O leite materno é considerado o melhor alimento para os recém-nascidos. Protege contra infecções e contribui para o desenvolvimento físico, psicológico e emocional, sendo essencial para a recuperação e o desenvolvimento saudável de recém-nascidos, principalmente os prematuros e de baixo peso.  O ato ainda diminui o risco de inúmeras doenças como a diabetes e reduz as chances da criança ter algum tipo de transtorno neurobiológico.

Principal aliado da redução da mortalidade na infância, ainda pode contribuir para diminuir em até 13% as mortes de bebês por causas evitáveis.  Muitos bebês internados em hospitais de todo o Brasil têm suas vidas salvas graças às doações de leite humano. Mulheres saudáveis que ainda amamentam, produzem quantidade excedente de leite e não utilizam nenhum medicamento que contraindique o aleitamento materno podem se tornar doadoras.

Para Elaine Ferreira, de 31 anos, doadora há cinco meses, a rota do leite é fundamental, porque ela nem precisa sair de casa para realizar a doação, além de todas as orientações sobre aleitamento que recebe semanalmente e do acolhimento dos agentes comunitários de saúde.

Me sinto realizada em poder doar meu leite. Desde o nascimento do meu primeiro filho, eu sempre tive o desejo de me tornar doadora, porém, naquela época, eu não sabia como funcionava. Agora, com a chegada da minha segunda filha, a equipe de saúde me informou que era possível doar para a clínica. Fiquei super feliz, me empolguei e continuo doando. Para mim, é muito satisfatório saber que estou ajudando outros bebês. É muito gratificante essa sensação de poder ajudar outras pessoas, principalmente os bebezinhos internados em UTIs“, diz a usuária do CMS Salles Netto.

Nesta segunda-feira, 19 de maio, é celebrado o Dia Mundial de Doação de Leite Humano, e o município do Rio de Janeiro volta a convidar e incentivar a doação do leite materno. Com o objetivo de captar mais mulheres doadoras, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do Rio de Janeiro promove a popularmente conhecida “rota do leite”, em que agentes comunitários de saúde percorrem as comunidades coletando o leite doado diretamente nas residências das lactantes, além de oferecerem suporte em todo o processo, desde a orientação da coleta até a entrega ao banco de leite.

A rota engloba muitos fatores, desde a doação, coleta, transporte até a distribuição. No Centro Municipal de Saúde (CMS) Salles Netto, no Rio Comprido, há uma sala preparada para receber lactantes, e os profissionais são capacitados para oferecer orientações sobre o aleitamento. Quando identificam alguma usuária com produção excessiva de leite, incentivam a doação.

Durante todo o pré-natal, a doação é incentivada. E no momento do teste do pezinho, o acolhimento da nova doadora se concretiza. Toda lactante saudável que esteja com boa produção de leite e amamentando seu próprio filho está apta a doar.

Para a apoiadora técnica em aleitamento da SMS, Zilda Santos, este é um trabalho que salva vidas. Para sensibilizar as mães lactantes, a equipe organiza grupos e consultas coletivas com gestantes, com orientações sobre aleitamento materno e a importância da doação de leite.

Elaine é doadora de leite materno há 5 meses (Fotos: Divulgação SMS-Rio)

Após o parto, quando a puérpera comparece à unidade de saúde para a realização do teste do pezinho do recém-nascido, ela passa por uma avaliação com a técnica de enfermagem.  Nesse momento, é realizada uma breve entrevista, uma verificação das mamas, a observação da pega e da posição do bebê ao mamar.

Caso identifique acúmulo de leite ou necessidade de alívio, essa mulher já pode ser acolhida como potencial doadora. Além disso, a doação se torna muito mais viável devido ao apoio dos agentes comunitários, que se deslocam até as residências para buscar o leite, o que facilita o processo e contribui diretamente para o aumento das doações”, informa a técnica.

Como funciona a ‘rota do leite’

Com a rota do leite realizada na região central, está sendo possível abastecer as UTIs neonatais de duas maternidades municipais: a Maternidade Herculano Pinheiro, em Madureira, e o Hospital Maternidade Fernando Magalhães, em São Cristóvão. O número de doações pode variar semanalmente, mas a média na região do CMS Salles Netto é de 30 frascos de leite humano coletados por semana, com 15 a 20 doadoras

Todo o material necessário para a coleta é fornecido pela própria unidade, permitindo que a mulher realize o processo no conforto de sua casa. Na mesma semana, agentes comunitários de saúde recolhem o leite diretamente na residência e levam para o centro de saúde.

Logo depois, um veículo da SMS percorre as unidades da região para reunir o material, que é então encaminhado para uma sala de coleta na Clínica da Família São Sebastião, em São Cristóvão, e de lá é distribuído aos bancos de leite localizados na mesma área de atuação.

leite passa por um processo de qualidade e segurança, e é pasteurizado antes de ser oferecido aos bebês prematuros (nascidos com menos de 37 semanas de vida intrauterina) e recém-nascidos com baixo peso (menos de 2.500 gramas ao nascimento, independentemente da idade gestacional).

Confira a lista dos bancos de leites da rede municipal e de outras unidades de Atenção Primária que também são postos de recebimento de leite materno no link: https://saude.prefeitura.rio/doacao-de-leite-humano/.

