Foi uma ‘dorzinha nas costas’ que chamou a atenção do ator Otaviano Costa, de 51 anos, diagnosticado com aneurisma da aorta e operado de emergência recentemente. A dor torácica de forte intensidade, que pode irradiar para as costas, é a principal manifestação clínica da dissecção de aorta.

Os pacientes normalmente apresentam também sudorese intensa e relatam uma sensação iminente de morte. Esses sintomas são muito semelhantes aos de um infarto do miocárdio e é justamente a confusão com outras condições pode dificultar o tratamento.

Eventualmente, esse aneurisma pode comprometer a circulação de órgãos, ou ainda ocorrer a sua ruptura, condição muito temida e que pode ser fatal se não tratada adequadamente. Portanto, a dissecção de aorta é considerada um dos diagnósticos diferenciais nos protocolos de avaliação de dor torácica.

Quando um paciente é admitido com dor torácica, as principais doenças potencialmente graves que precisam ser investigadas são: infarto agudo do miocárdio, dissecção de aorta e embolia pulmonar.

A dissecção de aorta é uma condição médica grave que ocorre quando há uma laceração na camada interna da aorta, a maior artéria do corpo humano. A aorta desempenha um papel crucial no transporte de sangue rico em oxigênio do coração para todas as partes do corpo.

Quando ocorre uma dissecção, o sangue pode vazar da camada interna da aorta para a camada média, criando uma “falsa via” ou um canal secundário dentro do vaso.

Esse processo compromete a perfusão sanguínea adequada dos órgãos localizados abaixo da área de dissecção, o que pode levar a danos nos órgãos e complicações graves.

Além disso, esse novo trajeto não está adaptado ao fluxo sanguíneo arterial, que possui alta pressão, o que aumenta a fragilidade do vaso sanguíneo, tornando o local propenso à formação de uma dilatação conhecida como aneurisma.

Hipertensão é um dos principais fatores de risco

De acordo com o cirurgião vascular Marcus Vinicius Martins Cury, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), de um modo geral, o principal fator de risco para Dissecção de Aorta é a hipertensão arterial sistêmica.

O especialista esclarece que a doença é grave e potencialmente fatal, e quando ocorre na porção inicial da aorta, próxima ao coração, apresenta uma mortalidade altíssima, podendo levar ao tamponamento cardíaco e à morte súbita.

Na porção descendente, após a artéria subclávia, a dissecção de aorta também pode resultar em complicações graves, incluindo paraplegia, insuficiência renal, isquemia intestinal, aneurisma de aorta, ruptura arterial e óbito”.

Ainda de acordo com o médico, a prevenção envolve o reconhecimento e o tratamento das principais doenças relacionadas a essa condição. Nesse sentido, é importante estar atento aos pacientes com histórico familiar de dissecção e hipertensão arterial.

É importante esclarecer também que a doença pode ser confundida com outra patologia, como infarto agudo do miocárdio e embolia pulmonar. O principal exame para o diagnóstico correto é a angiotomografia de Aorta”. esclarece o médico.

Nos Estados Unidos, estima-se uma prevalência de três a quatro casos a cada 100 mil habitantes. Por isso, na opinião do cirurgião vascular, uma conscientização mais eficaz das pessoas em relação aos fatores de risco é essencial, enfatizando a importância de tratar adequadamente a hipertensão arterial.

Informar a população sobre essa doença é crucial, assim como sensibilizar os profissionais de saúde, especialmente os médicos recém-formados, que normalmente constituem a maioria da equipe de prontos-socorros em nosso país”, conclui.

Diagnóstico precoce é fundamental para salvar a vida de pacientes

Ao realizar o ecocardiograma, equipe médica do ambulatório diagnosticou um aneurisma na aorta que poderia causar um rompimento e morte súbita do paciente

Durante a realização de um exame de rotina,  o auxiliar de serviços gerais Edvaldo Rosa dos Santos, de 61 anos, conseguiu diagnosticar n uma dissecção aguda de aorta– uma espécie de descolamento das camadas da parede da aorta, o maior vaso sanguíneo do corpo humano – a tempo de conseguir salvar sua vida.

Ao realizar um ecocardiograma transtoráxico ambulatorial devido ao seu histórico de hipertensão arterial, tabagismo e diabetes, a médica observou um aneurisma na aorta com separação das camadas interna e externa.

A dissecção acontece quando o revestimento interno da aorta se rompe, fazendo com que o sangue passe a fluir por entre essa camada e a externa e isso pode causar uma obstrução ou rompimento da aorta.

