enquanto toma banho e lava louças, ciclo de lavar roupa com muita água e falta de aproveitamento dessa água.

A proposta de construirmos um mundo mais sustentável é explorada por muitas indústrias e já é observada nas vitrines e gôndolas de lojas, farmácias e supermercados, bem como nos sites de compras, que nos oferecem opções de escolhas mais conscientes. Além disso, a União Europeia proibiu a venda de cosméticos formados por micro plásticos – que poluem o meio ambiente e são fabricados a partir de petróleo. Muitas pastas de dente hoje no mundo, por exemplo, já não utilizam mais aquelas caixas que vemos nas gôndolas no Brasil.

Na indústria da moda, como fica o consumo de roupas e calçados? Tente usar marcas que usam processos menos poluentes e que durem mais, procure saber a longevidade da camisa e do jeans que você compra assim como seus sapatos e tênis. Não podemos entrar num ritmo de consumo frenético e insustentável. Isso não é uma atitude de beleza, é uma atitude fútil e egoísta.

São tantas ações que fazemos no nosso cotidiano que são hábitos inconscientes que causam grandes impactos ao meio ambiente e ao nosso futuro comum. Pense e atue conscientemente antes de consumir.

 

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