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Banco de leite fortalece rede de cuidado com recém-nascidos

Uma das colaboradoras frequentes do Banco de Leite Maria Leonor Inocêncio Soares, do Hospital Municipal Rocha Faria, no bairro de Campo Grande, zona oeste do Rio, é a moradora de Santíssimo, Izânia Maria Barbosa, 33 anos. Mãe de quatro filhas, ela conheceu o serviço durante a segunda gestação e, desde então, realiza doações regulares. Hoje, com a recém-nascida Isabela, Izânia participa da terceira rodada de doações.

É gratificante ver o impacto que meu leite tem na vida de outros bebês. Se posso ajudar, por que não? Ainda mais quando o banco vem até a minha casa buscar”, conta Izânia, que produz leite em volume maior que a necessidade da filha e encontrou no hospital uma forma de transformar esse excedente em solidariedade.

No Dia Mundial da Doação de Leite Humano (19/5), o hospital reforça a importância da doação e a necessidade de manter seu estoque abastecido. A unidade recebe, em média, 18 litros de leite por mês — quantidade ainda insuficiente para atender à demanda. Essa realidade reflete o cenário nacional. Mesmo com o crescimento de 8% nas doações em 2023, com 253 mil litros coletados em todo o país, o volume corresponde a apenas 55% da necessidade real.

Para ampliar o acesso à doação, o banco de leite oferece coleta domiciliar em bairros próximos ao hospital. “A doação de leite humano é fundamental para recém-nascidos em condições mais frágeis. Um único frasco de 200 ml pode alimentar até dez bebês”, explica a nutricionista da unidade, Arine França. Segundo ela, o serviço inclui exames, entrega de kits e a coleta dos frascos na casa das doadoras.

Além de doações de leite materno, o Hospital Municipal Rocha Faria precisa de frascos de vidro com tampas plásticas, utilizados para o armazenamento. As doações podem ser agendadas pelo telefone (21) 2088-4500, ramal 5024, ou pelo WhatsApp (21) 96523-2227.

Banco de Leite Humano atende bebês prematuros na Baixada Fluminense

Hospital da Mulher Heloneida Studart lembra a importância do ato solidário 

Moradora de Nilópolis, na Baixada Fluminense, Graciane Souto, mãe de João Lucas, de 5 anos, e de Maitê, de 13 dias, é doadora de leite pela segunda vez. Por semana, ela recebe em sua residência a coleta domiciliar do Banco de Leite Humano do Hospital da Mulher Heloneida Studart (HMHS), em São João de Meriti.

Tive uma experiência muito positiva com o João e quis repetir com a Maitê. Logo que ela  nasceu, comecei a retirar o leite e consigo coletar uma média de 100 ml por mamada. Não conhecia o universo da doação de leite, mas hoje eu converso com todas as minhas amigas que estão amamentando sobre a importância deste gesto solidário”, afirma Graciane, que é profissional de saúde.

Referência na Baixada Fluminense, o Banco de Leite Humano do HMHS é o primeiro da rede estadual de saúde totalmente especializado no atendimento às gestantes e aos bebês prematuros. Somente este ano, mais de 43 litros de leite humano foram pasteurizados na unidade. A procura por novas doadoras, no entanto, é constante, já que após seis meses, muitas crianças iniciam a fase de desmame.

Todo o leite doado é destinado aos bebês prematuros internados conosco. O leite materno é indispensável porque ajuda a diminuir o período de hospitalização do recém-nascido prematuro, garantindo a esse bebê, que está em um momento delicado e que não tem condições de receber o alimento de sua própria mãe, que possa ser alimentado com um leite materno que foi doado, como um gesto de amor e carinho”, disse a nutricionista Gisele Leitão.

Completando 9 anos de funcionamento, o BLH do HMulher vem aumentando a oferta de leite humano a cada ano. Em 2023, mais de 139 litros foram pasteurizados, subindo para 170 litros no ano passado, graças às campanhas educativas organizadas pela unidade.

Outras facilidades para a mãe doadora incluem o recebimento, no momento do cadastramento, do kit doadora, que inclui frascos estéreis para armazenamento, além de itens de higiene pessoal como touca e máscara. O HMulher oferece ainda a opção de entrega do kit em casa, agilizando o processo para as doadoras, especialmente as que não podem ir ao hospital.

 A necessidade diária da unidade é de 500ml de leite, podendo atender até 6 bebês em todos os seus horários de dieta. O espaço também oferece orientação e apoio à amamentação, além de coletar, processar, armazenar e distribuir o leite humano aos bebês de baixo peso.

Quem pode doar?

  • Cada bebê prematuro tem sua quantidade de leite prescrita pelo médico. Alguns deles tomam 1ml a cada 3 horas por dia, outros 50ml a cada 2 horas.
  • As mulheres saudáveis em qualquer fase da amamentação e que não façam uso de medicamentos contraindicados ao ato estão aptas a doar.
  • Todo leite coletado é pasteurizado e passa por um rígido controle de qualidade, sendo direcionado à UTI Neonatal, fornecendo mais qualidade de vida e evitando o uso de fórmulas pelos prematuros, além de reduzir o tempo de internação dos pequenos.
  • Cada doadora recebe o “kit doadora” (frascos higienizados, touca, máscara) e pode contar com a ronda da equipe, que vai até as residências às terças-feiras. Não é necessário o deslocamento até a unidade.
  • O Banco de Leite Humano do Hospital da Mulher Heloneida Studart (HMHS) fica na Av. Automóvel Clube, S/N – Jardim José Bonifácio, São João de Meriti. Maiores informações podem ser obtidas no telefone: 21 2651-9675 ou pelo whatsapp: 21 96870-7064.

Com informações da SMS-Rio, Fundação Saúde e SES-RJ

 

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