Cerca de 10 mil recém-nascidos foram atendidos pelos 18 bancos de leite que funcionam no Rio de Janeiro em 2023. Os dados do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz (IFF-Fiocruz) indicam que o estado tem registrado aumento no número de doações, que já somam 15% a mais em comparação ao ano anterior.

Estas e outras informações foram apresentadas e debatidas em audiência pública da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), nesta terça-feira (06/08), em celebração à Semana Mundial de Amamentação e ao Agosto Dourado, mês dedicado ao estímulo e conscientização sobre a importância do incentivo ao aleitamento materno.

No Estado do Rio, 18 bancos de leite desempenham um papel crucial na coleta, processamento e distribuição de leite materno para recém-nascidos que necessitam deste recurso fundamental. Segundo Daniele da Silva, coordenadora do Banco de Leite Humano do IFF, esse crescimento é atribuído às campanhas de conscientização e ao aprimoramento das táticas de coleta e distribuição.

Os bancos de leite representam uma estratégia de segurança alimentar e nutricional para os recém-nascidos e uma casa de apoio para as mães que têm acesso a uma equipe disciplinar e podem ajudar no que for preciso”, explicou.

Só 45% dos bebês até 6 meses são alimentados apenas com leite materno

O leite materno é considerado o alimento mais completo e equilibrado para o bebê, oferecendo todos os nutrientes necessários para o seu crescimento e desenvolvimento saudável. Além disso, possui anticorpos que ajudam a proteger a criança contra infecções e doenças.

Por conta disso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) recomendam o aleitamento materno exclusivo até os seis meses, que depois segue mantido juntamente com a introdução de outros alimentos, até os dois anos de idade.

Apesar dos benefícios amplamente reconhecidos, a Comissão ressaltou que os índices de amamentação continuam aquém do ideal em muitas regiões. Conforme o Relatório Global de Aleitamento Materno da OMS de 2023, apresentado na audiência, apenas 45% dos bebês menores de seis meses são alimentados exclusivamente com leite materno no Brasil, o que está longe da meta estabelecida pelo Ministério da Saúde.

Para a representante da Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar (IBFAN), Patrícia Lima Pereira, é preciso combater a defasagem que o país enfrenta em relação ao aleitamento materno e solucionar os desafios e barreiras que diversas mulheres enfrentam.

Muitas mães desejam amamentar, mas não conseguem por falta de apoio familiar e do ambiente de trabalho. A desigualdade social também escancara que as maiores vítimas desse impedimento são as mães mais vulneráveis. Por isso, para sanar essa defasagem, precisamos que toda a sociedade e o Estado se envolvam nesse debate”, destacou.

Alerj terá sala de amamentação para servidoras

Durante a audiência foram discutidas propostas de políticas públicas de incentivo ao aleitamento materno, Alguns encaminhamentos foram anunciados pelo colegiado a partir do debate. São eles:

  • elaboração de material didático e informativo para capacitar profissionais de saúde a difundir conhecimentos sobre aleitamento materno para a população;
  • recomendação da ampliação da oferta de bancos de leite humano e
  • garantia do aleitamento materno às mulheres em situação de privação de liberdade.

Durante a reunião, que aconteceu na sede do Parlamento, o colegiado anunciou que será implementada uma sala de apoio para que as servidoras lactantes possam amamentar, além de receberem atendimento de profissionais especializadas.

O Agosto Dourado foi instituído em 2021 no calendário oficial do Estado do Rio por meio da Lei 9398/2021 criada pela Assembleia. A cor dourada foi escolhida para simbolizar o padrão ouro de qualidade que o leite materno representa para a saúde infantil.

Essa lei busca democratizar a informação sobre os benefícios do aleitamento materno, combater preconceitos e desinformação que impedem a amamentação”, comentou a presidente da Comissão, deputada Renata Souza (Psol).

Grávida de 8 meses de seu primeiro filho, Renata ressaltou a importância do debate sobre esse tema para garantir o direito às mães de amamentarem seus filhos.

A nossa audiência serviu para múltiplas possibilidades, desde servir de informação a respeito do aleitamento materno a propor políticas públicas voltadas ao incentivo dessa prática, além de encarar as dificuldades e desafios que precisamos combater em todo o Estado para garantia desse direito”, pontuou a parlamentar.

Também estiveram presentes na audiência, a doula Mariluce Nascimento; a superintendente de Atenção Primária da Secretaria de Estado de Saúde, Halene Cristina Dias; a integrante do Projeto de Educação Popular em Sala de Espera Ambulatórios, Luana Rodrigues; e a vereadora Thais Ferreira (Psol).

Com informações da Alerj

 

 

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