SUS oferece tratamento gratuito para a segunda principal causa de cegueira do mundo depois da catarata. Especialistas explicam
Provocado pela elevação da pressão ocular, o glaucoma é uma doença que não tem cura e quando não é tratada pode trazer graves complicações. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), esta é a segunda maior causa de cegueira irreversível no mundo, ficando atrás apenas da catarata.
No Brasil, estima-se que cerca de 900 mil pessoas convivam com o glaucoma. A prevalência da doença é de aproximadamente 3,4% entre a população acima de 40 anos, aumentando para até 10% entre os maiores de 80 anos. A OMS projeta que, até 2040, o número de pessoas com glaucoma no mundo ultrapasse 111 milhões.
Seus sintomas podem demorar meses ou até anos para aparecer. A recomendação é procurar um médico oftalmologista ao menos uma vez ao ano para que seja feita uma avaliação completa da visão. Quanto mais cedo for descoberto o glaucoma, maior a chance de tratá-lo.
O Brasil é um dos poucos países do mundo a oferecer tratamento gratuito para o glaucoma, incluindo consultas, exames e medicamentos. De acordo com o Ministério da Saúde, o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) pode ser feito com colírios, cirurgias ou uso do laser.
Os exames para o diagnóstico, oferecidos pelo SUS e estabelecidos pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), avaliam a estrutura dos olhos, o campo de visão e o nível de pressão ocular. Em 2021, foram realizados mais de 2,3 milhões de atendimentos ambulatoriais relacionados à doença.
Atualmente, existem 441 estabelecimentos de saúde habilitados para assistência ao glaucoma no país. Um deles é o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Rio de Janeiro, vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
O setor de glaucoma funciona dentro do Serviço de Oftalmologia da instituição. Ele é aberto aos usuários do SUS que já são pacientes do hospital ou que são encaminhados via fila do Sistema de Regulação (Sisreg).
Não tem cura, mas tem tratamento
O médico Bruno Espocartte, especialista em glaucoma do HUCFF, explica que o glaucoma é uma doença na estrutura chamada nervo ótico, que leva a informação que o olho capta do ambiente para o cérebro, onde essa imagem é processada.
De acordo com o médico, na maioria dos pacientes com glaucoma, a causa está relacionada ao aumento da pressão intraocular. Essa pressão vai surgir pelo desequilíbrio entre a produção e a drenagem do líquido que preenche o globo ocular.
Hoje, a gente ainda não tem nenhuma possibilidade de conseguir curar o glaucoma, em especial porque é uma doença do nervo ótico e não existe nenhuma tecnologia que consiga reverter o dano a essas células neurais. Mas existe uma série de perspectivas, vários dispositivos, várias cirurgias sendo aprimoradas para a gente tentar controlar melhor a doença”, informa o especialista.
Ele ressalta que, apesar de não ter cura, o glaucoma é uma doença que tem tratamento. Quanto mais cedo for diagnosticada, menos danos ao nervo ótico esse paciente vai apresentar e, consequentemente, menor impacto na qualidade de vida ele vai ter.
Existem diferentes tipos de tratamento do glaucoma. A gente pode tratar com laser, ou com uma série de colírios. E esses colírios podem ser combinados, numa combinação de mais de um tipo de mecanismo de drogas. E a gente pode também tratar o glaucoma com cirurgias”, informa o médico.
Dia Nacional de Combate ao Glaucoma: mais prevenção e diagnóstico precoce
Campanha destaca a relevância do rastreamento clínico e da adesão ao tratamento em pacientes com fatores de risco
Para marcar o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma (26 de maio), o Congresso Nacional será iluminado de verde na noite desta segunda e terça-feira (dias 26 e 27) em apoio à campanha 24 Horas pelo Glaucoma. A campanha destaca a relevância do rastreamento clínico e da adesão ao tratamento em pacientes com fatores de risco.
A data vai além do calendário para se tornar um alerta de saúde pública. Por ser uma doença silenciosa, costuma ser diagnosticado apenas em estágios avançados, quando os danos à visão já são significativos e muitas vezes irreparáveis. O objetivo da campanha é conscientizar a população sobre os riscos da doença e reforçar a importância do acompanhamento oftalmológico regular.
Segundo Arlindo José Freire Portes (foto abaixo), oftalmologista e docente do Instituto de Educação Médica (Idomed), além da vigilância clínica, o combate ao glaucoma também depende de informação de qualidade e políticas públicas eficazes.
A ampliação do acesso a exames oftalmológicos, especialmente em populações mais vulneráveis e o fortalecimento de campanhas de conscientização são passos decisivos para reduzir o número de casos avançados”, afirma.
Outro ponto essencial é o fator hereditário: quem tem histórico familiar de glaucoma deve redobrar os cuidados e iniciar o acompanhamento oftalmológico ainda mais cedo, mesmo na ausência de qualquer incômodo visual.
Caracterizado pelo aumento da pressão intraocular, o glaucoma danifica progressivamente o nervo óptico — estrutura responsável por transmitir os estímulos visuais do olho ao cérebro. À medida que essa lesão avança, o campo visual do paciente vai se estreitando de forma imperceptível, até que, nos casos mais graves, ocorre a perda total da visão.
A ausência de sintomas nas fases iniciais dificulta o diagnóstico precoce e, por consequência, o início do tratamento adequado. Por isso, o acompanhamento oftalmológico deve ser constante, principalmente em grupos de risco.
O diagnóstico do glaucoma baseia-se principalmente no exame clínico oftalmológico que inclui o exame de tonometria e fundoscopia. Os exames de retinografia, campimetria visual computadorizada eTomografia de Coerência Óptica (OCT) também podem ser usados para fins diagnósticos e controle do acometimento desta doença.
O glaucoma não espera e a cegueira provocada por ele é irreversível, porém isso pode ser evitado com um simples gesto, ou seja, a consulta oftalmológica regular. Manter um acompanhamento médico, seguir corretamente o tratamento prescrito e estar bem-informado são atitudes que podem fazer toda a diferença. Preservar a visão é ter autonomia, mobilidade, bem-estar e qualidade de vida”, comenta o oftalmologista do Idomed.
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