Você já parou para pensar como a voz das pessoas trans, travestis e não binárias impactam as suas vidas e todo o desenvolvimento social? A voz é um marcador importante para a identificação e a circulação das pessoas na sociedade. Por isso, quando iniciam o processo de transição de gênero pelo Sistema Único de Saúde (SUS), na sua maioria, estas pessoas solicitam atendimento fonoaudiológico.

A portaria do Ministério da Saúde que regulamenta os ambulatórios do Processo Transexualizador no SUS não contempla o fonoaudiólogo. Porém, em levantamento, foi possível detectar que todos possuem o profissional fonoaudiólogo integrado. Pesquisa complementar descobriu que, neste cenário, cerca de 90% das pessoas trans e travestis optam por fazer consulta com o fonoaudiólogo quando descobrem essa oportunidade, ratificando sua importância.

Estudos recentes já norteiam fonoaudiólogos para suporte adequado a essa população e será centro de debate e habilitação durante o  31º Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, que acontece na cidade do Rio de Janeiro, nesta semana, junto com o 12º Congresso Internacional de Fonoaudiologia.

Neste trabalho é importante identificar a identidade para muito além da transexualidade, de forma que a voz identifique essa pessoa como ela se reconhece em todos os aspectos do seu ser. O fonoaudiólogo pode, no processo, atuar em três possibilidades: cirurgia nas pregas vocais, com otorrinolaringologista, com acompanhamento fonoaudiológico, trabalhar a identidade vocal e trabalhar a desempenho vocal.

No evento realizados pela Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, de 3 a 6 de outubro, no Hotel Widsor Oceânico, o professor doutor Rodrigo Dornellas, abordará a temática na palestra ‘Comunicação e Autenticidade: Desafios e Estratégias para a Comunicação de Pessoas Trans e Travestis no SUS’, com base em vasto estudo cientifico na área.

A estudante de fonoaudiologia e também palestrante, Mayara Priscilla dos Santos, mulher trans, estará nas atividades relacionadas. Mayara é coordenadora do Departamento de políticas públicas LGBTQIAPN+, por meio do Diretório Central Estudantil (DCE/Unicap) e Integrante da Nova Associação de Travestis e Pessoas Trans de Pernambuco (Natrape).

Novos rumos de diagnóstico e tratamentos

O 31º Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia e 12º Congresso Internacional de Fonoaudiologia marcam um novo capítulo na história da Fonoaudiologia como o maior evento do setor na América Latina. São mais 500 palestrantes em 20 salas de conteúdos simultâneos, além de mais de 30 expositores de produtos e serviços em uma programação de quatro dias de evento.

Com o tema “Fonoaudiologia Sem Fronteiras”, o Congresso é um convite para que todos os participantes se apropriem das evoluções da profissão em prol de melhor atendimento da população em todas as áreas em que a Fonoaudiologia se integra.

“Nosso propósito é o de ampliar e elevar os níveis de conhecimento da ciência e da prática fonoaudiológica, contribuindo para uma formação profissional e um atendimento à população cada vez mais qualificado e acessível.”, declara Leonardo Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa).

O evento contempla 10 especialidades da Fonoaudiologia para discutir temas que desafiam e somam para os principais problemas que acometem a comunicação humana e outras funções envolvendo a saúde e a educação, conectadas com as suas mais diferentes áreas.

Fonoaudiologia no TEA – abordando o diagnóstico diferencial e comorbidade no Transtorno do Espectro Autista, com programas de intervenção precoce; treino parental em famílias de crianças e a escolarização do estudante com TEA e o papel do fonoaudiólogo nesse contexto. Além disso, serão promovidos debates a respeito de novas pesquisas de intervenção no tema.

Fonoaudiologia em Oncologia – temas como monitoramento vocal, auditivo e da deglutição durante tratamento do paciente com câncer de cabeça e pescoço, incluindo a atuação fonoaudiológica em crianças e adolescentes oncológicos.

Fonoaudiologia na alimentação e deglutição na infância, trazendo evidencias cientificas e estudos de casos sobre os desafios do aleitamento materno na prática fonoaudiológica, as diferentes estratégias de introdução alimentar na primeira infância e o papel do fonoaudiólogo, a partir da avaliação fonoaudiológica da criança com suspeita de DAP.

Mais destaques:

·      Envelhecimento e Idadismo: Um relato sobre interseccionalidade e intergeracionalidade

·      Reabilitação sem fronteiras: atendimento remoto do paciente com tontura

·      Escola, violência e saúde mental: o que a fonoaudiologia pode fazer?”

·      Caminhos e desafios da fonoaudiologia forense, com instrumentos e técnicas de apoio investigativo em provas documentais

·      Saúde sem fronteiras: a fonoaudiologia nas comunidades indígenas e ribeirinhas

Uma sala especial, intitulada, Nada sobre nós sem nós! trará a diversidade com pauta e contará com temas como: comunicação e autenticidade: desafios e estratégias para a comunicação de pessoas trans e travesti no sus e com entidades como Fiocruz e SUS.

São mais de 700 temáticas divididas nas áreas da voz, fonoaudiologia educacional, pericia, audição e equilíbrio, linguagem, fala, saúde coletiva, disfagia e motricidade orofacial, durante 3 dias inteiros. 

A grade conta ainda com uma sala dedicada ao desenvolvimento da carreira, empreendedorismo e liderança do Fonoaudiólogo e uma Arena com temas atuais como a exposição do profissional nas mídias digitais.

Em paralelo aos conteúdos teóricos e de hands on, o evento também abriga uma feira com 30 empresas, a Expo CBFa, que trará inovações tecnológicas em produtos e serviços para a melhor condução dos pacientes fonoaudiológicos, como:

·      Lançamento de equipamentos de tratamento para doenças respiratórias e de deglutição,

·      Jogos em realidade virtual para estimular a cognição,

·      Plataforma de avaliação auditiva por inteligência artificial,

·      Soluções de última geração em saúde auditiva,

·      Plataforma digital que conecta cuidadores em tempo real na terapia do paciente com TEA

Com assessoria do evento

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