Ser mãe é um dos papéis mais romantizados da sociedade. Mas por trás das fotos nas redes sociais e das frases prontas de Dia das Mães, há uma realidade silenciosa vivida por milhões de mulheres: o cansaço extremo, a cobrança interna, a solidão emocional e a culpa constante por não dar conta de tudo.

Vivemos em uma sociedade que idealiza a mãe perfeita, sempre disponível, sempre paciente, sempre feliz. Isso gera um sofrimento psíquico enorme, porque é simplesmente impossível corresponder a esse modelo irreal”, afirma a psicóloga e neuropsicóloga Tatiana Serra, especialista em saúde mental materna.

Ela ressalta que a mulher que se torna mãe continua sendo uma pessoa com desejos, cansaços, limites e necessidades emocionais. “Mas isso é frequentemente ignorado — por ela mesma e pelo entorno”.

Tatiana explica que o puerpério, os primeiros meses após o nascimento do bebê, é apenas o início de uma jornada emocional que se estende por toda a maternidade.

Há mães adoecendo emocionalmente não só no pós-parto, mas anos depois, já com os filhos maiores. É o que chamamos de maternidade crônica: a mulher nunca mais se autoriza a colocar suas necessidades em primeiro plano”.

Entre os principais alertas de que a saúde mental da mãe está comprometida, a psicóloga destaca:

  • Cansaço extremo que não melhora com o descanso
  • Sentimentos de culpa recorrente, mesmo quando está fazendo o seu melhor
  • Irritabilidade, choro frequente ou sensação de desamparo
  • Dificuldade de sentir prazer nas atividades do dia a dia
  • Sensação de estar sempre devendo algo, em todas as áreas da vida

Segundo Tatiana, é fundamental que as mães tenham espaços seguros para falar sobre suas emoções sem medo de julgamento. “É possível amar profundamente um filho e, ao mesmo tempo, sentir vontade de fugir. Isso não é falta de amor, é um sinal de sobrecarga emocional”, explica.

A especialista defende que cuidar da saúde mental da mãe não é um luxo — é uma questão de saúde pública. “Filhos emocionalmente saudáveis dependem de mães minimamente cuidadas. Uma mulher exausta, culpada e emocionalmente negligenciada dificilmente conseguirá sustentar vínculos afetivos de qualidade.”

Por isso, ela incentiva que cada vez mais famílias, empresas e políticas públicas pensem no bem-estar psíquico das mães de forma concreta. “A gente cuida de quem cuida. Quando uma mãe adoece emocionalmente, toda a estrutura em volta dela adoece junto. A saúde mental das mães é um investimento na saúde emocional de toda uma geração.”

 

O autoconhecimento é a chave para compreender a maternidade possível

De acordo com Heloísa Capelas, as mães devem aprender a olhar para si mesmas para evitar frustações e angústias

Dia das Mães, que acontece em 11 de maio, pode ser considerado uma das datas mais significativas do ano. O momento perfeito para refletir sobre o conceito da maternidade e os estigmas de uma perfeição que não existe, assim como o quanto geram angústias e frustrações às próprias mães.

Diante dos desafios cotidianos, entre eles a relação mães e filhos, é sempre importante voltar a atenção para aquelas mães que se autocriticam, que se culpam e que se sentem inseguras com a forma como exercem sua maternidade. Isso acontece, infelizmente, com mulheres de todos os tipos que são constantemente confrontadas pelos conceitos e paradigmas acerca do que significa ser mãe. A saída para evitar tanto sofrimento envolve o autoconhecimento.

Heloísa Capelas, mentora de líderes e uma das maiores especialistas em autoconhecimento e inteligência emocional do Brasil, afirma que não há e nem nunca houve receita pronta para ser uma boa mãe.

A melhor maneira de viver uma maternidade saudável é buscar conhecer-se e a sua autenticidade. O auto-olhar contribui para enxergar os filhos com uma visão ampliada, traz consciência para retirar grandes autocobranças e fardos das próprias costas e permite seguir em aprendizado contínuo sobre nós mesmas, levando o nosso melhor e possível aos filhos”.

Essa autenticidade, explica Heloísa, pode ser alcançada através do exercício contínuo de se questionar e de rever quais exemplos e modelos se encaixam no seu perfil de mãe, e quais precisam ser descartados – por mais tradicionais que sejam.

Na autenticidade, a mãe não se posiciona como perfeita e, por isso, não passa o tempo todo se cobrando pelas coisas que deram errado. Ao contrário, ela busca construir uma imagem positiva diante dos filhos, mostrando que os erros acontecem, que ela não tem todas as respostas, mas que está fazendo o melhor para que se sintam amados, respeitados e acolhidos em suas necessidades.

Nós só compartilhamos aquilo que temos dentro de nós e, mesmo assim, a autocobrança da maternidade é dura.  Ser mãe é um ciclo entre se doar e se cobrar, mas é preciso que essas mulheres conheçam verdadeiramente o seu interior para que leve o seu melhor aos seus filhos e entendam que serão as mães possíveis, fazendo tudo que está ao seu alcance e também sendo feliz durante este processo”, afirma a especialista.

Com Assessorias

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