É cada vez mais fácil encontrar pessoas que buscam uma alimentação mais saudável. Essa vontade vem de diversos fatores, como o simples desejo de manter-se em forma, aquela vontade de emagrecer e comer de forma equilibrada para ganhar saúde e imunidade. Mas, na verdade, você sabe o que é comer de forma benéfica e saudável?

Há muitas definições, mas não há um consenso definido: alguns acreditam que tudo deve ser integral; outros defendem os alimentos orgânicos; ou existem pessoas que optam por comer sem açúcar, farinha branca e por aí vai. Apesar da existência de todas essas diferentes teses, a nutricionista Sophie Deram, doutora da USP e autora do best-seller “O peso das dietas”, não apoia nenhuma dessas definições. A especialista destaca três importantes dicas de como fazer isso sempre em paz com a comida.

Precisamos ter uma visão menos reducionista da alimentação. Devemos parar de focar em alimentos milagrosos e acreditar que a melhor definição é comer de tudo, sem restrição, sem culpa, com prazer e sempre respeitando nossa fome e emoções. Uma ótima dica é privilegiar a qualidade e variedade dos alimentos, mas também com um comportamento alimentar sadio”, orienta.

A nutricionista também alerta que os consumidores criam uma obsessão por “comer perfeito” ou “comer limpo”. Porém, elas não percebem que isso pode virar uma doença.

Uma dessas condições é a Ortorexia. Essa obsessão é um excesso de informação e do terrorismo nutricional que acontece com muitas pessoas. Precisamos aprender a filtrar tudo o que lemos a respeito de dietas restritivas e alimentos bons e ruins. Esse tipo de preocupação dá origem à culpa e a uma forma de comer transtornada”, explica.

Para ajudar quem quer aprender a comer de maneira saudável e nutrir não só o corpo, mas também a mente, a nutricionista lista três dicas essenciais.

1. Não faça dietas restritivas
As pessoas adotam as dietas restritivas porque buscam perder peso rapidamente, mas essa nunca é a melhor opção. Essa prática agride não somente o físico, mas também o emocional. Além disso, quem escolhe as dietas restritivas costuma sofrer com o efeito sanfona, ou seja, volta para o peso maior de antes e ainda ganha alguns quilos extras. Isso afeta com mais força seu emocional.

Dietas restritivas causam um grande estresse e afeta ainda mais a saúde mental das pessoas. Por conta disso, é importante perceber que a resposta não está nas dietas, mas sim optar por um estilo de vida mais saudável. Precisamos entender que a saúde tem uma definição mais ampla do que somente peso. É um bem-estar físico, mental e social”, justifica.

2. Coma alimentos mais frescos e caseiros
Outra dica essencial é começar a escolher alimentos menos industrializados. Isso não quer dizer que você precisa deixar de comer um chocolate ou biscoito quando sentir vontade. No entanto, ter o hábito de escolher mais itens frescos e caseiros para seu consumo ajuda na sua saúde.

“É sempre bom entendermos que comer bem, por exemplo, é aquele almoço que tem cara dessa refeição: arroz, feijão, salada, legumes e carne. Esse é o padrão brasileiro e ele é fantástico. As pessoas estão com medo de comer arroz pensando que isso engorda, mas precisamos esquecer esse terrorismo nutricional. A nutrição ficou reducionista e só fala de nutrientes. Não falamos mais de carne com arroz, mas de proteína com carboidrato. Tem uma confusão entre saúde e peso. Parece que precisa emagrecer para ser saudável”, explica.

3. Cozinhe mais em casa
Boa parte da população ainda guarda as medidas de distanciamento ou isolamento social por conta da pandemia do novo coronavírus e talvez esse seja o momento para frequentar ainda mais a cozinha. Quando você vai para o fogão, ou alguém faz isso para você, a alimentação tem mais qualidade e é melhor planejada. É mais uma forma de consumir comida caseira e ter mais consciência na hora da refeição.

