Em epidemia de dengue, o Rio de Janeiro está para peixe. Mais precisamente os barrigudinhos, como são chamados os peixes da espécie Poecilia reticulata, que são usados como predadores do mosquito da dengue. Colocados em locais públicos de grande acúmulo de água parada, os peixes se alimentam das larvas do Aedes aegypti, impedindo assim a sua proliferação.

No início do mês, destacamos aqui no Especial SOS Dengue essa técnica de controle biológico com uso dos barrigudinhos como uma das tecnologias empregadas no combate ao] transmissor das arboviroses dengue, zika e chikungunya. Nesta terça-feira (20), o município do Rio de Janeiro, que está em epidemia de dengue desde o início de fevereiro, informou que também está utilizando essa técnica

Agentes de vigilância em saúde colocam os peixes em chafarizes, piscinas, grandes obras abandonadas e locais alagados com dificuldade de drenagem, que são mais frequentes em período de muitas chuvas. Como o Aedes aegypti gosta de se reproduzir neste ambiente, acaba “caindo na armadilha”. Antes que as larvas se desenvolvam e se transformem em novos mosquitos, acabam devoradas pelos famintos barrigudinhos.

Além de se alimentarem predominantemente por larvas do mosquito, os peixes desta espécie são escolhidos para esse ‘trabalho’ por serem mais resistentes a variações de temperatura e à poluição orgânica da água. Seu tamanho pequeno também favorece a movimentação em locais estreitos devido à vegetação ou ao acúmulo de lixo. Ao serem colocados nos reservatórios, os peixes se reproduzem rapidamente e vão sendo acompanhados pelos agentes de vigilância em saúde.

O coordenador de vigilância ambiental da SMS-Rio, Rafael Pinheiro, explica que, no município do Rio, a combinação com as altas temperaturas acelera a eclosão dos ovos e o desenvolvimento das larvas. Não é indicado que os peixes sejam colocados em áreas como rios, lagos e lagoas, para evitar que eles se tornem predadores das espécies naturais daquele ambiente, gerando um impacto ecológico.

A larva é a fase jovem do mosquito transmissor da dengue e o seu desenvolvimento acontece inicialmente dentro d’água. O barrigudinho é selecionado como método de controle biológico justamente porque ele tem preferência pelas larvas do mosquito em relação a outros alimentos, diferente de outros peixes. É uma estratégia muito eficaz no controle do Aedes aegypti e ambientalmente correta, uma vez que dispensa o uso de produtos químicos nesses locais”, explica.

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Pedidos de vistoria ou denúncias de possíveis focos devem ser feitos pelo 1746

Quando necessário, a população pode fazer pedidos de vistoria ou denunciar possíveis focos do mosquito pela Central de Atendimento da Prefeitura, no telefone 1746. Os agentes de saúde irão ao local e, após avaliação, adotarão o método de controle de vetor mais indicado para a situação. Em 2024, até o momento, 96% dos chamados de inspeção contra focos de dengue recebidos por este canal foram atendidos dentro do prazo.

No controle do mosquito causador da doença, a SMS também realiza ações educativas e de mobilização social para orientar a população sobre as medidas para a prevenção das arboviroses urbanas, visando despertar a responsabilidade sanitária individual e coletiva, já que a maioria dos focos do mosquito se encontra dentro do ambiente domiciliar.

“O combate à dengue deve ser um pacto social em que toda a sociedade se envolva, cada cidadão fazendo a sua parte para evitar a proliferação do Aedes aegypti”, afirma a pasta.

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Novo polo de dengue é aberto em hospital da Ilha do Governador

 

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) abriu, nesta terça-feira (20), o 11° polo de atendimento para pacientes com dengue, localizado na Ilha do Governador, no Hospital Municipal Paulino Werneck. Outros dez pontos estão em funcionamento nos bairros de Curicica, Campo Grande, Santa Cruz, Del Castilho, Bangu, Madureira, Complexo do Alemão, Botafogo, Tijuca e Benfica para o enfrentamento da epidemia, com funcionamento de domingo a domingo, das 7h às 19h.

“”O panorama é bastante preocupante. Estamos em uma crescente no número de casos, o que já era previsível desde que anunciamos a epidemia. Estamos ampliando a nossa capacidade de atendimento com os polos de dengue. Nossa recomendação é que toda a sociedade se mobilize na eliminação dos focos do Aedes aegypti e, se tiverem sintomas, procurem uma unidade de atendimento”, ressalta o secretário municipal de saúde, Daniel Soranz.

Fabiana Eustáquio, de 40 anos, está com sintomas da doença desde domingo e assim que ficou sabendo da inauguração de um polo na sua região, buscou logo atendimento:

“Eu acordei e já estava preparada para ir para a clínica da família, mas fiquei sabendo do polo de dengue no Paulino Werneck. Eu tenho acompanhado os outros polos, por isso, quando vi que esse seria inaugurado, sabia que devia vir para cá. Vai ajudar muito a população da Ilha”.

   

Diagnóstico e pontos de hidratação

Os polos são preparados para o diagnóstico e tratamento das pessoas com dengue, com pontos para hidratação venosa ou oral, conforme necessidade de cada caso. Pacientes com quadros mais graves e indicação de internação são regulados pela Central Municipal de Regulação e transferidos para leitos dedicados à dengue nos hospitais da rede municipal.

O Hospital Municipal Ronaldo Gazolla (HMRG), em Acari, é a unidade de concentração para a doença, inicialmente com 20 leitos. O HMRG, que durante a pandemia da covid19 foi referência para o tratamento dos pacientes com quadros mais graves, tem expertise e preparo para passar rapidamente pelas alterações de fluxo necessárias em uma situação de epidemia.

Fonte: SMS-Rio

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