Principal causa de mortes nas UTIs brasileiras, a sepse, ou infecção generalizada, provoca resposta inflamatória sistêmica no corpo e pode levar o paciente à falência múltipla de órgãos. Em todo o mundo, a doença mata 11 milhões de pessoas por ano, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, a estimativa é de 240 mil mortes por ano.
A taxa de óbitos por conta da sepse por aqui é de 55%, enquanto países que instituíram de maneira ostensiva os protocolos de diagnóstico e tratamento, como Reino Unido e Austrália, foram capazes de levar a mortalidade por infecção generalizada a cerca de 15%.
É preciso encarar essa questão com muita seriedade porque é uma doença mortal, prevalente. Os países que levaram isso a sério conseguiram diminuir essa taxa para menos da metade. A hora de mudar isso é agora”, afirma a médica Ludhmila Hajjar, professora yitular de Emergências Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da USP) e diretora de Cardiologia no Hospital Vila Nova Star, na capital paulista.
Segundo ela, a Inteligência Artificial pode ajudar a salvar vidas nas UTIs brasileiras, onde é registrada a maioria dos casos de sepse. “O tempo para salvar uma vida, diagnosticar e iniciar o tratamento, é de 60 minutos. E há hoje aplicativos de inteligência artificial capazes de predizer questões como a complexidade que um determinado paciente exigirá em seu tratamento, o que também auxilia na alocação de recursos”, afirma Dra Ludhmila.
A médica – que já foi cotada para ser ministra da Saúde no Governo Bolsonaro – coordena um curso inédito no Brasil para médicos e outros profissionais de saúde. “Sepse Zero: Diagnóstico ágil e tratamento eficaz” é um dos destaques da Jornada Sepse Zero, que vai discutir novidades na prática clínica de combate à sepse, que se refere a epidemiologia e fisiopatologia, diagnóstico, prognóstico e, principalmente, sobre tratamento e protocolos para salvar vidas.
“Vamos mostrar como fazer um diagnóstico rápido, pois trata-se de uma doença dependente de tempo e de protocolo”, afirma a médica. O curso também conta com participações dos professores estrangeiros Prof. Dr. Jean-Louis Vincent e Prof. Dr. Daniel de Backer, médico especialista em medicina intensiva e professor da Universidade Livre de Bruxelas, na Bélgica.
Leia mais
Sudeste tem a maior taxa de mortalidade por sepse no Brasil
Sepse: como combater a infecção generalizada dentro dos hospitais
Sepse mata mais que câncer, mas é desconhecida por 80% da população
Como serão as UTIs em 2034?
A Jornada Sepse Zero tem como objetivo apresentar as mais recentes atualizações sobre o assunto e, principalmente, novidades para as chamadas “UTIs do futuro”, apresenta tecnologias e últimos protocolos para tratar a sepse. Pesquisadores brasileiros e estrangeiros abordarão também novidades de um dos principais congressos de medicina intensiva do mundo.
Os participantes do evento também terão acesso à palestra “Como será a UTI em 2034”, ministrada pelo Prof. Dr. Jean-Louis Vincent, médico e professor de medicina intensiva do Erasme University Hospital, da Universidade de Bruxelas (Bélgica).
Considerado um dos principais pesquisadores na área, com cerca de 600 artigos originais e 250 artigos de revisão e capítulos de livros, Vincent tem 68 livros publicados e é o editor-chefe da “Critical Care”, a mais relevante revista de terapia intensiva no mundo, além de outras duas revistas científicas na área.
O evento também trará exposição sobre os principais destaques do 37º Congresso Anual da Sociedade Europeia de Medicina Intensiva, realizado entre 5 e 9 de outubro em Barcelona (Espanha). A apresentação será conduzida pelo cirurgião e intensivista Leandro Taniguchi, médico supervisor da UTI Clínica do Hospital das Clínicas, em São Paulo, e orientador do programa de pós-graduação da Faculdade de Medicina da USP.