Muita gente não sabe, mas o Outubro Rosa também chama a atenção para o câncer de cólo de útero. Mesmo sendo uma doença altamente prevenível, os dados ainda são alarmantes: o tumor atinge mais de 16 mil mulheres por ano no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer, o Inca. Por ser uma doença considerada silenciosa, 35% dos casos acaba levando à morte de pacientes.
De acordo com dados da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS), a cada ano mais de 56 mil mulheres são diagnosticadas com câncer de colo de útero. No Brasil, esse tipo de câncer é a terceira maior causa de mortalidade em mulheres, ficando apenas atrás do câncer de mama e do colorretal.
Sangramento vaginal, principalmente depois da relação sexual, dores pélvicas, desconforto abdominal e, nos casos avançados, inchaço na região pélvica são alguns dos sintomas do câncer de cólo do útero, que é causado pela infecção persistente por alguns tipos do papilomavírus humano, o HPV, e representa o terceiro tipo mais comum entre as mulheres.
Renata Sacchi, gerente-geral do DB Patologia, explica que o desenvolvimento desse tipo de câncer é lento e gradual, de modo que os exames preventivos são essenciais para detectar precocemente possíveis alterações e o potencial maligno dele.
“Quando se fala na prevenção secundária, o exame mais tradicional é o Papanicolau pelo método convencional, que consiste na coleta de células por meio de uma espátula específica que, em seguida, é inserida em lâminas de vidro e fixada. Entretanto, é necessário ressaltar que essa metodologia tem limitações, como interferentes de coleta ou de fixação, e o obscurecimento por condições clínicas da própria paciente. Isso pode prejudicar a leitura e gerar resultados insatisfatórios”, complementa.
Já a Citologia em meio líquido é uma outra metodologia que permite a otimização do exame em diversos aspectos. “A forma de coleta é a mesma do Papanicolau, porém, as células são armazenadas em um recipiente com um líquido conservante, cujo processamento é feito de forma automatizada.
Esse tipo de exame permite o envio de 100% da amostra coletada ao laboratório (para técnicas que encaminham o dispositivo de coleta no frasco), além da redução significativa das amostras insatisfatórias e aumento da sensibilidade na identificação de lesões intraepiteliais de alto grau. Além disso, permite a confecção de lâminas adicionais e testes moleculares na mesma amostra para diagnóstico das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) entre elas o HPV, o principal agente causador do câncer de colo uterino”, explica a especialista.
HPV é o maior inimigo
Segundo o Inca, o câncer de colo do útero está associado à infecção persistente aos vários tipos do vírus Papilomavirus Humano (HPV), na qual os tipos HPV-16 e o HPV-18 são responsáveis por cerca de 70% dos cânceres de colo de útero e lesões pré-cancerosas.
Dados do Ministério da Saúde apontam que 75% das mulheres sexualmente ativas entrarão em contato com o HPV ao longo da vida e cerca de 5% delas vão desenvolver o tumor maligno em um prazo de dois a dez anos.
Existem mais de 80 subtipos do HPV, os mais perigosos são o 16 e 18, associados com a maior parte dos tumores de colo de útero e da área da vulva, canal anal, pênis dos homens e na região da faringe de homens e mulheres.
Um dos principais aliados no combate ao problema é a prevenção. Primeiro com a vacinação para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. A vacina é incrivelmente eficaz para quem não teve ainda início na vida sexual e contato com o HPV para evitar que essa pessoa desenvolva uma infecção por HPV. Depois com exames de rotina como o papanicolau, por exemplo.
A médica afirma que uma forma de prevenção é a vacinação. “As meninas, a partir dos nove anos já podem tomar a vacina de forma gratuita em qualquer unidade de saúde, com duas doses ao ano. Esse tipo de imunização, a qual chamamos de prevenção primária, protege contra os subtipos mais comuns e com maior risco de causa de câncer de colo de útero”, finaliza.
Pandemia X detecção de câncer
A pandemia do novo coronavírus acabou afastando as mulheres dos hospitais e clínicas. Com medo de serem contaminadas, pacientes estão adiando consultas e exames primordiais para identificação do câncer de colo de útero.
Nos Estado Unidos, por exemplo, em três meses, 100 mil casos deixaram de ser diagnosticados de câncer de colo de útero, de intestino, mama, próstata e pulmão, que são os tumores onde há possibilidade de antever o diagnóstico mais tardio.
Para as mulheres em específico, a indicação dos especialistas é manter em dia os exames de rotina. Abaixo, os ginecologistas e obstetras Domingos e Erica Mantelli tiram dúvidas sobre o câncer de colo de útero, considerado o terceiro tumor maligno mais presente nas mulheres.
Qual a melhor forma de prevenção?
Papanicolau
O Papanicolaou é um exame que pode ser feito durante uma consulta comum ao ginecologista. Ele permite, através da análise microscópica de uma amostragem de células coletadas do colo do útero, detectar células anormais pré-malignas ou cancerosas. Sua simplicidade não exclui sua importância, visto que é um dos exames mais eficazes quando se fala de prevenção da saúde da mulher.
O tumor em fase inicial não apresenta sintomas, por isso dizemos que o Papanicolaou é um exame preventivo: ele visa detectar as alterações celulares antes mesmo de os sintomas aparecerem. Além disso, a realização desse exame pode ajudar a descobrir a existência de outros males que colocam a saúde da mulher em risco e precisam ser tratados como: infecções vaginais (Tricomoníase, Candidíase etc) e outras sexualmente transmissíveis (Sífilis, Gonorreia, Condilomatose, Clamídia etc).
Captura híbrida
A captura híbrida é um exame mais preciso para detectar o vírus HPV, o principal causador da doença. A detecção precoce por captura híbrida evita um tratamento mais agressivo e quando diagnosticado em fase inicial, as chances de cura do câncer de colo de útero são de quase 100%.
O exame de captura híbrida serve para ajudar no diagnóstico da infecção pelo vírus HPV e deve ser feito por todas as mulheres que tiveram alguma alteração no exame de Papanicolau ou que estejam dentro do grupo de risco de pegar HPV, como aquelas que têm muitos parceiros sexuais.
O exame de captura híbrida é feito através da raspagem de uma pequena amostra do muco vaginal no colo do útero, vagina ou vulva. O material recolhido é colocado num tubo de ensaio e enviado para o laboratório para análise. No laboratório, a amostra é processada por um equipamento semi-automatizado, que realiza as reações e a partir dos resultados obtidos, libera a conclusão laboratorial, que é analisada pelo médico. O exame de captura híbrida não dói, mas a paciente pode sentir algum desconforto no momento da coleta.
Com Assessorias