Semana da Saúde, realizada na Cinelândia, recebeu mais de 2 mil homens que participaram de palestras e fizeram exame PSA (Foto: Maurício Bazílio-SES-RJ)
Semana da Saúde, realizada na Cinelândia, recebeu mais de 2 mil homens que participaram de palestras e fizeram exame PSA (Foto: Maurício Bazílio-SES-RJ)

A população masculina do Rio de Janeiro passa a contar com o primeiro Centro de Diagnóstico do Câncer de Próstata na rede pública de saúde. A unidade do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), inaugurada nesta segunda-feira (27), vai oferecer 3.600 biópsias por ano. O objetivo é facilitar o acesso à biopsia, zerando a fila de espera e oferecer procedimento sem dor, além de reduzir o risco de metástase – quando o câncer se espalha e atinge outros órgãos, levando a óbito. A unidade contará com um moderno aparelho de ultrassom capaz de identificar as mais diferentes lesões com mais precisão.

O novo Centro, instalado no Hospital do Câncer II – Rua Equador, 831 (próximo à Rodoviária Novo Rio), é uma parceria do Ministério da Saúde com as secretarias estadual e municipal de saúde e receberá pacientes com suspeita da doença da rede pública de atenção básica no Rio de Janeiro. Na unidade, o paciente realizará, num curto espaço de tempo, a biópsia que confirmará, ou não, o diagnóstico de câncer de próstata. No caso de confirmação, o paciente será tratado no Inca ou em outro hospital, de acordo com o caso.

Além de facilitar o acesso à biópsia, o novo Centro permitirá que os pacientes da rede pública realizem o procedimento sem dor, com apoio de radiologista intervencionista sob sedação realizada por anestesista. Antes o paciente passará por avaliação de um uro-oncologista, de acordo com a visão multidisciplinar dessa intervenção. Atualmente, na rede pública do Estado do Rio de Janeiro, os procedimentos são feitos apenas com anestesia local.

No Centro de Diagnóstico, o procedimento será feito com um moderno aparelho de ultrassom que permite identificar lesões de pequenas dimensões e com a precisão diagnóstica. A estimativa ‘zerar’ o tempo de espera pela biópsia no Rio de Janeiro, o que reduzirá o número de casos de pacientes que iniciam o tratamento com tumores em estágio avançado. Além do tratamento precoce custar sete vezes menos, o diagnóstico rápido e correto aumenta a taxa de cura.

Confira a apresentação completa

“Essa iniciativa traz para o estado do Rio de Janeiro ampliação de serviços. Já temos no Rio Imagem a oferta de mais de 100 biopsias de próstata e num projeto com a UERJ oferecemos mais 100, mas sabemos que precisamos ampliar muito isso. Essa iniciativa vai salvar inúmeras vidas no Estado”, destacou o secretário de Saúde, Luiz Antônio Teixeira Jr.

Ele lembrou que durante a semana da saúde, realizada na semana passada, na Cinelândia, 2.245 homens receberam orientações sobre o câncer de próstata e fizeram o exame de PSA, o primeiro passo para se detectar a presença do tumor. “Eles foram quebrando o paradigma de que o homem não busca tratamento. O que ele precisa é de acesso. E esse centro vai ofertar em conjunto com a SES o acesso aos homens, ao tratamento e ao diagnóstico”, afirmou.

Novos serviços de radioterapia

Mais uma boa notícia para o tratamento de câncer na rede do SUS no Rio. A população do estado será beneficiada ainda com quatro aceleradores lineares, pertencentes ao Plano de Expansão da Radioterapia do Ministério da Saúde. As obras do bunker – espaço destinado para a instalação do aparelho – dos hospitais do Andaraí e São José (no Rio de Janeiro) e Universitário Severino Sombra (em Vassouras) devem ser iniciadas ainda no primeiro semestre de 2018. Já as do Hospital do Câncer (Inca), na capital, devem começar no segundo semestre. Com os aparelhos, será ampliado o atendimento de radioterapia no estado, o que irá permitir um melhor tratamento oncológico aos pacientes.

