O estudo foi elaborado a partir da consolidação dos registros do Sistema Único de Saúde, de 2015 a 2019, e foi desenvolvido para caracterizar a população atendida no SUS (Sistema Único de Saúde) para o rastreamento, diagnóstico e tratamento do câncer de mama. O levantamento de dados traz um panorama bastante completo da atenção à doença no SUS e também informações que apoiem a formulação e, sobretudo, a gestão das políticas de saúde voltadas ao controle do câncer de mama.
A cobertura mamográfica, que tem como público alvo mulheres entre 50 e 69 anos de idade, chama a atenção. A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda aos países uma cobertura mamográfica de 70% do público alvo, mas no Brasil o número é de apenas 23% de cobertura, o que dificulta o diagnóstico precoce da doença. Outro dado mostra que entre 2015 e 2019 houve uma redução de 4% ao ano de cobertura mamográfica.
Esse resultado se reflete nos gastos com o tratamento que, de acordo com o levantamento, representam 61% das despesas quando a doença já está em estágio avançado e 15% quando ainda em fase inicial. O tempo médio entre o diagnóstico e início do tratamento também foi abordado pelo estudo. As pacientes do SUS no período estudado, levaram em média 45 dias para a confirmação da doença, a partir da primeira consulta com o especialista e o tempo médio para início do tratamento, a partir do diagnóstico, foi de 83 dias considerando o primeiro procedimento cirúrgico, e esse número sobe para 113 dias considerando o tratamento ambulatorial.
É importante ressaltar que no Brasil rege uma lei, aprovada em 2019, que assegura as pacientes do Sistema Único de Saúde com suspeita de câncer o direito à confirmação do diagnóstico no prazo máximo de 30 dias, mais conhecida como Lei dos 30 dias, além da Lei dos 60 dias, vigente desde 2012, que garante ao paciente com câncer ter seu tratamento iniciado em até 60 dias a partir da confirmação do diagnóstico.
Chama atenção também um dado que revela que mulheres entre 40 e 49 anos representam 50% dos diagnósticos tardios, enquanto mulheres de 50 a 69 representam 43%, o que coloca em questão as diretrizes de rastreamento mamográfico vigentes que excluem a faixa etária dos 40 a 49 anos.
O estudo traz também um importante recorte racial, destacando que 52% dos diagnósticos tardios são de mulheres consideradas pretas e pardas, e mulheres brancas, 43%. Quando se fala em diagnóstico precoce, mulheres pretas e pardas representam apenas 19% desse cenário, enquanto mulheres brancas representam 28%, o que mostra a desigualdade de acesso dentro do próprio sistema.
Este estudo nos permite ter uma visão ampla e clara do acesso ao diagnóstico e tratamento do câncer de mama pelas mulheres brasileiras junto ao Sistema Único de Saúde. Também nos mune de dados para sermos mais assertivos no desenvolvimento de projetos, campanhas e parcerias buscando antecipar o estadiamento ao diagnóstico e o encaminhamento para um tratamento ágil e assertivo, aumentando assim as chances de sobrevida para a paciente do câncer de mama”, explica Daniela Grelin, diretora executiva do Instituto Avon.
Há 17 anos, desde a fundação, o Instituto desenvolve iniciativas que contribuem com a detecção precoce do câncer de mama. No total, foram investidos R$ 86 milhões para o desenvolvimento de 161 projetos e doação de 51 mamógrafos e 32 aparelhos de ultrassom. Por meio destas doações, mais de 2.3 milhões de mamografias e 471 mil ultrassonografias de mama foram realizadas e 38.5 mil diagnósticos positivos feitos. Como braço de investimento social da Avon, empresa privada que investiu mais de 170 milhões em ações sociais voltadas às mulheres no Brasil, o Instituto já apoiou a realização de mais de 350 projetos e ações, beneficiando 5,7 milhões de mulheres.
O objetivo do Observatório de Oncologia é utilizar os dados governamentais abertos de Saúde para monitorar situações e promover uma transformação social. Este estudo em específico, sobre o câncer de mama, nos mostra o quanto precisamos avançar para diminuir as desigualdades regionais e entender as características e necessidades locais”, afirma Merula Steagall, presidente da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) e idealizadora do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer.
Segundo ela, com isso, as mulheres brasileiras terão acesso ao melhor tratamento, a políticas eficientes de prevenção e rastreamento e ao diagnóstico precoce, com mais chance de cura. “É possível mudar esta realidade, mas primeiro é preciso conhecer aquilo que estamos enfrentando. E estudos como estes nos mostram este norte, este caminho”, completa.
Agenda Positiva
Rio ganha Instituto Lilás
O Dia Internacional de Combate ao Câncer de Mama foi a data escolhida para o lançamento do mais novo instituto de Oncodermatologia do Brasil, sem finalidade lucrativa e que estará localizado na cidade do Rio de Janeiro, o Instituto Lilás, localizado à Av. Nilo Peçanha 50, Sala 1110, Centro.
Idealizado e comandado pela dermatologista com mais de 30 anos de experiência e membro da Academia Americana de Dermatologia, Simone Stringhini, o Instituto é inovador na área de pesquisas e estudos voltados para dermatologia estética em pacientes oncológicos. A pele do paciente que passa pelos tratamentos oncológicos sofre uma série de lesões que acabam deixando-a mais frágil e necessitando de cuidados especiais e específicos.
Com o objetivo de fazer pesquisas, produzir e disseminar conhecimento, de forma gratuita, sobre tratamentos desenvolvidos e personalizados unindo dermatologia e oncologia, o Instituto quer promover a redescoberta da beleza e da saúde da pele com carinho, dedicação e excelência, contando com importantes parceiros como a Vydence, de tecnologia em aparelhos médicos para estética, e uma equipe multidisciplinar.