Extremamente contagioso, o sarampo volta a preocupar as autoridades sanitárias brasileiras. Dados do Ministério da Saúde revelam que, desde o início deste ano até 12 de dezembro, foram confirmados 10.262 casos da doença. O Brasil, que em 2016 foi certificado pela Organização Mundial da Saúde como um país livre do sarampo, hoje enfrenta dois surtos da doença: no Amazonas com 9.779 casos confirmados e, em Roraima, com 349 casos. Três estados registraram mortes por sarampo: quatro em Roraima, seis no Amazonas e dois no Pará.

A reintrodução da doença no Brasil é atribuída à vinda para a Região Norte de imigrantes da Venezuela, país que registra um surto da doença desde 2017. O genótipo do vírus (D8) que está circulando no Brasil é o mesmo que circula lá.  Alguns casos isolados, e também relacionados à importação, foram identificados nos estados do Rio Grande do Sul (45), Pará (44), Rio de Janeiro (19), Pernambuco (4), Sergipe (4), São Paulo (3), Rondônia (2), Bahia (2) e Distrito Federal (1).

Para o médico epidemiologista Eduardo Massad, professor e pesquisador da Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getulio Vargas (FGV EMAp), o governo federal não se preparou e não conseguiu controlar a transmissão do sarampo trazida por imigrantes venezuelanos. “Os níveis de cobertura estão em torno de 80%. O certo é chegar a 95%. O movimento contra a vacina prejudica a erradicação de uma doença que matou recentemente pessoas na Itália e na França”, destaca.

Desde 2015 o país não registrava casos da doença – naquele ano, foram 214 casos. Entre 2013 e 2015, ocorreram surtos decorrentes de pacientes vindos de outros países, sendo registrados neste período 1.310 casos da doença. O maior número de casos foi registrado nos estados de Pernambuco e Ceará.  Uma campanha publicitária lançada em outubro alerta para a importância da vacinação para evitar a volta de doenças já erradicadas, como o sarampo.

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Riscos de complicação e morte: vacina pode evitar

A grande preocupação com o sarampo está na combinação de dois fatores considerados explosivos: o alto poder de contágio do vírus e o risco de complicações e morte, principalmente para as crianças. “Entretanto, apesar de potencialmente grave, essa doença pode ser facilmente prevenida pela vacina”, alerta o médico infectologista Jaime Rocha, da Unimed Laboratório.

Rocha explica que a transmissão do sarampo é igual a de um resfriado comum, por meio do ar. “Após entrar no corpo pelo sistema respiratório, o vírus se estende por outros sistemas, causando diversos sintomas como febre alta, manchas vermelhas pelo corpo, diarreia, tosse, conjuntivite e pequenos pontos brancos na mucosa da boca.”

As mortes causadas pelo sarampo estão relacionadas a complicações da doença. Entre essas complicações estão as neurológicas (encefalites), a desidratação consequente de diarreia intensa e a pneumonia. Crianças menores de 5 anos, mulheres grávidas e pessoas imunodeprimidas são grupos especialmente de risco porque estão mais propensos a desenvolver complicações.

“Não existe medicação própria para o sarampo, o tratamento é apenas sintomático e existe sempre o risco de complicações. Por isso, o melhor é sempre a prevenção por meio da vacina”, comenta Jaime Rocha.

Ainda segundo ele, duas doses da tríplice viral ou da tetra viral (que além do sarampo, rubéola e caxumba, também protege contra a varicela) são suficientes para imunizar a pessoa contra o sarampo pelo resto da vida.

Medidas tomadas pelo governo

O Ministério da Saúde informa que está empreendendo esforços para manter o certificado, principalmente por meio do fortalecimento da vigilância epidemiológica, da rede laboratorial e de estratégias de imunização. “O Ministério da Saúde permanece monitorando a situação do sarampo em todo o país, especialmente em Roraima e no Amazonas, e as medidas de controle e prevenção já estão sendo realizadas”, informa.

Programa Nacional de Imunizações estabelece a meta de 95% da cobertura vacinal de forma homogênea em todos os municípios. Para avaliar e monitorar essa cobertura, o Monitoramento Rápido de Cobertura (MRC) deve ser realizado de forma sistemática, com articulação entre as equipes de vigilância epidemiológica e imunizações, programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e da Estratégia de Saúde da Família (ESF).

Da Redação, com Assessorias

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