Um artigo publicado em janeiro deste ano na Jama, a revista oficial da Associação Médica dos Estados Unidos onde são publicados estudos de grande impacto , revelou dados sobre a batalha contra o câncer de mama, trazendo novas esperanças e confirmações importantes para a comunidade médica, gestores e para a sociedade.
A pesquisa comparou taxas de mortalidade por câncer de mama nos Estados Unidos de 1975 e 2019, mostrando uma redução impressionante de mais de 50%. Em 1975, a taxa era de 48 mortes por 100 mil habitantes, caindo para 27 mortes por 100 mil habitantes em 2019. Estes números não apenas simbolizam um progresso significativo, mas também esclarecem os fatores que contribuíram para tal avanço.
Primeiramente, destaca-se o papel vital do diagnóstico e tratamentos precoces (estágios I, II e III), responsáveis por 47% dessa redução. A crescente conscientização sobre a importância de realizar exames e buscar a origem dos sintomas levou a um aumento nas biópsias e, consequentemente, na detecção precoce do tumor.
Para o médico Paulo Pizão, oncologista no Instituto do Radium, pesquisador no Centro de Pesquisa Clínica São Lucas (PUC-Campinas), este é um lembrete poderoso de que campanhas de conscientização, como o Outubro Rosa, têm um impacto direto e significativo na sobrevivência das pacientes”. Em segundo lugar, os avanços nos tratamentos da doença metastática representaram uma redução de 28% na mortalidade.
O aperfeiçoamento das terapias, especialmente quimioterapia, terapia-alvo e imunoterapia, tem sido crucial para melhorar a qualidade de vida e as taxas de sobrevivência das pacientes, mesmo na presença de metástases”, afirma o médico, que é coordenador da disciplina de Oncologia Clínica na Faculdade São Leopoldo Mandic, em Campinas (SP).
Por último, a pesquisa atribui 25% da redução na taxa de mortalidade ao exame de rastreamento pela mamografia. O aumento no número de mamografias realizadas reflete a maior disponibilidade de equipamentos e o acesso facilitado a este exame tão crucial.
Embora o foco deste estudo seja o câncer de mama, as lições aprendidas podem ser aplicadas a outros tipos de câncer. Esses dados reafirmam a importância do acesso à informação, ao diagnóstico precoce e aos tratamentos atualizados. Quando a população tem acesso a estes recursos, os resultados são tangíveis – menos mortes devido ao câncer”, afirma o especialista.
Este é também um chamado para uma gestão pública eficaz na saúde. Um sistema que priorize a prevenção, o acesso a tratamentos avançados e a infraestrutura adequada pode fazer uma diferença significativa na vida dos pacientes com câncer.
Neste Outubro Rosa é importante evidenciar que a comunidade médica, os governantes e a sociedade precisam promover e cobrar o acesso à saúde de qualidade, ampliar a conscientização e avançar na pesquisa.
Com estes esforços combinados, continuaremos a ver progressos na redução da mortalidade por câncer e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes. A luta contra o câncer é desafiadora, mas os avanços que celebramos nos inspiram a seguir em frente com esperança e determinação.
Câncer de mama em números no Brasil
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca) são esperados mais de 704 mil casos novos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025. O tumor maligno mais incidente no Brasil é o de pele não melanoma (31,3% do total de casos). O câncer de mama está em segundo lugar (10,5%), seguido dos tumores de próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%).
Para o câncer de mama estão sendo previstos mais de 74 mil casos novos previstos até 2025. O destaque vai para as regiões Sul e Sudeste, que concentram cerca de 70% da incidência.
Um estudo da Genera mostrou que a região Sudeste apresenta maior porcentagem de amostras classificadas como risco aumentado para câncer de mama entre as regiões do Brasil, com 34,2%.
A região Sul está na segunda posição, com 31,7%, seguida por Nordeste (31,5%), Norte (31,2%) e Centro-Oeste (27,4%). O levantamento foi realizado com base no banco de dados do laboratório, com cerca de 260 mil DNA analisados.
Segundo dados do Inca, o câncer de mama corresponde a 29,7% dos casos de câncer entre as mulheres (sendo o tipo mais prevalente entre os brasileiros, em todas as regiões, excluindo o câncer de pele não melanoma). É também a principal causa de morte por câncer em mulheres no Brasil.
Embora os números apresentados pelas instituições de saúde sejam alarmantes, é essencial ressaltar que o diagnóstico precoce representa uma ferramenta poderosa na luta contra essa doença. O câncer de mama tem 95% de chance de cura quando diagnosticado em fase inicial, de acordo com estudo publico no Jornal da USP.
Por isso, as campanhas de prevenção e conscientização, como Outubro Rosa, desempenham um papel crucial no combate ao câncer de mama.
Com Assessorias