OMS: pandemia ‘não será a última’ a ser enfrentada pela Humanidade

Diretor diz que “informações distorcidas” podem ter efeitos negativos e pediu que governos que se comuniquem “de forma transparente e sincera”

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“Esta não será a última pandemia. A História nos ensina que surtos e pandemias são um fato da vida.  Mas, quando a próxima pandemia vier, o mundo deve estar pronto – mais do que estava desta vez”. O alerta é de Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), nesta segunda-feira (7), ao chamar a atenção para o fato de que os países precisarão preparar melhor seus sistemas de saúde.

Nos últimos anos, muitos países fizeram enormes avanços na medicina, mas muitos negligenciaram seus sistemas básicos de saúde pública, que são a base para responder aos surtos de doenças infecciosas. Parte do compromisso de cada país para se reconstruir melhor deve ser, portanto, investir na saúde pública, como um investimento em um futuro mais saudável e seguro”, disse o diretor-geral da OMS.

‘Pessoas não procuram unicórnios’, mas informação honesta sobre Covid-19

Na mesma coletiva, a entidade foi questionada sobre as mensagens enviadas pelo governo brasileiro à população durante a pandemia. Uma jornalista brasileira mencionou o fato de o presidente Jair Bolsonaro frequentemente aparecer em eventos públicos sem utilizar máscara ou fazer declarações a favor da hidroxicloroquina, que não tem eficácia comprovada no tratamento da Covid-19.

Sem abordar diretamente o caso específico do Brasil, o diretor-executivo da OMS, Michael Ryan, disse que “informações distorcidas” podem ter efeitos negativos e aproveitou para fazer um apelo a todos os governos que se comuniquem “de forma transparente e sincera”. Ryan disse que a população brasileira dispõe de várias fontes para obter informações sobre a pandemia do novo coronavírus e destacou o trabalho de autoridades estaduais do país no combate à doença.

Os cidadãos no Brasil e em muitos países podem olhar e buscar informações em várias fontes, e, certamente, acho bom estar em uma posição em que você pode ter uma confiança absoluta em qualquer governo, mas também é importante que as pessoas busquem várias fontes de informação”, respondeu o diretor de emergências da OMS, Mike Ryan.

Michael Ryan, diretor-executivo do programa de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS) — Foto: Christopher Black/OMS

Michael Ryan, diretor-executivo do programa de emergências da Organização Mundial da Saúde (Foto: Christopher Black/OMS)

Bolsonaro foi visto sem máscara em público em diversas ocasiões nos últimos meses, inclusive durante cerimônia pelo Dia da Independência nesta segunda em Brasília. Apesar de o Ministério da Defesa suspender o tradicional desfile cívico-militar para evitar aglomerações, Bolsonaro provocou aglomerações ao desfilar de carro aberto cercado por um grupo de crianças e também se aproximar do público por diversas vezes, tudo sem usar máscaras.

Ryan também destacou o bom trabalho realizado pelos governadores e secretários estaduais de saúde durante a pandemia. “Os governadores estaduais e as autoridades estaduais de saúde pública têm estado muito envolvidos em oferecer aconselhamento e apoio às comunidades. Aí você tem o governo nacional, a OPAS [Organização Pan-Americana de Saúde, braço regional da OMS nas Américas] e nós mesmos [a OMS]”, declarou o diretor de emergências.

Os bons governos constroem a confiança das comunidades fornecendo-lhes apenas informações verificadas e baseadas em evidências. Porque, se as coisas derem errado, as comunidades vão entender. Mas, se as comunidades perceberem que estão obtendo informações que estão sendo politicamente manipuladas, ou que estão sendo gerenciadas de uma forma que distorce as evidências, então, infelizmente, isso volta ao governo politicamente em um estágio posterior”, completou Ryan.

OMS X Bolsonaro

A OMS já havia se manifestado sobre alguns posicionamentos do governo brasileiro. Na sexta-feira (4), a entidade lembrou que “vacinas salvam vidas’ ao ser questionada sobre uma publicação da Secretaria de Comunicação da Presidência que dizia não poder “obrigar ninguém” a tomar vacina.

Em maio, a organização frisou a necessidade de uma mensagem coerente no combate à pandemia entre os governos estaduais e federal. A declaração foi dada também por Michael Ryan, depois que a OMS foi questionada sobre a reabertura de alguns locais de comércio no país, como academias e salões de beleza.

As comunidades precisam ouvir mensagens coerentes e consistentes de lideranças, essa mensagem precisa ser clara e governos precisam seguir o que falam”, afirmou Ryan, à época.

Com Agências

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