Com a chegada do inverno, os casos de bronquiolite em crianças têm aumentado significativamente, acendendo um alerta entre pais e profissionais de saúde. A doença consiste na inflamação aguda dos bronquíolos, estruturas que atuam como pequenas passagens de ar nos pulmões, geralmente após contato com algum vírus.

A doença é mais comum em bebês e crianças menores de dois anos, sendo causada principalmente pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR), responsável pela maioria dos casos de bronquiolite (75%) e quase metade das pneumonias (40%) nessa faixa etária, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Durante o inverno, as baixas temperaturas levam as pessoas a passarem mais tempo em ambientes fechados e pouco ventilados, facilitando a propagação de vírus respiratórios, como VSR. Além disso, o ar seco característico dessa estação pode irritar as vias respiratórias, tornando-as mais suscetíveis a infecções”, explica Fabíola La Torre, coordenadora médica da Linha Pediátrica do Hospital São Luiz Osasco, da Rede D’Or.

Os sintomas da bronquiolite podem se assemelhar aos de um resfriado comum no início, mas é crucial que os pais fiquem atentos a sinais de agravamento. Dificuldade para respirar, respiração rápida, chiado no peito e coloração azulada dos lábios ou das unhas são sinais de alerta que requerem atenção médica imediata.

De forma geral, o curso da doença dura entre 5 e 10 dias nos casos mais simples, e entre 2 e 3 semanas nos mais graves, persistindo principalmente com quadro de tosse.

A bronquiolite pode evoluir rapidamente de uma condição leve para uma situação grave, especialmente em bebês”, alerta a pediatra. “Por isso, os pais devem estar atentos e procurar ajuda médica assim que perceberem qualquer sinal de dificuldade respiratória”, orienta a médica do São Luiz Osasco.

Na unidade, localizada na região metropolitana de São Paulo, atualmente quase 25% dos casos de internação na UTI pediátrica estão relacionados com a doença.b Alguns fatores de risco podem contribuir para o agravamentos dos quadros, como idade (menores de três meses de vida), prematuridade, doenças pulmonares ou cardíacas preexistentes, além de outras condições crônicas, malformações e doenças neurológicas e com imunossupressão.

Prevenção e tratamento

A prevenção é essencial e inclui medidas simples, como lavar as mãos com frequência, evitar contato com pessoas doentes e manter os ambientes bem ventilados. Para crianças menores de seis meses, a amamentação é uma importante fonte de proteção imunológica.

Em caso de suspeita de bronquiolite, é fundamental buscar avaliação médica. O tratamento pode variar desde cuidados simples em casa, como manter a hidratação e aliviar os sintomas, até internação hospitalar nos casos mais graves.

“A nebulização com soro fisiológico e a lavagem nasal são práticas que podem ajudar a aliviar a respiração da criança. É importante tratar os sintomas e monitorar a evolução do quadro”, destaca Dra. Fabíola. O uso de medicamentos como broncodilatadores, corticoides e antivirais deve ser realizado apenas com orientação profissional.

A intervenção precoce pode fazer toda a diferença na recuperação da criança, além de evitar a evolução para casos mais graves. Fique atento!”, finaliza a coordenadora do São Luiz Osasco.

Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é responsável por 60% de casos em crianças

Foto: Divulgação

O vírus sincicial respiratório (VSR) é um dos principais agentes de uma infecção aguda nas vias respiratórias, que pode afetar os brônquios e os pulmões. Ele é responsável pelo aparecimento de bronquiolite aguda e pneumonia, especialmente em bebês prematuros. Segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz – 2024), o VSR é o responsável por quase 60% do total de casos recentes entre crianças nos últimos meses. A pesquisa preocupa especialistas em saúde que, observaram, um crescimento acelerado de mortalidade infantil por síndrome aguda grave entre crianças de até dois anos em 2024.

Semelhante ao resfriado, o VSR apresenta sintomas como espirros, congestão nasal, coriza, tosse, febre e mal-estar, que se inicia, de quatro a seis dias após serem infectadas. Porém alguns casos mais graves podem evoluir, por exemplo, para uma pneumonia. O coordenador do curso de Biomedicina do Centro Universitário Anhanguera, Bruno Henrique Mendonça, destaca alguns pontos sobre a doença. “O VSR é transmitido facilmente por contato, seja de pessoas ou de superfícies contaminadas. Vale ressaltar, que os bebês, por terem um sistema imunológico mais frágil, podem disseminar o vírus por mais tempo do que os adultos”, explica.

Prevenir é possível

Atualmente, ainda não existe uma vacina capaz de combater o VSR, mas o Sistema Único de Saúde (SUS), disponibiliza, gratuitamente, um medicamento eficaz na prevenção de formas graves da doença, através do uso de anticorpos monoclonais indicados para bebês e crianças com algumas condições de saúde e que são do grupo de risco.

Mas, para além da prevenção da vacinação, algumas outras medidas podem ajudar no combate ao contágio e transmissão, como lavar as mãos frequentemente; evitar tocar no rosto, nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas; cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar; evitar contato próximo com pessoas doentes; limpar e desinfetar superfícies que são tocadas com frequências; e evitar sair de casa quando estiver doente.

Para Bruno é necessário também ficar atento aos idosos, que também são do grupo de risco da doença. “É importante ressaltar o cuidado com os idosos também. Eles correspondem ao grupo de risco e podem ter sintomas respiratório bem graves. Por isso, o núcleo familiar deve ficar atento e buscar auxílio médico quando o problema persistir por mais de uma semana”, conclui.

 

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