peixe-prato

Eu adoro peixes e frutos do mar e, sempre que possível, durante refeições em restaurantes, opto por pratos com peixe, especialmente grelhados e assados, por ser uma proteína saborosa, saudável e mais leve, rica em nutrientes importantes. Mas devo confessar que aqui em casa é bem difícil incluir a iguaria no cardápio, seja pela minha absoluta inabilidade na cozinha, seja porque a Clarinha não curte muito o sabor – como boa parte das crianças. O fato é que, apesar de sermos um país continental, com uma imensa costa e grande diversidade de espécies, acessíveis a todas as classes sociais, o peixe ainda perde culturalmente para a carne vermelha e outras fontes de proteína.

O consumo anual de pescado no Brasil é inferior a 10 quilos por habitante, mesmo patamar mundial da década de 1960, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO/ONU). Os dados mais recentes indicam que a média mundial foi de 20 quilos per capita ao ano em 2014. Para mudar essa realidade, o governo federal criou há 14 anos a Semana do Peixe, que este ano acontece entre 1º e 15 de setembro em todo o Brasil, com o tema “Saúde e Sabor”. O objetivo é incentivar o consumo de peixes e frutos do mar e destacar a sua importância na alimentação saudável.

A iniciativa prevê ações para valorizar a praticidade no preparo do pescado, divulgar as qualidades nutricionais e incentivar a comercialização no varejo e food service, além de aumentar o conhecimento da população sobre os benefícios do pescado. Meg Felippe, uma das coordenadoras da Semana do Peixe, explica que a iniciativa visa estimular o consumo de pescado no país,  criando uma terceira época de grande consumo de pescado, após a Semana Santa e o Natal.

Em entrevista ao Blog Vida & Ação, ela detalhou os benefícios do pescado para a saúde, além de explicar as condições sanitárias ideais para a comercialização e consumo e até ensinar uma receita prática e saudável para preparar o peixe.

  • Quais as propriedades nutricionais dos peixes e frutos do mar?

O pescado, além do seu valor gastronômico, possui comprovados benefícios à saúde. Nutricionalmente é muito rico em proteínas complexas de alta qualidade, ou seja, proteínas que contêm os aminoácidos essenciais em proporções apropriadas. Em maior ou menor grau os peixes e frutos do mar são fontes de ácidos graxos poli-insaturados (AGPI) como ômega-3, um dos precursores de substâncias com ação antitrombótica e anti-inflamatória significativas e, portanto, com  impacto positivo sobre a saúde cardiovascular. É também essencial para a fase de crescimento dos bebês e por isso médicos recomendam que grávidas ou lactantes incorporem mais peixe à sua dieta, evitando apenas o pescado cru nos três primeiros meses de gravidez.

  • Pode comparar os nutrientes da carne em relação ao peixe?

Ambos são alimentos ricos em proteínas, mas o pescado possui proteínas mais complexas, de alto valor biológico e uma excelente digestibilidade, pois suas fibras são mais tênues, facilitando sua digestão e absorção de seus nutrientes.

  • Quais são os peixes mais saudáveis?

Todos os peixes são benéficos para a saúde, pois contêm variados nutrientes muito importantes para o nosso corpo. Os peixes de origem marinha são ricos em iodo, e todos possuem várias vitaminas e minerais. Alguns exemplos de espécies ricas em ômega-3 são  atum, sardinha, salmão, truta e merluza.

  • Em que quantidade/porções devem ser consumidos para garantir uma alimentação leve e equilibrada?

O pescado deve estar sempre presente numa dieta saudável e uma proporção de três a quatro vezes por semana é bastante adequada, pois além de suas proteínas de alta qualidade, substâncias que ajudam na construção de tecidos e músculos, também é fonte de minerais e vitaminas do complexo B12.

  • E para quem tem alergia a crustáceos? O que é aconselhável?

