17 coisas que você pode fazer para prevenir o câncer

Fumo, álcool e alimentos processados são os maiores vilões. Saiba como pequenas reduções no consumo podem ajudar a diminuir os gastos com a doença no SUS

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O câncer ocupa o segundo lugar entre as causas mais frequentes de morte no Brasil, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares, como infarto e AVC. São esperados 704 mil novos casos anuais entre 2023 e 2025, de acordo com os dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Entre os fatores de risco, o maior vilão é o tabagismo, responsável por 161 mil mortes por ano, seguindo pelo consumo de alimentos ultraprocessados, com mais de 57 mil óbitos. Em relação ao álcool, 9 mil mortes por câncer são atribuíveis ao consumo desse tipo de bebida.

Ainda segundo estimativas do instituto, se nada for feito e a tendência de aumento de casos for mantida na mesma velocidade, a União gastará R$ 7,84 bilhões em 2040 com procedimentos hospitalares e ambulatoriais no Sistema Único de Saúde (SUS) em pacientes oncológicos.

O alerta foi reforçado durante um encontro virtual realizado na última terça-feira (20), por especialistas do Inca e Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas, para marcar o Dia Mundial do Câncer, no último dia 4.

Código contra o câncer prevê 17 medidas simples de prevenção

Eles reforçaram a importância da prevenção, detecção precoce e tratamento adequado do câncer. Um dos destaques apresentados foi o Código Latino-Americano e Caribenho contra o Câncer (LAC Code), que elenca 17 medidas de prevenção que devem ser acompanhadas pelas pessoas e orientações a ser seguidas por autoridades.

A diretriz latino-americana é composta por 17 ações, entre elas orientações já massificadas, como evitar fumar, prática de exercícios físicos, controle de peso e alimentação saudável – conheça algumas delas no fim do texto.

“Esse código traduz as evidências científicas mais recentes e as recomendações simples para que a população e os líderes, tomadores de decisão, possam andar na direção para prevenção do câncer”, afirmou a consultora nacional da Unidade Técnica de Determinantes da Saúde, Doenças Crônicas não Transmissíveis e Saúde Mental da Opas/OMS no Brasil, Larissa Veríssimo.

Redução de processados e álcool pode ajudar a cortar gastos no SUS

O diretor-geral do Inca, Roberto de Almeida Gil, apresentou estudos sobre impactos econômicos positivos que haveria com a mitigação de alguns fatores de risco.

Uma redução de 50 gramas por dia no consumo de carne processada (como presunto, mortadela, salsichas, linguiças ou carnes salgadas) pela população poderia representar, até 2040, uma economia entre R$ 169,70 milhões com o tratamento de câncer no SUS. O consumo médio em 2018 era de 74,1 gramas diárias para os homens e 50,4 gramas para as mulheres.

No caso de bebida alcóolica, a média brasileira era consumo de 14,3 gramas de álcool por dia entre os homens e 8,8 gramas para mulheres. Se houvesse uma redução de um drink por semana (equivalente a um corte de 15 gramas de álcool), seria possível uma economia de R$ 161,39 milhões ao SUS.

Gil lembrou que o Brasil teve uma política bem-sucedida de redução do tabagismo, que caiu 64% entre 1989 e 2019, e elogiou resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de 2009, que proíbe a comercialização, importação e propaganda dos cigarros eletrônicos, também conhecidos como vaper.

O diretor-geral do Inca ainda defendeu uma restrição ao uso de agrotóxicos no país. “A gente tem um consumo exagero”, apontou.

A relação também é fonte de conhecimento para capacitação de profissionais de saúde. “Nós acreditamos que podemos garantir um risco menor de as pessoas desenvolverem câncer e morrerem da doença”, completou Larissa.

Investimento em prevenção com vacinas e exames

O diretor-geral do Inca, defende que investimento em prevenção é uma forma de evitar gastos com tratamento, que são muito custosos e apresentam tendência cada vez mais crescente.

“Os custos aumentam exageradamente, eu diria, distorcidamente, perversamente. A gente não tem como ter sustentabilidade com a política atual de preços do tratamento da doença avançada”, avalia.

“Os nossos esforços na prevenção e detecção precoce são rentáveis e potencialmente econômicos. É a nossa solução de sustentabilidade”, defende Gil, ao destacar que a doença é um redutor de produtividade da economia. “O impacto que o câncer tem na capacidade produtiva também tem que ser mensurado e é muito grande”, afirma.

É necessário também adotar políticas de rastreio de câncer – como exames de mamografia, próstata e colonoscopia, que podem detectar, respectivamente, câncer de mama (o mais comum entre as mulheres), de próstata (o mais comum entre os homens) e de câncer colorretal (que sem crescendo sobretudo entre os mais jovens) – além da aplicação de vacinas, como no caso do HPV (vírus do papiloma humano), causador do câncer de colo de útero.

Para o coordenador-geral da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer, Fernando Maia, hoje cada vez está mais claro que o câncer pode ser evitado se nós atuarmos em ações de prevenção específica. Ele citou a vacina para HPV e a promoção de hábitos saudáveis de vida, estimulando a alimentação saudável, a atividade física, o controle do peso, evitando o tabagismo e tantos outros fatores que estão envolvidos na causalidade do câncer.

Política Nacional de Câncer prevê redução de casos

No encontro entre Opas e Inca, recebeu destaque a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC), a qual garante a detecção precoce e ampliação do acesso ao tratamento para pacientes oncológicos.

“A Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer no âmbito do SUS e o Código Latino-Americano e Caribenho contra o Câncer são duas iniciativas que se complementam e se reforçam”, disse a coordenadora de Prevenção e Vigilância do Inca, Marcia Sarpa. 

A PNPCC, descrita pela Lei 14.758, foi sancionada em dezembro do ano passado e tem prazo de 180 dias para regulamentação. Entre os principais objetivos, estão a redução da incidência e da mortalidade dos diferentes tipos de câncer e a promoção do acesso ao cuidado integral.

Femama cobra urgência na implementação da PNPCC

A Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), junto do IGCC e o apoio de outras instituições que atuam na causa do câncer, produziram uma carta para ser enviada ao Ministério da Saúde pedindo a agilidade e eficiência na implementação da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC).

Para a causa tomar força, as organizações estão recolhendo assinaturas da população por meio do formulário disponível neste link. Até o momento, já foram conquistadas 3.500 assinaturas e, com o auxílio de toda a população, a meta é dobrar esse número até o dia 25 quando encerram-se as contribuições.

Segundo a Femama, diante dos altos índices de câncer no Brasil, existe a urgência para a implementação da PNPCC que visa a prevenção de novos casos assim como o acesso ao cuidado integral, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos diagnosticados com câncer.

“No Brasil, o direito à saúde é universal, mas o acesso ao tratamento do câncer não. Não basta aprovar leis, é necessário garantir que elas sejam aplicadas. Essa carta é uma sinalização de que estamos acompanhando, monitorando e fiscalizando para que os benefícios garantidos por lei cheguem até o paciente”, comenta a médica mastologista Maira Caleffi, chefe do Serviço de Mastologia do Hospital Moinhos de Vento e presidente voluntária da Femama .

17 ações para ajudar a prevenir o câncer em você e na sua família

Especialistas na área e representantes da sociedade civil da América Latina e do Caribe, convocados pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), da Organização Mundial da Saúde (OMS), e pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), revisaram as evidências científicas e recomendaram 17 ações que as pessoas podem fazer para ajudar a prevenir o câncer. Conheça o Código Latino-Americano e Caribenho contra o Câncer:

1. Não fume ou use qualquer tipo de tabaco. Se você usa, é possível parar. Se necessário, conte com ajuda profissional. Também não use cigarros eletrônicos, pois levam ao uso de produtos de tabaco.

2. Faça de sua casa um lugar livre da fumaça do tabaco. Respeite e promova as leis que garantem espaços livres de fumaça do tabaco para cuidar da nossa saúde.

3. Mantenha ou atinja seu peso saudável, ao longo da vida, para ajudar a prevenir vários tipos de câncer.

4. Faça atividade física diariamente, ao longo da vida, e limite o tempo que passa sentado. Ser uma pessoa fisicamente ativa ajuda a prevenir vários tipos de câncer.

