A festa de Carnaval fora de época no Rio de Janeiro começa oficiosamente neste sábado, 16, com o festival CasaBloco 2022 levando grandes atrações ao Clube Monte Líbano, na Lagoa. Mas e quem não pode pagar para ver os desfiles na Sapucaí, nem frequentar os inúmeros bailes carnavalescos e eventos fechados, durante o Carnaval fora de época entre os dias 20 e 24 deste mês?
Ao que tudo indica, o tradicional Carnaval de Rua não está oficializado, mas de longe parece proibido, assim como foi em fevereiro, quando os desfiles foram suspensos, mas muitos blocos, mesmo sem autorização, saíram às ruas entre 26 de fevereiro e 1º de março. Neste sábado (16), o prefeito do Rio, Eduardo Paes, voltou a afirmar que os blocos de rua não estão autorizados a desfilar, mas destacou que não vai colocar a Guarda Municipal para reprimir os foliões.
“Não vou sair correndo atrás de folião. O que a gente pede é a compreensão das pessoas. Só faltava agora botar Guarda Municipal atrás de folião. Isso não vai acontecer. A gente tem permitido que a cidade celebre, que seja vivida a vida. A cidade está cheia, as ruas estão cheias, bares e restaurantes lotados. A cidade está aberta, está celebrando. Não vou ficar atrás de folião nem por um decreto”, disse Paes.
Ao visitar os barracões das escolas de samba do Grupo Especial, na Cidade do Samba, na Gamboa, na região central, Paes reconheceu que a logística para a organização dos blocos de rua é muito complexa e mobiliza intensamente os órgãos públicos.
“Os blocos estão pela cidade inteira. Então é Guarda Municipal, é trânsito, é enfim pensar no transtorno que causa para as pessoas, para minimizar o impacto nas ruas da cidade. É uma celebração muito complexa para organizar direito. Preferimos não correr nenhum risco. Adoro carnaval, adoro blocos. Não vai aqui nenhum tipo de tentativa de frustrar ninguém, mas é para a gente manter o bom padrão”, afirmou.
Desliga dos Blocos: ‘povo tem o direito constitucional de se reunir’
Embora os blocos tradicionais, que normalmente arrastam dezenas de milhares de foliões, já tenham dito à prefeitura que não vão desfilar este ano, os blocos menores, organizados por amigos ou moradores dos bairros, possivelmente vão sair às ruas, a exemplo do que ocorreu no feriado de carnaval. A Desliga dos Blocos, associação que promove o Carnaval de Rua, diz que cada agremiação decidirá se vai ou não para as ruas de forma independente.
“A Desliga entende que o povo tem o direito constitucional de se reunir em praça pública e expressar a sua cultura independe de licença ou censura. O que impediu os blocos do carnaval livre de irem às ruas nos dois últimos anos não foi a proibição da prefeitura, mas a consciência que essas aglomerações não eram apropriadas em função da pandemia. Assim sendo, independentemente da prefeitura “permitir” ou não, a decisão de ir às ruas será tomada por cada coletivo provavelmente próximo à data e após a análise da oportunidade de fazê-lo”, informou.
Já a Sebastiana, a Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro do Rio, que representa 11 dos maiores e melhores blocos da cidade, anunciou ainda no início de março a decisão de não aproveitar o Carnaval fora de época porque o Rio não teria estrutura para receber todos os 600 blocos oficiais durante os quatro dias do feriado de Tiradentes.
Segundo Rita Fernandes, presidente da Sebastiana, em condições normais, esses blocos são distribuídos por 45 ou até 60 dias começando pelo Imprensa que eu Gamo – bloco de jornalistas que desfilava duas semanas antes da abertura oficial do Carnaval. A proibição dos desfiles dos blocos pela prefeitura e o desastre em Petrópolis, que aconteceu próximo aos dias do feriado oficial, também desanimaram os organizadores.
Entre janeiro e fevereiro de 2020, o Carnaval de Rua do Rio de Janeiro reuniu quase 6,4 milhões de pessoas. Somente na terça-feira de carnaval, foram 57 blocos desfilando, que reuniram 1,7 milhão de pessoas. Um deles, o Fervo da Lud, criado em 2017 pela cantora Ludmilla, arrastou 1 milhão de foliões no centro, desbancando o tradicional Bloco da Bola Preta, que reuniu no sábado (22) 630 mil foliões.
Chave da cidade é entregue dia 20 ao Rei Momo
O prefeito disse que na quarta-feira (20) fará a entrega oficial da chave da cidade para o Rei Momo Wilson Dias da Costa Neto, um locutor de 35 anos que torce pela escola de samba Unidos de Vila Isabel e pelo Vasco da Gama. Ele já foi o monarca do Carnaval carioca em 2014, 2015, 2016 e 2019. Junto com ele, reinará na cidade a também vascaína Thaiana Rodrigues Pinheiro, de 29 anos, que é artista e dançarina.
O Rei Momo e a Rainha do Carnaval foram eleitos por votação popular e coroados no início de abril, na Cidade do Samba. Luara Neto Lino e Deisiane Conceição de Jesus foram coroadas primeira e segunda princesas e Alex de Oliveira Silva, o Vice-Rei. No ano passado, devido ao cancelamento do carnaval por causa da pandemia de covid-19, não ocorreu a solenidade em que o prefeito entrega simbolicamente o comando da cidade à Corte Carnavalesca.
Carnaval de graça só na Intendente Magalhães
Os desfiles oficiais na Marquês de Sapucaí começam na quarta-feira (20) e quinta-feira (21), com a Série Ouro, antigo Grupo de Acesso, e prosseguem sexta-feira (22) e sábado (23), com as escolas do Grupo Especial, fechando no domingo (24), com o desfile das crianças.
Além da Marquês da Sapucaí, haverá desfiles na Avenida Intendente Magalhães, em Madureira, que começam na quarta-feira (20), com a Federação dos Blocos, prosseguem na quinta-feira (21), com o Grupo de Avaliação, e com a Série Bronze na sexta-feira (22). Na semana seguinte, será a vez da Série Prata, na sexta-feira (29) e sábado (30). No domingo, dia 1º de maio, será a vez dos Grupos B e C. Os desfiles da Intendente Magalhães são gratuitos.
“Vai ser uma festa linda. O carnaval sofreu muito. Muito bom a gente poder ver o carnaval carioca dessa vez voltando firme a partir de quarta-feira. O Sambódromo está seguro e lindo. Foram feitas todas as obras de adaptações de exigências dos bombeiros com investimentos de quase R$ 12 milhões”, garantiu o prefeito.
Com Agências