Esse tipo de alergia é mais comum em adultos. A persistência varia de pessoa para pessoa, normalmente se manifesta com coceiras, inchaço nos olhos e manchas vermelhas pelo corpo e uma vez apresentado esses sintomas, a pessoa deve seguir as orientações do seu médico.

  • Muita gente deixa de preparar o peixe em casa porque dá muito trabalho. Como tornar mais prático o consumo?

Um dos grandes mitos do pescado é achar que seu preparo é complexo. A sua limpeza e manipulação in natura é menos familiar ao consumidor, mas hoje a maioria dos estabelecimentos que comercializam pescado já o entrega no formato ideal ao modo de preparo escolhido e a partir disso é uma das proteínas mais flexíveis e de fácil preparo.

  • Pode recomendar uma receita simples e prática?

Um jeito muito saboroso e rápido de preparar diversos filés é cortar uma folha de papel alumínio e sobre o lado brilhante fazer uma caminha com cebola. Sobre a cebola coloque o filé de peixe da espécie escolhida, sal, pimenta, folhinhas de ervas conforme o gosto individual. Regue com azeite, feche o papel alumínio como um envelope, tendo cuidado de não deixar nem um orifício. Asse por aproximadamente 15 minutos em forno médio. Sirva com acompanhamento a sua escolha. São boas dicas batatas ou aspargos  cozidos.

  • Muita gente teme comer peixes e frutos do mar em restaurante, temendo as condições sanitárias. O que é feito para mudar essa realidade?

Higiene é fundamental na frequência e no modo adequado em qualquer setor que trabalhe com alimento. As falhas nas condições sanitárias não são concentradas na cadeia do pescado e o Ministério da Saúde, através dos fiscais das Visas (agências de vigilância federal, estadual e municipais), atuam arduamente para exigir o cumprimento das normas de higiene e qualidade estabelecidas pelo Governo. O consumidor que se depara com condições inadequada deve contatar os órgãos e registrar imediatamente suas queixas para atuação e correção, impedindo a continuidade desses riscos para a população.

  • Como saber se o peixe está próprio para consumo?

O peixe fresco deve, na avaliação sensorial, apresentar-se com todo o frescor. Para uma avaliação correta observe o quadro abaixo:

peixe

  • Como baratear o preço dos peixes e frutos do mar para que se tornem mais acessíveis à população?

A redução do custo dessa proteína envolve muitos aspectos, mas entre eles, talvez o mais importante seja a melhoria da produtividade ao longo de toda a cadeia e isso nada simples, envolvendo desde a iniciativa privada ao poder público. Neste sentido, no mercado interno a aquicultura tem feito grandes avanços e buscado  muitas melhorias. A pesca extrativa precisa de um olhar mais criterioso e maiores investimentos e a importação é um canal provedor de diversas oportunidades para o consumidor.

Mais sobre a Semana do Peixe

Criada pela então Secretaria Especial da Pesca e Aquicultura (Seap), em parceria com diversas entidades do setor, a Semana do Peixe prevê um conjunto de ações com foco na cadeia produtiva de peixes e frutos do mar. A iniciativa proporcionou aumento de 30% na venda de pescado no varejo no ano passado.

A proposta é incentivar ações promocionais no varejo e food service, eventos com a cadeia produtiva, oficinas educacionais para crianças, divulgação de materiais promocionais ao consumidor final, material promocional e educativo (receitas, melhores formas de preparo, como selecionar seu peixe), promoções em insumos, serviços e equipamentos para a cadeia produtiva, campanhas promocionais na pesca esportiva, entre outras ações.

São parceiros da iniciativa o Compesca (Comitê da Cadeia Produtiva da Pesca e da Aquicultura da Fiesp), o Sindicato da Indústria da Pesca no Estado de São Paulo (Sipesp), a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o Instituto de Pesca, a Secretaria de Aquicultura e Pesca e o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

A programação está disponível no site: www.semanadopeixe.com.br.

 

 

1. Fonte: http://seafoodbrasil.com.br/wp-content/uploads/2016/07/SOFIA2016_resumo.pdf
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