Cozinhar também ajuda no que falamos sobre diminuir o consumo de alimentos processados e ultraprocessados. Precisamos entender que a saúde tem uma definição mais ampla do que somente peso. É um bem-estar físico, mental e social. Ser saudável é a melhor coisa que podemos fazer para fortalecer nosso corpo e o emocional”, conclui.

4 alimentos que não são tão saudáveis quando parecem

Durante o período de isolamento social, algumas pessoas passaram a adotar hábitos alimentares mais saudáveis – o que é um dos “lados positivos” da pandemia. Com isso, muitos consumidores começaram a adotar em seu cardápio diário alimentos chamados de “light”: iogurtes, barras de cereais, pães integrais, entre outros itens. Mas nem tudo é como parece ser. Muito pelo contrário.

Alguns desses deles, na verdade, não são tão bons quanto a gente pensa, explica a nutricionista Sophie Deram. Para ela, é preciso muita atenção na hora de fazer mudanças na alimentação. Muitos optam pelos alimentos “light”, que podem não ser a melhor opção. Eles apontam, por exemplo, que têm redução de gordura. Na verdade, esses itens ficam sem um gosto bom se diminuírem esse teor. Para resolver isso, os fabricantes colocam mais farinhas ou açúcares na composição do que nos tradicionais.

Observamos que quando as pessoas comem algo ‘light’, a tendência é consumir mais e temos duas hipóteses para explicar isso: uma delas é quando a pessoa acha que pode comer mais por ser ‘light’; a outra é o fato de a pessoa não estar satisfeita, porque não é isso que ela queria de fato comer”, explica.

Para esclarecer quem ainda tem dúvidas e não quer se enganar na hora de escolher um determinado item, a nutricionista lista quatro alimentos que se passam por saudáveis, mas não são tanto assim:

1. Barras de cereais
As barras de cereais são conhecidas por serem uma ótima opção de lanche, já que são práticas e cheias de fibras. Muitas prometem ser uma fonte de fibras, dar energia, aumentar a sensação de saciedade e até ajudar no funcionamento do intestino. Mas é necessário atenção, pois muitas vezes elas contém muitos açúcares.

“As barras de cereais, geralmente, são vendidas como um alimento prático que tem uma grande fonte de fibras. É até verdade, mas é preciso alertar às pessoas que os fabricantes usam muitos açúcares para grudar essas fibras. Os consumidores devem estar sempre de olho nesse quesito”, orienta Sophie.

2. Sucos de caixinha
Uma grande quantidade de pessoas troca o consumo de refrigerante por sucos de caixinhas porque buscam algo mais saudável. Em muitas vezes, eles não são tão saudáveis quanto parecem, até mesmo em suas versões light.

“Muitos acreditam que esses sucos vêm só da fruta. Acreditam que são saudáveis porque as frutas vêm com fibras e compostos naturais. Mas esses sucos são sempre muito refinados e contêm uma concentração muito grande de açúcar. O suco de uva, por exemplo, pode conter mais açúcar do que um refrigerante. O interessante é diminuir as bebidas doces”, explica.

3. Iogurte grego
O iogurte grego é um alimento que as pessoas consomem sem preocupação, mas nem todas as opções do mercado são saudáveis e nutritivas como os fabricantes prometem. A quantidade de açúcares depende muito do seu processo de fabricação.

“Esse iogurte é conhecido como um alimento saudável com bastante proteína e mata a fome. Mas a maioria tem uma grande quantidade de açúcares escondidos. É um dos alimentos que as pessoas comem sem peso na consciência porque é vendido como um alimento totalmente saudável, mas isso não é verdade”, diz.

4. Pão integral
Para quem gosta de manter uma alimentação mais saudável, os pães integrais são a opção escolhida. Muitas embalagens são identificadas como integral, mas não são. Em um caso como esse, uma dica boa é sempre olhar o rótulo e buscar um produto menos industrializado.

“Esse tipo de pão ainda é muito industrializado, então se eu pudesse dar uma dica, acredito que seria sempre escolher os pães caseiros ou de padaria, que têm menos ingredientes. Eles são a melhor alternativa para quem gosta e quer algo realmente mais saudável”, conclui.

Com Assessoria

Shares:

Posts Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *