No dia 17 de janeiro de 2021, a enfermeira do Hospital das Clínicas de São Paulo, Monica Calazans (foto), foi a primeira pessoa a ser vacinada no Brasil contra a covid-19. Desde então, a vacinação em massa se difundiu pelo país e, ainda que a doença não tenha sido totalmente erradicada, as vacinas foram as grandes responsáveis pelo arrefecimento da pandemia no país. Passados três anos da primeira dose da vacina da covid no Brasil, a imunização segue como principal estratégia não só para prevenção desta doença, mas de vários outras que são imunopreveníveis.
É muito importante vacinar, visto que a circulação do coronavírus e das internações relacionadas à doença aumentou. Isso ocorre porque menos de 30% da população brasileira se vacinaram com a bivalente então essa atualização se torna essencial”, descreve a infectologista Patrícia Rady Muller.
Segundo a médica, o principal objetivo das vacinas é prevenir as formas mais graves das doenças. “Nunca vai ter uma vacina com 100% de eficácia. Ela é importante para abrandar os sintomas, impedir consequências graves e mortes causadas pela doença”, explica.
O grande objetivo das vacinas é fazer com que a pessoa crie anticorpos que oferecerão uma resposta ou reação a uma determinada doença. A especialista do Hospital Edmundo Vasconcelos afirma que todas as vacinas são essenciais, mas que é preciso obedecer às faixas etárias e públicos determinados.
A gente viu como funcionou o processo de vacinação para a covid-19. A partir de estudos científicos, se determina qual a faixa etária mais adequada e se é destinada para homens e mulheres, por exemplo. Tudo varia de acordo com a ação do agente infeccioso que está sendo estudado”, destaca.
Para a elaboração, as vacinas podem ser de diferentes tipos: aquelas com agentes vivos ou atenuados (em que o vírus é atenuado e não pode mais transmitir a doença), com agentes inativos (com vírus mortos) e aqueles de RNA mensageiro (engenharia genética).
Isso é feito porque tem partes de vírus e bactérias que são fundamentais para incentivar a criação de anticorpos e a criação da defesa em relação àquela doença”, detalha.
Alerta contra as fakes news sobre vacinas
Patricia orienta que é fundamental manter a carteira vacinal atualizada e ressalta que o Programa Nacional de Imunização (PNI) é um dos mais completos do mundo, com vacinas disponíveis de acordo com a faixa etária. Algumas delas, como a vacina contra a tuberculose, são essenciais, enquanto outras como a do pneumococo (causada pela pneumonia por bactérias) e a do HPV são destinadas a públicos específicos.
Apenas as vacinas disponíveis no PNI já oferecem uma proteção muito importante. A infectologista ainda faz um alerta importante para a população. “A gente só consegue erradicar doenças se a gente tiver tratamentos associados a vacinas. As vacinas testadas e aprovadas pela ciência, como as contra a covid, não vão trazer malefícios”.
Ela também alerta que é preciso combater as notícias falsas que circulam sobre o assunto. “Por isso, é importante sempre procurar médicos disponíveis e os órgãos e instituições de saúde para tirar todas as dúvidas relacionadas ao assunto para evitar qualquer distorção”, finaliza.
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Como parte do esforço para ampliar a cobertura vacinal e combater as fake news, o município do Rio de Janeiro e o Governo de São Paulo receberam em 2023 o reconhecimento, respectivamente, do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS),
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do Rio ganhou, no dia 10 de novembro o primeiro lugar no prêmio de melhor experiência em Prevenção e Controle das Doenças Imunopreveníveis, entregue na 17° ExpoEpi do Ministério da Saúde, que apresentou as mais recentes pesquisas, estratégias de prevenção e controle de doenças, bem como experiências bem-sucedidas no enfrentamento de problemas epidemiológicos.
A categoria avaliou as estratégias de resgate de coberturas vacinais adotadas pela capital, que ficaram entre os três trabalhos finalistas, sendo o da SMS premiado com primeiro lugar. Entre as ações adotadas pela SMS está a inauguração do Super Centro Carioca de Vacinação, ampliando o acesso ao serviço de imunização para a população. O local funciona de domingo a domingo, das 8h às 22h. De acordo com o estudo, 42% do público vacinado na unidade foram atendidos durante o horário estendido.
Outro destaque foi o GeoVacina Rio, uma ferramenta que identifica localidades onde estão as crianças com situação vacinal em atraso e, a partir disso, as equipes realizam a busca ativa para vacinação no domicílio. Desde o início do uso da ferramenta, as crianças com vacina em dia foram de 76% para 89%.
Em algumas áreas da cidade, o incremento foi de 20%. Além disso, em cinco meses, das 134 unidades que estavam com cobertura abaixo de 80%, na classificação vermelha, apenas 13 unidades permanecem na mesma classificação, todas as demais avançaram.
Parcerias para levar a vacinação a escolas públicas e privadas e locais de grande circulação de pessoas, ampliando o acesso, a cobertura e a proteção da saúde da população carioca. também foram destacadas, envolvendo a Secretaria Municipal de Educação e o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Rio de Janeiro, concessionárias de transporte (Metrô Rio e SuperVia), aeroportos, shoppings, clubes, universidades, entre outros.
No quesito informação, o prêmio destacou o desempenho da SMS em garantir o acesso à informação para a população carioca. Entre as estratégias usadas, estão as campanhas de comunicação nas mídias sociais, a disponibilização de cartilhas de vacinação em plataforma digital do EpiRio e cartazes nas unidades de saúde. Além disso, as discussões sobre as coberturas vacinais no Papo de Vigilância em Saúde, no YouTube oficial da SMS.
Vacina 100 Dúvidas
Com Assessorias