O Dia Mundial de Combate à Meningite, celebrado em 24 de abril, foi criado com o intuito de aumentar a conscientização sobre as medidas de prevenção, e a importância de diagnósticos e tratamentos rápidos para essa doença grave, considerada endêmica no Brasil.
Diante dos milhares de casos registrados todos os anos no país – foram mais de 233 mil entre 2010 e 2024 -, o Ministério da Saúde segue com um plano nacional robusto que prevê, entre outras frentes, a adoção em larga escala de uma nova solução de testagem, fundamental para a redução dos casos fatais.
O teste rápido para meningite (também conhecido como teste PCR multiplex rápido) mostra sua máxima precisão e agilidade, em um cenário que exige tais premissas. Trata-se de um painel de teste sindrômico para meningites e encefalites aprovado há mais de um ano pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A partir de resultados rápidos e precisos, fornecidos em cerca de uma hora, o teste identifica até 15 diferentes agentes como responsáveis pelos quadros da doença – entre fungos, vírus e bactérias, sendo esses dois últimos os mais comuns.
Nos planos de saúde, a atenção ao diagnóstico da doença também é uma preocupação. Em reunião no dia 10 de fevereiro, a Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovou a inclusão ao Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde dos testes PCR multiplex, para detecção de múltiplos agentes bacterianas, virais e fúngicos causadores de meningites e encefalites, com cobertura obrigatória pelos planos de saúde privados.
O novo teste rápido para meningite foi uma indicação da Conitec – Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde – e será um fator decisivo nessa luta do Brasil contra as meningites. Seguindo os prazos e diretrizes adotados pela saúde pública do país, a solução deve estar disponível a toda a população brasileira no Sistema Único de Saúde (SUS) dentro dos próximos meses.
Cada minuto conta para evitar as sequelas da meningite
Quando falamos de meningite, cada minuto conta e é preciso adotar com urgência o tratamento mais indicado para cada caso, seja com a administração de antibióticos ou outros cuidados clínicos”, afirma Allan Munford, gerente regional para Diagnósticos Sindrômicos da Qiagen, multinacional responsável por trazer o teste PCR multiplex rápido ao país.
Apresentando sintomas bastante similares, até então levava cerca de dois ou três dias para saber se o paciente estava infectado por um vírus ou uma bactéria causadora da doença,. Agora, em apenas uma hora este exame dá o resultado.
É uma ferramenta laboratorial que funciona por meio de uma metodologia de PCR em tempo real, que identifica diretamente o DNA ou RNA do agente infeccioso. A testagem é feita com a coleta do líquido cefalorraquidiano em um procedimento de punção na lombar. Após uma etapa de manipulação, a amostra já pode seguir para avaliação”, comenta o executivo da Qiagen.
Segundo ele, a tecnologia está “reconfigurando a tratativa da meningite no país”. “Quando pensamos nos casos de meningite bacteriana, o uso precoce do antibiótico correto pode evitar sequelas e reduzir a ocorrência dos casos fatais”, destaca.
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Meningite está entre doenças mais temidas por brasileiros
Meningites virais e bacterianas apresentam sintomas parecidos, no entanto, a segunda apresenta um potencial de letalidade extremamente maior. Ao observar sintomas como febre alta, dor de cabeça intensa, rigidez na nuca, sensibilidade à luz, náuseas e vômitos, por exemplo, o ideal é procurar atendimento médico urgente.
Embora os brasileiros tenham apontado a Covid-19 como a doença que mais preocupa, a meningite segue no topo de preocupações de pais e mães. Segundo dado de pesquisa realizada pelo Ipec, a pedido da Pfizer, 56% dos responsáveis por crianças e adolescentes temem a doença no Brasil.
Embora a meningite viral também represente riscos à saúde, a forma bacteriana da doença é considerada a mais grave da enfermidade. Segundo o Ministério da Saúde, os sintomas dessa segunda forma podem evoluir de forma rápida, levando a óbito.
Dentre os sintomas mais comuns de doença meningocócica, estão febre (alta e moderada), mal-estar, vômitos, dor forte de cabeça e no pescoço, dificuldade para encostar o queixo no peito e, às vezes, manchas vermelhas espalhadas pelo corpo1.
A transmissão da doença ocorre de forma semelhante à de outras doenças causadas por vírus e bactérias, sendo por meio de gotículas e secreções de vias respiratórias, ingestão de água e de alimentos contaminados.
Vacinação disponÍvel no SUS
Ao passo em que o temor se mostra elevado, o levantamento indicou que quase metade dos participantes (46%) desconhece que as vacinas possam prevenir formas graves de meningite, doença associada a altas taxas de letalidade.
Autoridades de saúde internacionais e nacionais preconizam que a a melhor forma de impedir formas graves da doença meningocócica, seja viral ou bacteriana, é a vacinação. No SUS, a população pode encontrar imunizantes contra o sorotipo C (dado aos 3 e 5 meses, com um reforço aos 12 meses) e sorotipos A, C, W e Y para adolescentes de 11 a 14 anos. Além dessas, a rede privada conta também com a vacina meningocócica ACWY e meningocócica B para as demais faixas etárias.
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Com Assessorias