De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 100 brasileiros, 40 sofrem de doenças causadas por nível elevado de colesterol ruim. Em todo o mundo, são 17 milhões de pessoas com o problema. A pesquisa InterHeart, que investigou os principais fatores de risco para infarto agudo do miocárdio na América Latina, mostrou que 57% dos casos de infarto no Brasil poderiam ser evitados se o colesterol alto fosse adequadamente tratado. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), estima que, somente no Brasil, o aproximadamente 300 mil pessoas morrem por ano em decorrência das doenças cardiovasculares.
A dislipidemia, que é a presença de níveis elevados de gorduras (colesterol e triglicerídeos) no sangue é o principal fator de risco tratável para evitar infarto e derrame. As doenças cardiovasculares, representadas pelo infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC ou derrame), são a principal causa de morte no mundo, alerta a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo.
O colesterol-LDL elevado, popularmente conhecido como colesterol ruim, é um dos principais fatores de risco à saúde do coração, assim como hipertensão, diabetes, tabagismo, estresse, obesidade e sedentarismo. Outras pessoas podem desenvolver o problema por questões genéticas e, por isso, nem sempre a dieta é suficiente para controlá-lo. Medicações seguras e eficientes estão disponíveis e devem ser consideradas em muitas situações para que a prevenção seja eficaz.
O Dia Nacional de Controle do Colesterol é lembrado em 8 de agosto, data promovida pela Sociedade Brasileira de Cardiologia com o objetivo de orientar a população para esta doença silenciosa. O objetivo é promover a conscientização sobre a importância da prevenção e do tratamento do colesterol alto.
Como o colesterol é produzido no organismo
O colesterol é um álcool dissolvido em gorduras e é fundamental para o funcionamento do organismo, pois ajuda na produção de vitamina D, de hormônios sexuais e do Cortisol (hormônio do metabolismo de proteínas), sendo importante no processo de regeneração celular. Além de ser produzido pelo organismo, ele pode ser encontrado em alimentos de origem animal como nas carnes vermelhas e em ovos.
O médico Everton Dombeck, do Hospital Cardiológico Costantini, explica que o colesterol é a matéria-prima das placas de gorduras que grudam nas artérias, dificultando ou obstruindo o fluxo sanguíneo. “É preciso estar atento a este fator de risco, que é muito sério. Geralmente, as pessoas têm resistência em baixar o colesterol alto, mas também não conseguem controlar o colesterol para que fique dentro dos níveis aceitáveis. Isso precisa mudar”, alerta.
Segundo ele, o colesterol tem funções importantes e fundamentais no organismo. Ele é responsável pela produção de alguns hormônios como a vitamina D, estrógeno, cortisol, testosterona e ácidos biliares, que ajudam na digestão das gorduras. Além disso, está presente no coração, cérebro, fígado, intestinos, músculos, nervos e pele. Porém, em excesso, aumenta o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Diversos os fatores são responsáveis pelo aumento do colesterol, como os genéticos ou hereditários, obesidade, idade, gênero, diabetes e sedentarismo. Entre todos os citados, um dos mais comuns é a dieta desequilibrada, uma vez que 30% do colesterol do organismo provém da alimentação. As gorduras, principalmente as saturadas, que estão nos alimentos de origem animal, contribuem para a elevação do colesterol no sangue.
Doença assintomática e silenciosa
O cardiologista alerta que níveis elevados de colesterol no sangue são assintomáticos. Ou seja, é um fator de risco alto, porém silencioso. “Por esse motivo é necessário que, além das recomendações básicas para manter os bons níveis do colesterol, como uma alimentação balanceada e exercícios físicos regulares, é necessário fazer o controle com exames de sangue”, explica Dombeck.
Quando o problema é diagnosticado, o médico deve avaliar o estado do paciente e o nível de dano ao organismo. “Para pacientes com níveis de cardiopatias moderado a alto, é necessário fazer um controle com medicação”, explica. Ele lembra, entretanto, que o mais importante é a prevenção, com uma rotina regular de exames.
