Por Ricardo Moraes*
Vamos lá. Quem nunca se viu nessa situação: vai ao médico, sai de lá com uma receita ilegível e quando chega à farmácia para comprar os remédios, o próprio farmacêutico tem dificuldades de entender o que está escrito? E é comprovado por estudos que 68% dos erros relacionados à medicação ocorrem pela incompreensão da grafia prescrita no receituário.
Esse dado é da KLAS, empresa de pesquisas britânica voltada à área da saúde e tecnologia. Além disso, outras estatísticas mostram que 39% dos erros médicos associados à medicação ocorrem no momento da prescrição. O problema pode ser tão grave quanto as preocupantes infecções hospitalares. Sim, é mais sério do que muitos pensam.
E quando já estamos com os medicamentos, mas ainda temos dúvidas sobre como usar? Entender quando, como e qual a dosagem deve ser ingerida; e indo mais a fundo, se existe o risco de reação alérgica ou se determinado medicamento pode ser ingerido juntamente com algum outro ou até mesmo com bebida alcoólica.
Enfim, poderíamos dar muitos exemplos de possibilidades de erros e até citar casos de pessoas que ao ingerir medicações erroneamente voltaram para o hospital ou até mesmo, em casos mais críticos, vieram a óbito. Mas, como solucionar e minimizar esse problema? A tecnologia está mais do que incorporada ao dia a dia de todos.
Segundo a APM (Associação Paulista de Medicina) em uma pesquisa interna, cerca de 82,65% dos médicos do Estado de São Paulo já utilizam algum tipo de tecnologia para otimizar as consultas.
Carimbo, número do CRM, nome do médico e o perfeito entendimento dos medicamentos que iremos usar em nosso tratamento. Esse seria o cenário ideal quando recebemos uma receita médica; contudo, a realidade é diferente e, com frequência, nos deparamos com diversos contratempos (neste processo que engloba da compra dos medicamentos à finalização do tratamento) e que podem prejudicar a nossa saúde. No entanto, você tem conhecimento que hoje já existem recursos de prescrição médica eletrônica que podem trazer muitos benefícios e informações completas para nós pacientes, diretamente em nossos telefones celulares, após uma consulta?
Já do nosso ponto de vista, basta nos observar e olhar em nossa volta. Não vamos a lugar nenhum sem nosso celular. Colocadas estas questões preocupantes, voltamos ao tema da prescrição médica eletrônica, mencionado acima. Ela já existe e é a forma mais segura para solucionar o problema das receitas tanto para o paciente quanto para o médico.
Os benefícios da prescrição médica eletrônica são inúmeros e vão além da questão da ilegibilidade das receitas. Se fosse assim bastaria digitar em um computador, e, em seguida, imprimir a receita. É claro que eliminar o processo manual de prescrição resolve uma parte importante do problema, embora ainda haja riscos como danificarmos o papel da receita ou, ainda, perde-lo. A questão é a segurança que a prescrição médica eletrônica traz ao paciente e ao profissional. Existem hoje soluções, sem custos para nenhum dos lados, que agregam também maior inteligência ao processo, pois oferecem aos profissionais milhares de informações de extrema importância no momento em que estão prescrevendo. Ficam disponíveis referências de medicamentos que se aplicam a cada caso clínico, composição, posologias e até o histórico das prescrições anteriores. Tudo isso ajuda a aumentar a segurança e reduzir enormemente as chances de erros.
Outro ponto legal é que, ao final da consulta, o médico envia um link para uma versão digital da receita, via SMS. Ou, seja o conteúdo dessa receita pode ser acessado com um clique, diretamente no celular, o que facilita a nossa vida, pois podemos pesquisar pelo celular a farmácia mais próxima, comparar os preços nas principais drogarias online, comprar e receber o medicamento em casa. Sem falar que, em caso de dúvidas, é possível obter informações sobre a medicação, o porquê está sendo ministrada e agendar exames nos laboratórios e enviar os resultados diretamente ao médico.
A boa notícia é que a prescrição médica eletrônica está sendo regulamentada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF). Tem também outro fator positivo: um levantamento do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, realizado com 2.126 pessoas em 129 cidades de todas as regiões do Brasil, mostrou que sete em cada 10 pessoas desejam a receita eletrônica. Além disso, 75% dos entrevistados acreditam na necessidade da implantação para evitar erros de interpretação da grafia dos médicos e ausência de carimbo. Porém, a adoção da prescrição eletrônica ainda é incipiente em nosso país.
Desta forma, é muito importante que as pessoas entendam que o momento e como ocorre a prescrição são cruciais para o sucesso do tratamento. A maneira como a receita de medicamento é gerada pode impactar, tanto negativa como positivamente. E com certeza, a prescrição médica eletrônica e as ferramentas tecnológicas podem acrescentar inteligência a esse processo e ajudar muito a obter sucesso nos cuidados à nossa saúde.
* Ricardo Moraes é CEO da Memed, empresa pioneira na plataforma de prescrição médica digital no país e dispõe de uma solução gratuita para médicos.