Imediatamente o paciente foi colocado em uma cadeira de rodas, para que não fizesse esforço e conduzido para a sala de emergências, e chamada a ambulância do Samu para o transporte do paciente até o hospital de referência. Ele foi operado em caráter de emergência, com reconstrução de toda a aorta torácica. O diagnóstico precoce foi fundamental para salvar a vida do paciente.

Essa é uma emergência médica rara e extremamente perigosa. Se não for detectada e tratada a tempo, a dissecção da aorta pode ser fatal, em pouquíssimo tempo. Alguns casos, em até 24 horas, outros em duas semanas. Isso porque quando a dissecção ocorre, existe a possibilidade de a aorta se romper, causando morte súbita”, explica a médica cardiologista Carolina Mattos, do Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Jundiaí, administrado pelo Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês (IRSSL)

Segundo ela, esta é  uma doença rara, mas pode ser mais comum em homens a partir dos 60 anos, principalmente se existir hipertensão arterial desregulada, aterosclerose ou outro problema cardíaco associado.

O diagnóstico se inicia com o exame clínico, fazendo diagnóstico diferencial de dor torácica e pode-se usar os métodos diagnósticos de imagem, como o ecocardiograma”, explica Dra Carolina.

De uma simples dor torácica á vida por um triz

Doença de aorta é mais comum em pessoas com menos de 50 anos, sendo a angiotomografia o principal exame diagnóstico

 Regina Maria Arcângelo sobreviveu a um aneurisma da aorta (Foto: Agência Hagens)
 
Tudo pode começar com uma “simples” dor torácica. Algo comum, segundo especialistas. Porém, enquanto muitas pessoas têm consciência de que o sintoma é um sinal de possíveis doenças de risco à vida e procuram avaliação médica (por mínimo que seja o incômodo), outras, incluindo muitas que têm doenças graves, minimizam ou ignoram esses avisos.
Por isso, Eloy da Costa, cirurgião cardiovascular do Vera Cruz Hospital, salienta que os casos de rompimento da parede da aorta podem acontecer em qualquer ocasião ou lugar.

Muitas vezes, ocorrem sem a pessoa ter o socorro devido, levando a óbito em aproximadamente 50% dos casos nas primeiras horas. Chamada de dissecção aórtica, se trata de um distúrbio frequentemente fatal em que a camada interna (revestimento) da parede aórtica se rompe e se separa da camada intermediária. É como se fosse o rompimento de um cano, uma das piores dores que o ser humano pode sentir. Diagnóstico e tratamento urgentes são imprescindíveis”, explica.

Foi o caso da professora de ballet clássico Regina Maria Arcângelo. Em 2021, ela foi diagnosticada com dissecção aguda da aorta no pronto-socorro do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP). Na época, tinha apenas 5% de chance de sobreviver a um procedimento cirúrgico para tentar resolver o problema. Hoje, porém, serve como exemplo. E, sua história, como alerta.

Eu estava em casa, tinha acabado de voltar da academia. Comecei a sentir umas dores abdominais seguidas de um enorme aperto no peito. Em seguida falei para o meu esposo que queria ir para o hospital, pois certamente era um problema cardíaco. Fiz uma ressonância magnética, que detectou o aneurisma da aorta e, antes de entrar em cirurgia, tinha apenas 5% de chance de sobreviver”, relembra a professora de ballet.

Segundo o médico, praticamente todas as pessoas que têm uma dissecção aórtica sentem dor. “Tipicamente, é uma dor súbita e extrema, muitas vezes descrita como dilacerante. Algumas pessoas podem desmaiar de dor. Mais comumente, é sentida em todo o tórax, mas, muitas vezes, se desloca ao longo do trajeto da dissecção à medida em que esta avança pela aorta. Assim, as pessoas podem ter dor abdominal, como a Regina, por exemplo”.

Mas o especialista reforça que não são todas as unidades de saúde que estão aptas a atender casos como o de Regina. “Foi necessário o envolvimento de uma grande equipe e diversos departamentos como Hemodinâmica, Centro Cirúrgico, Diagnósticos e UTI“, afirma.
Em 2021, Regina postou um vídeo de agradecimento aos profissionais. “O que me salvou foi ter escolhido um hospital que é referência, completo, com equipe competente e altamente preparado para atender casos como o meu. Essa decisão me fez renascer”, comemora a professora.
Ela precisou ser submetida a um novo procedimento algum tempo depois: uma endoprótese aórtica, mais conhecida como stent, para a colocação de uma endoprótese em um segmento da aorta para prevenir uma futura dilatação ou ruptura. O cirurgião reforça a necessidade de exames preventivos e de socorro urgente em casos de emergência.

Com Assessorias

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