Médico de Família: muito além das quatro paredes do consultório

Cuidado integral oferecido por profissionais ultrapassa os muros das unidades de Atenção Primária no Rio vai até comunidades cariocas

Bárbara Batista, médica de família que atende em unidade de saúde do Rio (Fotos: Edu Kapps / SMS-Rio)
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Neste 19 de maio é celebrado o Dia Mundial do Médico de Família e Comunidade, um profissional cuja função vai muito além do atendimento por trás das quatro paredes de um consultório. Profissionais dessa especialidade, que atuam na rede de atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS), geralmente exercem um trabalho que ultrapassa os muros das unidades.

É o que acontece com os profissionais que atendem nas clínicas da família e centros municipais de saúde da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-Rio). Eles atuam não só na saúde, mas no cuidado integral com a população. “O combate à violência estrutural dentro do território e o atendimento à população de rua fazem parte do exercício dessa profissão e do compromisso deles com a comunidade”, informa a pasta.

Consultório na Rua: o cuidado com pessoas em situação de rua

O cuidado integral do indivíduo se estende também à população em situação de rua. A SMS mantém o programa Consultório na Rua, que é uma extensão do consultório da unidade para atender às pessoas em situação mais vulnerável.

A médica Bárbara Batista (foto) integrou a equipe de Consultório na Rua por dois anos, logo após a sua residência. Foi onde pôde sair da sua zona de conforto, se adequando àquela realidade. Para a profissional, trabalhar para o SUS é uma escolha diária.

Ainda na faculdade, Bárbara começou a entender a importância do SUS para a população. Atualmente, ela atende na Clínica da Família Marcos Valadão, em Acari, e apesar da rotina intensa, se sente muito feliz e grata na profissão.

“Minha principal missão é proporcionar um atendimento de qualidade para a população vulnerável e, assim, fazer parte da luta contínua contra desigualdades e de encontro com a equidade. Quando fiz a escolha pela medicina de família e comunidade, fiz muitas outras escolhas junto com ela. A de melhorar sempre minhas habilidades de comunicação, de ser empática e criar vínculos. Sou muito feliz nessa profissão, me fornece um leque enorme de opções de trabalho”, diz a Bárbara.

Luta contra as desigualdades sociais

A  decisão pela Medicina veio por influência de um amigo, que sonhava em viajar para atender em aldeias indígenas. Hoje, o médico Laio Victor (foto) atua há dez meses na equipe da Clínica da Família Anthidio Dias, no Jacarezinho. Ele conta que, apesar dos desafios, atuar no Consultório na Rua é o trabalho que mais se orgulha até hoje e carrega a missão de garantir acesso à saúde com qualidade e com o máximo de equidade..

“A maioria das pessoas em situação de rua nunca teve um contato com um serviço de saúde. Na rua precisamos ser muito pró-ativos, nos apresentarmos de forma clara e explicar que estamos ali para ajudar. É importante informar àquelas pessoas que temos vacinas, testes rápidos para ISTs, que podemos ajudar com ferimentos, dores, sintomas de abstinência de drogas, sofrimento mental e falta de medicamentos”, explica Laio.

Combate à violência estrutural em comunidade

Helena Ferraz (foto) atua há 10 anos como médica de família do Centro Municipal de Saúde Heitor Beltrão, na Tijuca. Na infância queria ser engenheira química e, ao decidir pela medicina, durante o ensino médio, tinha o desejo de ser intensivista. Mas foi o internato em Medicina de Família e Comunidade, em Manguinhos, que a fez descobrir o sentido da profissão.

Para ela, somente atuando na saúde pública é possível pensar no cuidado integral de cada indivíduo, dentro de seu contexto familiar e social. O acesso a toda a comunidade, escolas e redes de apoio, segundo ela, permite que o médico atue em todo o processo de saúde e adoecimento da pessoa. Atualmente a médica exerce um trabalho de combate à violência estrutural, principalmente dentro da comunidade do Salgueiro, e defende que os benefícios sociais são direitos de toda a população.

“A doença não surge no corpo do indivíduo, ela é desenvolvida a partir da relação dele com os outros e com o ambiente. A minha principal missão como médica de família é o cuidado integral de cada pessoa. Todos os dias tentamos enfrentar um pouco a violência estrutural que nossos pacientes mais vulneráveis sofrem. Mostrar às pessoas que elas têm direitos e que devem ser garantidos. Esclarecer que ter acesso à saúde, à educação, ao saneamento básico, à moradia digna e fora de risco são direitos humanos básicos de cada cidadão”, relata Helena.

Saúde da Família: 42% da população carioca não são cobertas por equipes

Questionada pelo Portal ViDA & Ação, a SMS ficou de fazer um levantamento do número de médicos de família que atuam hoje na rede de atenção primária do Rio. Mas antecipou que estes profissionais integram as equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), que são multiprofissionais.

Atualmente, a cobertura da ESF na cidade do Rio de Janeiro é de 58%, o que pode revelar a necessidade de expansão dessas equipes para melhor atender a população que depende dos serviços do SUS, diante da extrema vulnerabilidade social de muitos territórios no município.

Fonte: SMS-Rio, com Redação

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