A morte do cantor britânico Liam Payne, de 31 anos, após cair do terceiro andar de um hotel na Argentina, levantou o debate sobre a saúde mental de celebridades e famosos ao redor do mundo, embora as circunstâncias do falecimento ainda estejam sendo investigadas. Ex-vocalista da banda One Direction e com um patrimônio estimado em quase R$ 400 milhões, Liam já teria revelado intenções suicidas no passado e crises de depressão.

De acordo com pessoas próximas, Liam nunca soube lidar com a fama e com o fim da banda, em 2015, mesmo fazendo enorme sucesso em sua carreira. Em 2019, no seu primeiro álbum solo, as músicas abordavam depressão, sexo e rompimentos amorosos. O ídolo pop também lutava contra o alcoolismo. Ano passado ficou 100 dias internado para superar o vício. No quarto do cantor, havia drogas, bebidas e remédios. Durante um suposto surto, ele teria quebrado a TV e outros objetos.

Na antevéspera de sua morte, a ex-noiva Maya Henry contou em entrevista que vivia um relacionamento abusivo com ele. “Ele ficava sóbrio e era muito gentil. Depois ficava abusivo”, disse Maya.  Ela contou que amigos e o próprio ex-namorado ligaram para tentar convencê-la a não publicar o livro ‘Looking Farward’, em que mistura fatos reais de seu relacionamento com Liam à ficção. “Ele não está bem. Se algo acontecer com ele, não só você vai se culpar, mas o mundo inteiro vai te culpar”, teriam dito a ela.

Neste sábado, fãs de Liam Payne se reuniram no Hyde Park, em Londres, para prestar homenagens ao músico. Eles levaram flores, cartas, fotos, balões e acenderam velas. “Ele morreu porque estava triste e sozinho”, disse uma fã, que participou de uma homenagem ao cantor em Londres.

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Atenção aos sinais de sofrimento mental

Figuras públicas como Liam Payne enfrentaram a pressão da fama, o que agrava problemas emocionais já existentes. O cantor, que revelou no passado sua luta contra pensamentos suicidas, é mais um exemplo de como a fama pode ser um fardo difícil de carregar. A busca por manter uma imagem pública perfeita, combinada com o escrutínio constante da mídia, cria um ambiente emocionalmente desafiador para muitos artistas.

Os desafios enfrentados por figuras públicas muitas vezes espelham as dificuldades vividas por jovens comuns, expostos ao bullying nas redes sociais, à comparação constante com padrões irreais e à pressão por aceitação”. Essa realidade está cada vez mais evidente em estudos e pesquisas sobre a juventude moderna”, diz Rodrigo de Aquino, especialista em felicidade e bem-estar.

A fama, no entanto, não é o único fator que afeta a saúde mental dos jovens. Nos últimos anos, estudos têm revelado uma crescente fragilidade emocional entre os jovens. O Relatório Mundial da Felicidade, publicado pela ONU em 2024, mostra que a geração mais jovem está mais infeliz do que as anteriores, enquanto uma pesquisa da IPSOS deste mês reforça que esses jovens enfrentam um nível de estresse maior do que os mais velhos.

Para o especialista, o episódio destaca a importância de estarmos vigilantes quanto aos sinais de sofrimento emocional, especialmente em uma geração cada vez mais pressionada por fatores sociais e pessoais. Segundo ele, a sociedade tem falhado em criar um ambiente acolhedor para esses jovens, comprometendo seu senso de pertencimento e perspectiva de futuro.

A morte de Liam Payne é um lembrete de que a saúde mental deve ser uma prioridade constante. A luta pela vida e pelo bem-estar emocional dos jovens não pode se limitar a um mês no calendário.

Precisamos de uma sociedade que defenda essa causa todos os dias, pois cuidar da saúde mental é salvar vidas; A causa do Setembro Amarelo precisa ser defendida todos os dias. O Dia da Saúde Mental deve ser uma bandeira erguida durante os 365 dias do ano”, afirma.

Identificando sinais e buscando ajuda

A luta contra pensamentos suicidas é muitas vezes silenciosa, tornando difícil para os jovens e seus familiares identificarem sinais de alerta. Expressões de desesperança, como “não vale mais a pena” ou “ninguém vai sentir minha falta”, são indicativos de que algo não está bem.

Rodrigo alerta sobre a importância da escuta ativa: “Precisamos criar espaços onde os jovens possam se sentir ouvidos, sem julgamentos, e incentivar a busca por ajuda profissional quando necessário”.

Como especialista em bem-estar, Rodrigo de Aquino também reflete sobre a necessidade de criar ambientes mais acolhedores para os jovens. “A sociedade precisa oferecer ferramentas e espaços onde eles possam compartilhar suas vulnerabilidades sem medo de julgamentos. A geração atual foi mais protegida de desafios, mas ao mesmo tempo, privada da oportunidade de desenvolver resiliência emocional”, comenta.

Para enfrentar essa crise, é necessário que tanto o setor público quanto o privado promovam iniciativas que visem o bem-estar emocional dos jovens. Redes de apoio, programas de prevenção e espaços de diálogo são fundamentais para que esses jovens se sintam incluídos e capazes de enfrentar adversidades de forma saudável.

No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional 24 horas por meio do telefone 188 ou do chat online. Além disso, a busca por psicoterapia ou acompanhamento psiquiátrico é fundamental para lidar com problemas de saúde mental antes que se agravem.

Mais sobre o caso

Liam morreu na madrugada do último dia 16 de outubro, chocando o público no mundo inteiro. Ele teve politraumatismo e hemorragia interna e externa ao cair de uma altura de 14 metros do quarto do hotel e morreu na hora.  Segundo o jornal La Nacion, a polícia foi chamada ao local para conter “um homem agressivo” que poderia estar sob “a influência de drogas ou álcool”.

O jornal “Clarín” diz ter tido acesso a fotos do quarto de hospedagem do artista. As imagens mostram restos de papel alumínio, pó branco, um isqueiro, uma TV com visor destruído, velas despedaçadas, uma caixa de sabonete e um cenário de bagunça generalizada.

Liam deixa um filho, Bear, de 7 anos, e uma legião de fãs. O velório será no dia 27 de outubro, em Londres. 

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