5. Faça uma alimentação saudável:

• Coma a maior quantidade possível de verduras e frutas em cada refeição. Inclua, habitualmente, leguminosas como feijão e lentilha.
• Coma grãos integrais, como pão integral, e arroz integral, em vez de grãos refinados, como pão branco ou arroz branco.
• Evite o consumo de bebidas açucaradas (refrigerantes, sucos prontos com açúcar). Prefira água potável.
• Limite o consumo de alimentos ultraprocessados, como doces, cereais matinais açucarados, salgadinhos, bolinhos e biscoitos, entre outros. Em vez disso, coma alimentos naturais ou preparados em casa.
• Evite carne processada, como embutidos (presunto, mortadela), salsichas, linguiças ou carnes salgadas, e limite o consumo de carne vermelha.
• Limite o consumo de bebidas em temperaturas muito quentes, como mate, chá ou café. Aguarde alguns minutos até sentir que o líquido não queima seus lábios ou língua.

6. Evite o consumo de bebidas alcoólicas para ajudar a prevenir vários tipos de câncer.

7. Amamente, quanto mais meses, melhor, para ajudar a prevenir o câncer de mama e o excesso de peso na criança.

8. Proteja-se da exposição direta ao sol nos horários de maior intensidade para ajudar a prevenir o câncer de pele.

9. Se você cozinha ou aquece sua casa com carvão mineral ou lenha, evite o acúmulo de fumaça dentro de casa.

10. Se houver alta poluição do ar em seu ambiente (externo), limite o tempo em que você passa ao ar livre.

11. Informe-se se o seu trabalho o(a) expõe a substâncias que podem produzir câncer e exija e adote as medidas de proteção recomendadas.

12. A infecção pela bactéria Helicobacter pylori pode causar câncer de estômago. Converse com os profissionais de saúde para ver se você poderia se beneficiar da detecção da bactéria e do tratamento da infecção.

13. Infecções por vírus como os das hepatites B e C, o vírus do papiloma humano (HPV) e o vírus da imunodeficiência humana (HIV) também podem causar câncer. Portanto:

• Vacine as crianças contra o vírus da hepatite B nas primeiras 24 horas de vida. Vacine-se e sua família, em qualquer idade, caso não tenha recebido a vacina.
• Vacine meninas e adolescentes contra o vírus do papiloma humano (HPV) para ajudar na prevenção, principalmente, do câncer do colo do útero, além de outros tipos de câncer. Realize esta medida preventiva nas idades recomendadas em seu país. Se disponível, vacine também os meninos (No Brasil a vacina do HPV é gratuita para meninas e meninos a partir de 9 anos).                    • Converse com profissionais de saúde para saber se você pode se beneficiar da detecção e tratamento dos vírus das hepatites B e C para ajudar a prevenir o câncer de fígado.
• Faça o teste para o vírus da imunodeficiência humana (HIV) e pergunte sobre os programas de prevenção e tratamento disponíveis em seu país (No Brasil, o programa de prevenção ao HIV oferece desde camisinha até novos métodos de profilaxia pré e pós exposição ao vírus, além de todo o tratamento gratuito pelo SUS).
• Certifique-se de usar preservativo ou camisinha de forma correta e sistemática, especialmente com parceiros novos ou casuais.

14. Não faça reposição hormonal na menopausa, a menos que seja indicada pelo seu médico. A reposição hormonal pode causar câncer de mama. O câncer pode ser controlado e curado se for detectado precocemente e tratado no momento certo:

15. Se você tem entre 50 e 74 anos, procure o serviço de saúde e solicite o exame de detecção precoce do câncer de cólon e reto (sangue oculto nas fezes ou colonoscopia). De acordo com os resultados, siga as recomendações do profissional de saúde.

16. Se você tem 40 anos ou mais, vá ao serviço de saúde a cada dois anos para fazer um exame clínico das mamas. A partir dos 50 até os 74 anos, faça uma mamografia a cada dois anos. De acordo com os resultados, siga as recomendações do profissional de saúde.

17. Se você tem entre 30 e 64 anos, procure o serviço de saúde e solicite o teste molecular do vírus do papiloma humano (HPV), pelo menos a cada 5 a 10 anos, para detecção precoce do câncer do colo do útero. Pergunte se você mesma pode coletar a amostra. Caso não tenha acesso ao teste de HPV, solicite o teste disponível em seu país. De acordo com os resultados, siga as recomendações do profissional de saúde.

Com informações da Agência Brasil e da Femama

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