Três entre 10 brasileiros já tiveram dengue

6% já tiveram dengue 3 vezes ou mais. Na Região Sudeste, incidência de casos é menor (19%), mas maioria desconhece recorde em 2022

Mosquitos de Aedes aegypti são vistos no laboratório da Oxitec em Campinas (Foto: Diulgação)
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Três em cada 10 brasileiros já tiveram dengue e 69% conhecem alguém que já teve a doença. Entre os já acometidos, 69% foram diagnosticados uma vez, 23% duas vezes e 6% três vezes ou mais. Os dados são de uma pesquisa inédita realizada com 2 mil pessoas pela Ipsos, a pedido da biofarmacêutica Takeda e com a coordenação científica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), que foi divulgada nesta terça-feira (14).

O maior número de pessoas que relatam terem sido infectadas pelo mosquito da dengue está na Região Norte (48%), seguido das regiões Norte e Centro-Oeste (40%). O segundo menor contingente é verificado na Região Sudeste (19%), seguido da Região Sul (10%).  Mas o número pode estar subestimado já que 65% da população entrevistada no Sudeste dizem conhecer alguém que teve a doença.

Apesar de os números não parecerem tão significativos, o Sudeste também apresenta os maiores números de casos absolutos e de mortes registrados no país, ultrapassando a marca de 709 mil casos e 559 óbitos em 2023, segundo dados do Ministério da Saúde.

“Também é preocupante o dado que mostra que apenas 39% acreditam que o número de casos aumentou entre 2022 e 2023, sendo que no último ano a dengue bateu recorde histórico de óbitos, o que reforça a necessidade de conscientização sobre a doença”, avalia Juliana Siegmann, do Instituto Ipsos.

Desconhecimento sobre alta de casos

Segundo dados do Ministério da Saúde, existem mais de 1,6 milhão de casos registrados de dengue no Brasil e 1 mil mortes em 2023, superando os casos de 2022 (cerca de 1,4 milhão) e quase atingindo o mesmo patamar de óbitos (1.016). Mas o nível de conhecimento da população sobre a doença que atormenta os brasileiros há décadas ainda é muito baixo.

Quatro entre 10 entrevistados na pesquisa (40%) em todo o Brasil acreditam que o número de casos entre 2022 e 2023 se manteve e 23% que diminuiu, enquanto apenas 36% dizem que houve um aumento. Mas, quando estimulados, 99% dos brasileiros afirmam conhecer a doença.

Do total de entrevistados, 67% lembraram da dengue quando questionados sobre quais surtos de doenças são recorrentes no Brasil – índice muito superior aos 39% da primeira edição da pesquisa, realizada em novembro de 2021.

Quando perguntados sobre quantas vezes uma pessoa pode ter dengue, 69% dos entrevistados não souberam responder, 12% disseram por um número ilimitado de vezes, 18% entre uma e três vezes e apenas 2% acertaram a resposta: 4 vezes.

Segundo Alberto Chebabo, médico infectologista e presidente da SBI, há uma falsa ideia de imunização após infecção por dengue, ou seja, a pessoa que já pegou acredita estar imune à doença. “Precisamos alertar que existem quatro tipos de dengue e, portanto, cada pessoa pode ser infectada até quatro vezes”, reforça.

Veja mais dados da pesquisa no Sudeste

• 69% lembraram da dengue quando questionados sobre quais surtos de doenças são recorrentes no Brasil, mas apenas 39% acreditam que o número de casos aumentou entre 2022 e 2023.

• Entre os que tiveram dengue (19%), 73% fizeram alguma mudança na sua casa ou na sua rotina após pegarem dengue.

• Em relação às formas de contágio, 69% dos entrevistados associam a transmissão da doença à picada do mosquito.

• 40% não se sentem seguros quanto à possibilidade de contrair a dengue.

• 69% não sabem quantas vezes uma pessoa pode pegar dengue.

• 96% acreditam que a dengue pode ser evitada.

Uma ‘doença democrática’

Para Rosana Richtmann, médica infectologista, é preciso esclarecer mitos relacionados ao contágio e reforçar que a dengue é “uma doença democrática”. “Ela está presente em todo o Brasil, seja em localidades de clima quente ou frio, atingindo todas as classes sociais”, explica.

“A dengue está presente na vida do brasileiro de alguma forma, seja porque já tiveram a doença, conhecem alguém que teve ou porque estão preocupados com o risco de infecção. No entanto, as medidas de controle do vetor são insuficientes e os casos só estão aumentando”, analisa Alberto Chebabo, médico infectologista e presidente da SBI.

O levantamento também mostra que aumentou a consciência do brasileiro de que a dengue pode levar à morte. Aproximadamente 93% acreditam que ela pode ser fatal, 83% acham que pode impactar a qualidade de vida, 84% têm medo de que seus familiares tenham a doença, 76% têm medo de contraí-la e 71% acreditam que se trata de uma doença com alto risco de contágio. Todos buscariam cuidados especializados se suspeitassem estar com dengue.

“Isso mostra que a preocupação com a gravidade da doença é muita alta entre as pessoas, o que auxilia na ampliação da conscientização do tema e o conhecimento sobre todas as medidas de prevenção existentes”, comenta Vivian Lee, diretora médica da Takeda Brasil.

A pesquisa foi realizada entre os dias 26 de junho a 31 de julho de 2023, com 2 mil pessoas, acima de 18 anos, de todas as classes sociais e regiões do país, por telefone. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. Acesse a pesquisa completa aqui.

Impacto da doença nas medidas de controle

  • 73% das pessoas têm conhecimento de que a picada do mosquito é a principal forma de contágio e 26% em detrimento da água parada. Entre aquelas que tiveram a dengue, 70% afirmam que fizeram mudanças em casa após o diagnóstico. São elas:
    • 27% adotam cuidados com os recipientes com água parada
    • 12% tampam reservatórios de água
    • 11% removem água parada de vasos
    • 10% realizam maior limpeza no quintal de casa
    • 8% deixam garrafas com a boca para baixo
    • 8% -colocam areia nos vasos de plantas
    • 30% não realizaram qualquer tipo de medida preventiva.

Necessidade de maior conhecimento

Mitos relacionados ao contágio ainda persistem no entendimento popular.

  • 43% acreditam que a dengue ocorre exclusivamente no verão
  • 25% pensam que a doença só atinge pessoas das classes sociais mais baixas
  • 25% que só ocorre em regiões endêmicas
  • 21% pensam que a dengue não está presente onde moram
  • 21% que não acontece nas cidades grandes

Em relação aos sintomas, 98% dos entrevistados disseram que buscariam cuidados especializados se desconfiassem da dengue, mas conhecem poucos sintomas associados à doença. A maioria cita febre (81%), dor no corpo/ dores musculares (57%) e dor de cabeça (39%).

Novas medidas de prevenção

Quanto às novas formas de combate à dengue, a possibilidade da vacinação contra a doença ainda é desconhecida pela maioria dos entrevistados (73%), mas entre aqueles que já ouviram falar do tema (27%), 86% acreditam na sua eficácia e se manifestam dispostos a ela.

“Vemos que a dengue é uma preocupação nacional e a população está mais atenta para as formas de controle do vetor. As campanhas de conscientização continuam sendo necessárias e precisamos unir esforços para ampliar as formas de controle da doença”, analisa Vivian Lee, diretora médica da Takeda Brasil.

Fonte: Takeda

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