De acordo com o Ministério, os projetos no Estado do Rio serão executados dentro das atividades previstas do Plano de Expansão da Radioterapia, visto que os aceleradores lineares são equipamentos de altíssima complexidade tecnológica e não podem ser instalados sem os devidos cuidados com a proteção radiológica. As instalações exigem espaço físico com características peculiares e distintas das construções tradicionais de estabelecimentos e unidades de saúde, uma vez que envolve, por exemplo, sistemas de climatização específicos, refrigeração da água, sistema elétrico diferenciado e maior espessura das paredes.  Ao todo, vão ser investidos cerca de R$ 17 milhões na compra dos equipamentos e construção dos locais adequados.Outros cinco aceleradores lineares foram entregues nas cidades de Campina Grande (PB), Maceió (AL), Feira de Santana (BA), Brasília (DF) e Curitiba (PR). Ainda neste ano, estão programadas as entregas de outros equipamentos de radioterapia. Ao todo, cerca de R$ 500 milhões foram investidos para a aquisição de 80 aceleradores lineares, além da realização de projetos e obras. Outros 20 ainda devem ser adquiridos, totalizando 100 aparelhos distribuídos em todas as regiões do país. Os novos equipamentos, que serão adquiridos, viabilizará uma economia de aproximadamente R$ 25 milhões em relação ao que era realizado por meio de convênios.

Nos últimos anos, observou-se uma crescente oferta da radioterapia no país. Em 2010, foram realizados 8,3 milhões procedimentos de radioterapia. Em 2016, foram 10,45 milhões, um aumento de 25,9%. Segundo o Ministério, essa ampliação também é resultado do investimento realizado pela pasta na compra de aceleradores lineares, por meio de convênios. Consequentemente, a pasta ampliou, em seis anos, 46% os recursos para tratamentos oncológicos (cirurgias, radioterapias e quimioterapias), passando de R$ 2,27  bilhões, em 2010, para R$ 3,33 bilhões, em 2016. Em 2017, até o momento, foram investidos R$ 672,8 milhões. Somados a esses valores, há ainda os recursos relacionados às ações de média complexidade, como consulta com especialista e realização de exames, além dos medicamentos oncológicos.

Mais sobre o câncer de próstata

O câncer de próstata é o mais frequente entre os homens, depois do câncer de pele não melanoma. As estimativas apontam 61.200 casos em 2016, o que representa 28,6% do total, além de ser a segunda causa de morte por câncer em homens no Brasil, com mais de 14 mil óbitos, segundo dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde.

Idade, histórico na família, sobrepeso e obesidade aumentam o risco da doença. A cada 10 homens diagnosticados, 9 tem mais de 55 anos. Entre os sintomas estão: dificuldade de urinar, demora em começar e terminar a urinar, sangue na urina, diminuição do jato, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite. Para prevenir o câncer, a recomendação é manter peso adequado, ter alimentação saudável, praticar atividade física, não fumar, evitar consumo de bebidas alcóolicas.

Na presença de sinais e sintomas, recomenda-se a realização de exames. A doença é confirmada após fazer a biópsia, que é indicada ao encontrar alguma alteração no exame de sangue (PSA) ou no toque retal, que somente são prescritos a partir da suspeita de um caso. Em 2016, foram realizados 5,18 milhões de exames de PSA e 46.642 mil biópsias, ao custo de R$ 89,78 milhões. Além disso, ocorreram 633,7 mil sessões de quimioterapia, 2,71 milhões de campos de radioterapia e 17.353 cirurgias. Os gastos com esses tratamentos foram de R$ 393,61 milhões.

 Fonte: Ministério da Saúde e SES-RJ, com Redação (atualizado em 27-11-17, às 13h15)
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