Por Andrea Ladislau*

Kanye West, rapper norte-americano, ultimamente, não tem sido reconhecido apenas por suas músicas ou produções musicais. Ele amarga um repertório extenso de polêmicos ataques relacionados ao seu comportamento, suas falas agressivas recheadas por impulsividade. O artista justifica seus atos antissociais a um diagnóstico que o acompanha desde 2018: Transtorno de Bipolaridade.

Um transtorno que se caracteriza por mudanças bruscas e repentinas do humor, alterando e afetando a energia e até os relacionamentos interpessoais, além de dificultar a interação social. Em questões de segundos, vai de uma extrema alegria e felicidade, para um exagerado mau humor e até agressividade. O indivíduo acometido pelo transtorno tende a vibrar de forma muito rápida da depressão para euforia e vice-versa, demonstrando também que a frequência e duração dos episódios são variáveis e relativos.

Apesar da fragilidade na identificação do diagnóstico, pois existe uma associação muito forte com a depressão e com o perfil  maníaco também, o distúrbio pelos sinais intensos, também pode se confundir na sua classificação, com doenças como a esquizofrenia, depressão severa, transtornos de ansiedade exagerada e até síndrome do pânico.

Na verdade, é importante destacar que não existe uma causa aparente determinada. Mas como estudos levam a crer em alterações genéticas no cérebro, entende-se que seja esse o ponto de partida para o desenvolvimento da doença. Porém, se não for controlada a crise pode aumentar sua intensidade, aumentar sua frequência, diminuindo os espaços de atuação entre uma e outra, além de levarem o indivíduo a atentar contra sua vida ou até mesmo, de forma incontrolável, atacar as pessoas que estão mais próximas a ele. Também evidenciamos episódios de alucinações e delírios intensos em que a pessoa entra em um processo de transe momentâneo.

Portanto, o mal descrito pelo rapper americano Kanye West pode afetar qualquer pessoa. A detecção da doença é feita através de testes psicológicos e clínicos que podem aferir a manifestação do transtorno bipolar. Tudo associado a uma investigação profunda do histórico comportamental e também familiar deste paciente. Infelizmente, por ser muito subjetivo este diagnóstico não é fácil de ser concluído, pois, os sintomas também se confundem com outras comorbidades.

Sabemos que as crises vão variar conforme os tipos de transtornos. Podem ser mais severas ou mais brandas, mais duradouras ou mais breves. Agressividade, passividade exagerada, reclusão, tristeza profunda, estado deprimido, fobia e outros processos demonstram que um paciente está em crise.

A crise nada mais é do que destoar do que é o comportamento normal do indivíduo. Afinal, todo mundo tem seus dias bons e ruins. Mas, para as pessoas que sofrem de transtorno bipolar, essas variações de humor são um assunto muito mais sério. São muito intensas e afetam o equilíbrio emocional de quem sofre, alternando períodos de euforia e depressão.

O mais importante é estar atento aos sintomas e alterações de comportamento. Não demorar para buscar ajuda profissional e acolher este indivíduo de forma a não permitir que o transtorno se agrave e se associe a outros transtornos.

Andrea Ladislau, doutora em Psicanálise Contemporânea (Foto: Pedro Costa)

*Andrea Ladislau é pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Possui especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. É também graduada em Letras e Administração de Empresas, palestrante, membro da Academia Fluminense de Letras e escreve para diversos veículos. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional de pessoas do Brasil inteiro.

Contatos: Instagram: @dra.andrealadislau / Telefone: (21) 96804-9353 (Whatsapp)

Andrea Ladislau colabora para a seção Palavra de Especialista toda quarta-feira. Dúvidas e sugestões para palavradeespecialista@vidaeacao.com.br.

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