O uso indiscriminado de tadalafila – medicamento para disfunção erétil que vem sendo usado inclusive por homens jovens para aumentar a performance nas academias – está com os dias contados. Uma nova resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicada nesta quarta-feira (14) no Diário Oficial da União, proíbe a comercialização, a distribuição, a fabricação, a manipulação, a propaganda e o uso de todos os lotes do medicamento Metbala, à base de tadalafila, da empresa FB Manipulação Ltda.
Em nota, a agência reguladora informou que a medida foi adotada porque o produto em questão, uma bala do tipo gummy, não tem qualquer tipo de regularização junto à Anvisa. “Além disso, a empresa identificada não tem autorização da Anvisa para fabricar medicamentos”, completou o comunicado.
A proibição, segundo a agência, também se aplica a qualquer pessoa, física ou jurídica, ou veículos de comunicação que comercializem ou divulguem o produto. De acordo com a legislação, medicamentos só podem ser comercializados por farmácias e drogarias e precisam estar registrados na agência. “O registro é a comprovação de que o produto possui eficácia, segurança e qualidade”, destacou a Anvisa.
No comunicado, a agência reforçou que a tadalafila, indicada para tratar disfunção erétil, é um medicamento sujeito à prescrição médica e que seu uso depende de avaliação clínica sobre condições específicas do paciente.
Cuidado! A automedicação coloca sua vida em risco. Esses produtos não são inofensivos. Quem faz a propaganda de produtos irregulares também comete infração sanitária e está sujeito a penalidades, incluindo multas”, concluiu a Anvisa.
Confira a publicação da Anvisa aqui.
Leia mais
Disfunção erétil pode ser o primeiro sinal de doença cardiovascular
Masculinidade no divã: a disfunção erétil e o mito da virilidade
Dia do Homem: 4 mitos e verdades sobre disfunção erétil
Uso recorrente de tadalafila apresenta riscos para os mais jovens
Muitos passaram a utilizar a substância em busca de melhores resultados na academia – mas não são isentos de risco
A tadalafila é uma substância usada no tratamento da disfunção erétil, hiperplasia prostática benigna e hipertensão arterial pulmonar. Mas recentemente houve um aumento alarmante no uso dessa medicação entre jovens frequentadores de academias em busca de resultados mais expressivos de performance. A demanda pelo medicamento vem crescendo e junto com ele também os preços, que chegaram a aumentar em 328%, segundo um levantamento da Clique Farma – Afya.
Embora a tadalafila – conhecida comercialmente como Cialis – seja comumente associada ao tratamento de disfunção erétil em homens mais velhos, seu uso entre os mais jovens levanta sérias preocupações sobre potenciais efeitos adversos preocupantes diante do consumo a longo prazo.
De acordo com o farmacêutico Thiago de Melo, pesquisador na área de Ciências Farmacêuticas, professor de pós-graduação nos cursos de Ciências Farmacêuticas e Farmacologia e no curso de graduação de Medicina pela Universidade Vila Velha (UVV), a Tadalafila atua potencializando a ação do óxido nítrico, intensificando a resposta vasodilatadora.
Essa ação fisiológica é, muitas vezes, o que atrai atletas e frequentadores de academias, embora seu efeito principal não seja nos músculos, mas sim nos corpos cavernosos do pênis, por inibir de forma específica uma enzima chamada fosfodiesterase tipo 5”, revela.
Segundo o especialista, “a questão central é se essa vantagem ainda questionável de efeito “pump muscular” vale os riscos associados ao uso prolongado da substância”, declara.
A faixa etária e os riscos desnecessários
O pesquisador acredita ser essencial destacar a diferença entre um idoso que busca melhorar a função endotelial reduzida aos 65 anos, e um jovem de aproximadamente 25 anos que adota a Tadalafila como parte de sua rotina diária.
Enquanto a primeira situação pode envolver questões médicas específicas e pontuais, a segunda levanta sérias preocupações sobre os efeitos a longo prazo e elevadas doses (20 mg), especialmente quando se considera a possibilidade de desenvolvimento de disfunção erétil, seguida, muitas vezes, com necessidades de intervenções cirúrgicas invasivas”, alerta.
Para Thiago, esses possíveis efeitos colaterais não apenas contradizem as expectativas dos usuários, mas também impõe sérios desafios emocionais e psicológicos. “A necessidade de tratamento cirúrgico em casos de disfunção erétil relacionada ao uso de Tadalafila destaca um aspecto comumente negligenciado desses suplementos. Jovens, muitas vezes movidos pela busca incessante por padrões estéticos, podem encontrar-se presos em um ciclo perigoso de dependência e intervenções médicas”, pontua.
Da Agência Brasil, ANS e assessorias