De acordo com Fábio Lario, cardiologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, é fundamental que as pessoas conheçam quais são os seus índices de colesterol, sobretudo se possuírem parentes de primeiro grau com história de infarto ou de colesterol muito elevado. “O ideal é que até os 20 anos de idade as pessoas já tenham dosado os níveis de colesterol. Assim, caso os índices estejam alterados, o paciente pode ser orientado e encaminhado para o tratamento mais adequado”, afirma Lario.
Segundo o cardiologista, além do fator genético a alimentação incorreta, rica no consumo de gorduras de origem animal e gordura saturada, também é considerada um fator importante para o aumento dos índices de LDL no sangue. Cerca de 70% do nível de colesterol no sangue de uma pessoa tem origem genética e 30% está relacionado a fatores alimentares e comportamentais.
Dado o diagnóstico, apenas um especialista poderá indicar o tratamento mais adequado, que envolve a mudança de hábitos alimentares, prática regular de atividade física e, em casos determinados, o uso de medicamentos. O profissional ainda alerta para a necessidade de construir uma relação de confiança com seu médico. “Existe muita informação disponível na internet hoje em dia. Boa parte sem base científica adequada, tanto para benefícios, quanto para malefícios. Portanto o paciente deve conversar com seu médico e entender os fundamentos e objetivos do tratamento e evitar suspendê-lo por conta própria. Isso é ainda mais importante para as pessoas que já tiveram problemas cardíacos”, diz o cardiologista.
Tipos de colesterol
O colesterol é um tipo de gordura presente em alimentos de origem animal e também é gerado pelo corpo humano. Além disso, desempenha funções essenciais no organismo, como produzir hormônio e vitamina D. Existem dois tipos de colesterol:
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Dados sobre doenças cardiovasculares
Segundo a Organização Mundial da Saúde, Infarto e AVC são as primeiras causas de morte mundiais. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, as doenças cardiovasculares, afecções do coração e da circulação representam a principal causa de mortes no Brasil. No período de 2004 a 2014, foram responsáveis por 3.493.459 óbitos, 29% do total, sendo uma morte a cada 40 segundos no país.
As doenças cardiovasculares causam o dobro de mortes que aquelas devidas a todos os tipos de câncer juntos, 2,3 vezes mais que as todas as causas externas (acidentes e violência), 3 vezes mais que as doenças respiratórias e 6,5 vezes mais que todas as infecções incluindo a AIDS. O alerta, a prevenção e o tratamento adequados podem reverter essa grave situação.
Outra pesquisa mostra que Os custos estimados por Doença Cardiovascular (DVC) foram de R$ 37,1 bilhões de reais no ano de 2015, um aumento percentual de 17% no período de 2010 a 2015. Os custos estimados pela morte prematura por DCV representam 61% do total de custo por DCV, os custos diretos com internações e consultas foram de 22% e os custos pela perda da produtividade relacionados à doença foram de 15% do total. Os gastos com saúde no Brasil são estimados em 9,5% do PIB e o custo médio das DCV foi estimado em 0,7% do PIB.
Fórum Desafios do Colesterol no Brasil
Para disccutir sobre o problema, o Grupo de Advocacy em Cardiovascular (GAC), formado por 4 associações de pacientes, organizou o Fórum Desafios do Colesterol no Brasil, que ocorrerá no dia 9 de agosto, às 9h, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. O fórum tem o objetivo de discutir e pressionar a aprovação do protocolo estadual em SP para o tratamento da hipercolesterolemia familiar. Esta é uma iniciativa do Grupo de Advocacy em Cardiovascular (GAC) formado por quatro associações de pacientes do Brasil, entre elas a Associação de Diabetes Juvenil (ADJ Diabetes Brasil), a Associação Brasileira de Hipercolesterolemia Familiar (AHF), Instituto Vidas Raras e ACTC Casa do Coração. Mais informações podem ser obtidas em: www.colaborecomofuturo.com/gac
Da Redação, com Assessorias